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Para o vigário apostólico,  a arma mais eficaz, que porém não destrói, é a oração. "É tempo de muçulmanos, cristãos e outros, orarem para que sejam abertos caminhos de paz e justiça" Para o vigário apostólico, a arma mais eficaz, que porém não destrói, é a oração. "É tempo de muçulmanos, cristãos e outros, orarem para que sejam abertos caminhos de paz e justiça" 

Dom Hinder sobre conflito no Iêmen: oração é a arma mais eficaz

O vigário apostólico no sul da Arábia acompanha de Abu Dhabi o desdobramento dos acontecimentos no Iêmen, país martirizado por uma guerra financiada por potências estrangeiras pelo controle da região. Ele defende que um Estado confederado seria uma solução "válida", caso as partes "fossem capazes de elaborar uma Constituição equilibrada e justa, respeitando as expectativas legítimas dos tribais e dos atores regionais".

A situação no Iêmen "permanece confusa e pouco transparente", pois recentemente abriu-se outra frente de batalha entre pró-sauditas e separatistas apoiados pelos Emirados, ambos lutando contra os rebeldes Houhi próximos a Teerã.

Foi o declarou à Asia News o vigário apostólico do sul da Arábia (Emirados Árabes Unidos, Omã e Iêmen), Dom Paul Hinder, que de Abu Dhabi acompanha de perto os acontecimentos no Iêmen, graças também às fontes no país, à espera de poder retornar após anos de ausência.

Já a região de Sana'a - acrescenta o prelado – “por enquanto parece relativamente tranquila. As batalhas recomeçaram no sul", especialmente em Aden.

Interesses divergentes

 

Em nível oficial, sublinha o vigário apostólico, todos os protagonistas externos "declaram querer manter a unidade". Na realidade, mesmo "a aliança sob a liderança da Arábia Saudita não é mais coesa e mostra divisões, devido a interesses divergentes".

O presidente Abd Rabbih Manṣūr Hadi, representante do governo reconhecido internacionalmente, "não desfruta de grande apoio". Ao mesmo tempo Aden, que no passado já foi a capital, "tenta novamente se tornar independente".

57 mil mortos

 

A guerra no Iêmen que começou em 2014 como um conflito interno entre forças governamentais pró-saudita e rebeldes xiitas Houthi próximos ao Irã, acabou degenerando em março de 2015 com a intervenção da coalizão árabe liderada por Riad, registrando mais de 10 mil mortos e 55 mil feridos.

Segundo organismos independentes, os mortos entre janeiro de 2016 e final de julho de 2018, seriam de ao menos 57 mil.

Para a ONU, o conflito desencadeou "a pior crise humanitária do mundo". Cerca de 24 milhões de iemenitas (80% da população) tem necessidade urgente de assistência humanitária e a “emergência cólera” ainda preocupa.

As crianças-soldados seriam cerca de 2500 e metade das meninas casam-se antes dos 15 anos.

Criança iemenita carrega caixa com alimentos na periferia de Sana'a
Criança iemenita carrega caixa com alimentos na periferia de Sana'a

Novas divisões na coalizão anti-Houthi agravam situação

 

Para complicar a situação, surgiram novas divisões na coalizão anti-houthi. Nas últimas semanas, o confronto ultrapassou as fronteiras de Aden, chegando a Taiz, no centro do país.

Há dias são travados combates ao longo da estrada que Aden liga Aden a Taiz entre separatistas do sul e grupos salafistas financiados por Abu Dhabi, e forças governamentais ligadas ao partido al-Islah do presidente Hadi, sob a guia de Riad.

No fim de semana, diplomatas sauditas e dos Emirados Árabes Unidos tentaramnegociar um cessar-fogo entre aliados nas Províncias disputadas de Abyan e Shabwa.

Estado confederado seria uma solução "válida"

 

Para o vigário da Arábia, as potências internacionais estão promovendo uma política "que levará à divisão em duas ou três partes", porque todos "têm medo de um Iêmen centralizado", exceto aqueles que "terão o verdadeiro poder".

Nesse contexto, um Estado confederado seria uma solução "válida" se as partes "fossem capazes de elaborar uma Constituição equilibrada e justa, respeitando as expectativas legítimas dos tribais e dos atores regionais". Mas para chegar a este objetivo – adverte Dom Hinder – é necessária "a capacidade de aceitar compromissos razoáveis".

Destruição da infraestrutura do país facilitou disseminação de doenças
Destruição da infraestrutura do país facilitou disseminação de doenças

O silêncio da comunidade internacional

 

Eventuais acordos seriam possíveis "somente se existisse um mínimo de confiança", no qual "também as potências externas" ajudariam a pacificar o país, "em vez de desestabilizá-lo".

As esperanças de que em breve se chegue a uma trégua são poucas, porque muitos aspectos que envolvem o conflito "estão fora de controle". Quem sofre "é a população civil que luta contra a violência, doenças e fome", enquanto a comunidade internacional "não sabe como reagir. E cala!" Mas esse silêncio, "poderia revelar-se fatal".

Oração, a arma mais eficaz

 

A última reflexão do prelado é sobre a arma mais eficaz, que porém, “não destrói: a oração. É tempo de muçulmanos, cristãos e outros, orarem para que sejam abertos caminhos de paz e justiça".

(Com informações da Asia News)

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28 agosto 2019, 10:23