Dom Giovanni d'Aniello Dom Giovanni d'Aniello 

Deus abençoe o núncio apostólico dom Giovanni D’Anielo

Dom Giovanni começou a prestar serviço diplomático no dia 1º de junho de 1983, atuando no Burundi, Tailândia, Líbano, Brasil e no Setor para as Relações com os Estados da Secretaria de Estado, no Vaticano. Porém, o Papa Francisco nomeou, no dia 1º junho, Dom Giovanni d’Aniello, atual núncio apostólico no Brasil, para exercer o mesmo ofício na Federação Russa.

Monsenhor André Sampaio de Oliveira

A diplomacia pontifícia é a mais antiga diplomacia. Segundo Lebec, “foi ela que inspirou o essencial do Direito Público internacional moderno, no Congresso de Viena” (LEBEC, 1999, p. 11). Por isso, às vezes ela ganha o título de primeira diplomacia do mundo. Conta-se que, uma vez, um embaixador da América do Sul, junto à Santa Sé, disse ao Cardeal Domenico Tardini, na época secretário de Estado do Papa João XXIII: “Estou orgulhoso de servir a primeira diplomacia do mundo”. Recebeu como resposta: “Se nós somos a primeira, tenho realmente dó da segunda”. Essa frase é muitas vezes lembrada para sublinhar o realismo dos integrantes da diplomacia pontifícia que sabem que a diplomacia da Santa Sé é bem diferente, quanto aos fins e funções, das diplomacias dos Estados com os quais ela mantém relações diplomáticas. Jean-Louis Tauran, secretário para as Relações de Estado nos anos 1990, durante o pontificado de São João Paulo II, esclarecia que “um núncio que quisesse desempenhar o papel de diplomata seria logo menosprezado pelos seus confrades. O que se exige antes de tudo de um núncio é que seja padre” (LEBEC, 1999, p. 12).

A diplomacia pontifícia é sem dúvida uma diplomacia sui generis, atípica, justamente porque a Santa Sé é um sujeito internacional diferente dos outros atores internacionais, mesmo possuindo os direitos próprios dos outros estados. Essa sua posição privilegiada no âmbito internacional é justificada pelo fato de ela ser a suprema autoridade da Igreja Católica. A Igreja Católica é a única instituição religiosa no mundo que possui o direito de ter relações diplomáticas com outros Estados. Ela envia seus diplomatas, chamados “núncios apostólicos” e recebe, por sua vez, embaixadores do mundo todo. Quais as razões disso? Segundo o arcebispo Dom Justo Mullor, núncio apostólico que foi presidente da Academia Eclesiástica Pontifícia, o instituto, que há mais de 300 anos prepara os diplomatas do Papa, afirma que para responder a essa pergunta é necessário abordar o assunto da diplomacia da Santa Sé sob dois pontos de vista: um teológico e o outro histórico.

Teologicamente, encontra-se o sentido da diplomacia pontifícia nas palavras de Jesus transcritas no Evangelho de Mateus: “Toda a autoridade sobre o céu e sobre a terra Me foi entregue. Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulas e ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei. E eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mt 28,18-20). O empenho por parte dos discípulos de Jesus em realizar tais palavras resultou na difusão da religião cristã nos cinco continentes, e esse mesmo empenho encontra-se, segundo o arcebispo Mullor, na raiz da diplomacia pontifícia, pois a Igreja Católica não fala apenas com os indivíduos, mas, dirige-se, também, às comunidades às quais tais indivíduos pertencem.

Do ponto de vista histórico, se compreende a diplomacia da Santa Sé como resultado da evolução histórica do Papado, ocorrida ao lado das grandes transformações históricas dos séculos passados: do crescimento e queda do Império Romano e do Império do Oriente, até o surgimento dos primeiros Estados absolutistas que marcou a queda da influência do poder papal sobre os regimes monárquicos. Mesmo após a unificação da Itália, em 1870, que resultou na perda do poder temporal por parte dos Papas, a Santa Sé manteve suas relações diplomáticas com numerosas nações europeias.

