Unicef na Síria Unicef na Síria 

UNICEF. Crianças sofrem por causa das guerras dos adultos

O relatório do UNICEF sobre as emergências da infância no mundo, nunca foi tão ameaçador pelas guerras, calamidades, pobreza extrema. Entrevista com o diretor-geral do UNICEF Itália, Paolo Rozera

Cidade do Vaticano

A situação é assustadora: em 2020, 59 milhões de crianças precisarão de ajuda para sobreviver em 64 países do mundo. Esta realidade está presente no relatório do UNICEF que lança um apelo para recolher 4,2 bilhões de dólares para enfrentar as emergências já configuradas para o ano de 2020. As causas principais continuam sendo as guerras, além da fome, doenças infecciosas, eventos metereológicos extremos causados pelas mudanças climáticas. Explica-nos o diretor-geral do UNICEF da Itália, Paolo Rozera.

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O que está acontecendo no mundo se muitos países não conseguem proteger suas próprias crianças?

Rozera: Está acontecendo que os adultos, de modo particular , continuam fazendo guerras e criando situações de risco para crianças. Comprovando isso os países que mais precisam de ajuda são os que estão em conflito como por exemplo a Síria, Iêmen, Sudão do Sul e também os que têm conflitos locais como a República Democrática do Congo.

Com relação a este ano, quanto o UNICEF precisará para agir, recordemos que recebe financiamentos das Nações Unidas, de fundos dos Estados mas também de privados?

Rozera: Sim, recebemos muito de privados, e gostaria de sublinhar que são fundos voluntários, assim como o dos Estados. Para 2020 fizemos um pedido 3,5 vezes maior do que em 2010. Portanto passaram 10 anos mas na realidade os problemas parecem aumentar, não conseguimos suprir as necessidades de todas as crianças do mundo. Falamos de desnutrição aguda, de doenças tipo sarampo que consideramos derrotadas, mas que em situações de dificuldades reaparecem, por falta de água potável e apoio psicossocial para a saúde mental. São consequências de ações causadas pelos adultos.

Se é necessário tanto dinheiro para enfrentar as emergências, não seria melhor investir em intervenções para a prevenção das crises em todo o mundo?

Rozera: O UNICEF também faz projetos estratégicos para evitar que sejam criadas certas situações. O problema é quando acontecem fatos inesperados como as guerras que fazem voltar atrás no tempo, perdendo tudo o que foi construído nos países particularmente difíceis. Dou como exemplo a crise na Venezuela que envolve quase 2 milhões de crianças em toda a área e que compreende os países vizinhos. Estas crianças precisarão de assistência em 2020.

Referia-me a intervenções da comunidade internacional para prevenir as crises políticas que acabam em conflitos ou pobreza extrema.

Rozera: Esta ação é fundamental. O UNICEF como agência das Nações Unidas está presente em todos os fóruns nacionais. Infelizmente nem sempre o interesse do menor, da criança prevalece sobre os interesses de parte, seja político que econômico, que no fim levarão aos conflitos armados.

Podemos dizer que a condição da infância é o reflexo de como está andando o mundo?

Rozera: Sim, o grande Nelson Mandela dizia que a cultura de um país se mede pelo modo como tratam suas próprias crianças, e isso nos deve fazer refletir sobre como estão sendo tratadas hoje no mundo.

 

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05 dezembro 2019, 12:50