Vice-presidente Mourão concede entrevista exclusiva à Rádio Vaticano
Silvonei José - Cidade do Vaticano
Momentos antes do início da celebração na Praça São Pedro o vice-presidente, chefe da Delegação Oficial do governo do Brasil nesta ocasião, se encontrou com o Papa Francisco dentro da Basílica vaticana. “Um encontro muito cordial”, disse à Rádio Vaticano, VaticanNews, o vice-presidente Mourão.
Após a Santa Missa o chefe da Delegação brasileira concedeu uma entrevista exclusiva ao jornalista da Rádio Vaticano – VaticanNews, Silvonei José.
O vice-presidente Hamilton Mourão falando sobre a canonização da Irmã Dulce, Santa Irmã Dulce dos pobres, disse que “esse nome é mais do que conveniente por todo o trabalho extraordinário que essa mulher fez; 37º brasileiro a ser canonizado. É uma mostra da força do catolicismo, da Igreja Católica no Brasil. E o Brasil que eu vim representar, - continuou – eu que fui companheiro do presidente Bolsonaro nas eleições do ano passado, na qual 57 milhões de brasileiros nos elegeram, é o Brasil que busca a sua inserção soberana no concerto das nações, dentro daqueles princípios da paz, da busca do entendimento, do diálogo, da defesa dos interesses, da cooperação, do benefício mútuo com todos os países: o Brasil é um país pacífico. É esse Brasil que eu vim representar aqui. Na minha visão eu estou aqui, sendo mais um daqueles milhões de católicos que compõem a nossa população”.
Foram mais de 10 mil brasileiros presentes na Praça São Pedro, um número muito expressivo – disse o vice-presidente – acrescentando que o prefeito de Salvador, ACM Neto, disse que muita gente veio de Salvador e que ele mesmo encontrou em alguns pontos de Roma muitos brasileiros, que conversou com eles; “muita gente vindo do Nordeste, berço da formação da nossa nacionalidade, e onde há uma religiosidade muito grande”.
Falando em seguida sobre a Obra de Irmã Dulce o vice-presidente Mourão disse que a mesma expressa algo que considera um dos pilares da civilização moderna, que é a sociedade civil. “A Irmã Dulce - disse -, com o seu trabalho representa um segmento da sociedade civil brasileira, um segmento forte, dedicado ao auxílio das pessoas mais necessitadas. Um trabalho que ela começou de forma empírica, vencendo obstáculos o tempo todo. E hoje compete àqueles que receberam o legado prosseguirem com este trabalho”. É óbvio – afirmou o vice-presidente - que os governos não só do município de Salvador como também do Estado da Bahia e do Governo Federal devem propiciar os recursos necessários para que essa Obra continue.
Falando sobre o encontro com o Santo Padre momentos antes da celebração Eucarística e da canonização da Irmã Dulce o vice-presidente disse que Francisco “é uma figura muito simpática” e que lhe fez uma pergunta muito difícil de responder: “quem era melhor Pelé ou Maradona”. A resposta foi diplomática, “os dois”. Foi um encontro muito interessante, continuou, acrescentando que a ligação do Brasil com a Santa Sé tem mais ou menos 190 anos, porque a Santa Sé foi um dos primeiros a reconhecer a nossa independência. “Dom Pedro I já no século XIX, entre 1825 e 1826, mandou um representante para Roma, e esse ano estamos completando 100 anos que a nossa Representação aqui na Santa Sé foi elevada à categoria de embaixada. Então, é uma relação profícua, baseada nos princípios humanistas que regem a Igreja Católica e regem o nosso país”.
Outra questão é a realização do Sínodo dos Bispos para a região Pan-Amazônica, no Vaticano. Um evento eclesial muito importante para a Igreja no Brasil e no mundo. Falando sobre esse tema o vice-presidente Mourão destacou o caminho conjunto com a Igreja Católica. “Existe um histórico de trabalho conjunto”, afirmou, entre a Igreja Católica e as organizações do governo na área da Amazônia, na Amazônia Legal que compreende mais da metade do território brasileiro, em torno de 54%. “O bioma amazônico específico são 2,6 milhões de quilômetros quadrados, que seriam mais de 15 países da Europa. É uma região com características muito especiais, uma região de difícil acesso, um ambiente que não é fácil viver lá dentro, por causa da selva, da umidade. O transporte se dá maciçamente por meio hidroviário, e a Igreja Católica teve uma penetração que chegou até às pontas das nossas fronteiras, lado a lado com os primeiros desbravadores portugueses e posteriormente com demais entidades do Estado. Eu destacaria, - continuou -, onde eu passei boa parte da minha vida, que foi o exército, e o exército está presente na Amazônia, em todas as regiões. Eu tive a oportunidade de viver em São Gabriel da Cachoeira, que é considerado o município mais indígena do Brasil. Lá tínhamos o bispo da Igreja Católica, na época era um bispo de origem chines, Dom Song, e eu admirava muito o seu trabalho, porque ele pegava uma embarcação pequena, uma voadeira e ia por aqueles rios afora na busca da evangelização e do contato com as diferentes comunidades. Então, Igreja e governo, dentro da região amazônica têm interesses comuns e ligados especialmente ao desenvolvimento sustentável, ao apoio espiritual àquela população. Não podemos esquecer jamais que eles têm um método de vida e que nós temos que dar assistência técnica, capacitá-los para que vivam de forma coerente e de acordo com aquele meio ambiente.
O vice-presidente disse que atual governo tem muito claro que é responsabilidade do Brasil preservar e proteger a Amazônia e o Brasil não pode abrir mão disso. “Sabemos dos problemas que ocorrem – disse -, problemas muitas vezes ligados às ilegalidades que são cometidas, e então os três entes governamentais, governos federal, estadual e municipal, devem ter um trabalho conjunto com a participação de forma pró-ativa, no sentido de que eventuais ilegalidades sejam combatidas.
Ainda falando sobre o Dia de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, celebrado neste sábado, o vice-presidente Mourão afirmou que “todos nós que professamos a fé Católica – mas outras religiões também, que acreditam na existência de um ser maior, de um grande arquiteto que controla esse universo - todos nós sentimos nos dias que referenciamos alguns dos nossos santos, e no caso específico 12 de outubro, Dia de Nossa Senhora Aparecida, que é um momento de reflexão, um momento da gente buscar o nosso interior, e também de mostrar a nossa determinação para superar os obstáculos que ainda existem no nosso país, na busca de vencer as desigualdades”.
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