A diplomacia da Santa Sé é considerada em âmbito diplomático como a primeira diplomacia, a mais antiga, mas, ao mesmo tempo, seu funcionamento e objetivos permanecem desconhecidos aos olhos da maioria das pessoas. “Uma diplomacia inteligente, feita de arte e caridade, que construa pontes com as culturas, as sociedades e os governos, tornando presente a Igreja e dando voz ao Evangelho; uma dimensão pastoral do ministério; e a capacidade de oferecer algo ao Senhor na penitência, centrando a própria vida sacerdotal no que é essencial,” afirmou o Papa Francisco.

Uma Nunciatura Apostólica é um alto nível das missões diplomáticas da Santa Sé, equivalente a uma embaixada. Seu titular, o núncio apostólico, é, portanto, como um embaixador da Santa Sé no país a que foi designado.

            Um núncio apostólico ou núncio papal é um representante diplomático permanente da Santa Sé – não do Estado da Cidade do Vaticano – que exerce o posto de embaixador. Representa a Santa Sé, a Cátedra de Pedro, perante os Estados (e perante algumas organizações internacionais) e a Igreja local. Costuma ter a dignidade eclesiástica de arcebispo. Normalmente reside na sede da Nunciatura Apostólica, que goza dos mesmos privilégios e imunidades que uma embaixada.

            Em 1808, Lorenzo Caleppi, núncio em Portugal, acompanhou Dom João VI e a corte portuguesa em sua transferência para o Brasil. Em 1829, Felice Ostini foi designado para o Brasil. Esse fato marca o início das relações diplomáticas entre a Santa Sé e os outros países da América do Sul. Em 1902, este posto diplomático foi elevado à categoria de Nunciatura. Para o Brasil foram nomeados até hoje 14 núncios, sendo o último Dom Giovanni d’Aniello, que exerce a função de representante do Papa e da Santa Sé no Brasil desde 10 de fevereiro de 2012. Antes de ser enviado ao Brasil, ele foi núncio apostólico na República Democrática do Congo, de 2001 a 2010, quando foi nomeado representante da Santa Sé na Tailândia e Camboja.

Dom Giovanni começou a prestar serviço diplomático no dia 1º de junho de 1983, atuando no Burundi, Tailândia, Líbano, Brasil e no Setor para as Relações com os Estados da Secretaria de Estado, no Vaticano.

Porém, o Papa Francisco nomeou, no dia 1º junho, Dom Giovanni d’Aniello, atual núncio apostólico no Brasil, para exercer o mesmo ofício na Federação Russa. D’Aniello nasceu em Aversa (Caserta, Itália) em 5 de janeiro de 1955; foi ordenado sacerdote no dia 8 de janeiro de 1978 e nomeado bispo em 6 de janeiro de 2002; é doutor em Direito Canônico e fala cinco línguas: italiano, inglês, francês, português e espanhol.

Como afirmou o jornalista Dauro Machado no Jornal “A Gazeta” de Além Paraíba: “Dom D´Aniello marcou sua passagem pelo serviço diplomático da Santa Sé por sua simplicidade, acessibilidade e, acima de tudo, por seu enorme senso de justiça. Homem de grande conhecimento teológico, foi um núncio profundamente aberto ao diálogo, pronto para ouvir aqueles que verdadeiramente desejam o bem da Igreja Católica. Sua presença no Brasil engrandeceu o serviço diplomático da Santa Sé.”

Competirá ao novo núncio junto à Federação Russa uma representação diplomática de grande importância numa potência mundial, a missão de estreitar cada vez mais as relações e o diálogo da Santa Sé com o Governo Russo e com a Igreja Ortodoxa Russa.

O serviço de Dom Giovanni d’Aniello como núncio apostólico junto à Federação Russa pode ser compreendido nas palavras de Dom Pietro Parolin, cardeal secretário de Estado Vaticano: “A razão de ser de uma diplomacia da Santa Sé é a busca da paz. E se a diplomacia da Santa Sé teve tanto renome e tanta aceitação em todo o mundo, no passado e no presente, é precisamente porque está além dos interesses nacionais, que às vezes são interesses muito particulares. Ela se põe nesta visão do bem comum da Humanidade”.

Que São Gabriel Arcanjo, padroeiro dos diplomatas e do exercício da diplomacia, acompanhe e proteja Dom Giovanni d’Aniello em sua nova missão a serviço da Igreja.

 

 

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05 junho 2020, 14:02