Peru: aumentam os infectados, a Igreja responde com ajudas
Antonella Palermo – Vatican News
Depois do Brasil, o Peru, junto com o México, é o país da América Latina com o maior número de infectados pelo coronavírus, com mais de 371.000 casos confirmados e cerca de 17.700 mortos. O sétimo no triste ranking mundial. Nos últimos quatro meses, a situação não melhorou, embora o país esteja reagindo bem em termos de pesquisa e de sistema de saúde. A Ministra da Saúde, Pilar Mazzetti, anunciou que dentro de duas semanas o Peru poderá produzir testes moleculares rápidos, e isto encurtará o tempo de confirmação das pessoas infectadas. A prudência é uma obrigação no comportamento de todos, recomendou a ministra, que não espera a realização de uma vacina antes de meados de 2021. Entrevista com Franklin Ibanez, professor de Filosofia na Universidade Nacional Mayor de San Marcos.
“Em meados de março pensamos que em um mês sairíamos da pandemia, mas isso não aconteceu e muitas pessoas começaram a migrar para o campo", observa o professor. Nas rodovias havia milhares de pessoas a pé tentando fugir das cidades. Teoricamente, uma pessoa estaria melhor no campo, mas muitos já estabeleceram suas vidas na capital ou em outras cidades menores. Não é fácil. Nesta quarentena vemos muita gente na rua pedindo comida, também temos que considerar que nos últimos dois anos um milhão de venezuelanos vieram para o Peru, saindo de condições péssimas.
Aumento rápido da pobreza
"Provavelmente a metade da população de Lima perdeu seu emprego”, aponta Ibanez. "A economia informal, já muito difundida no país, de tal forma que 70% vive deste modo, é agora a única chance de sobrevivência. Muita gente vende álcool, máscaras pelas ruas...". Ontem foi reaberto do famoso sítio arqueológico de Machu Picchu, conhecido em todo o mundo, mas quem poderá ir até lá? "Para nós o turismo é uma atividade fundamental, por isso a situação está muito grave".
O drama das especulações
Há também o lado amargo da pandemia com a especulação de algumas clínicas e empresas que "aproveitaram o vírus para aumentar os preços e lucrar". Por outro lado, um aspecto positivo é a solidariedade que aumentou bastante". Ibanez elogia o trabalho da Igreja Católica no país, a instituição que consegue lidar de maneira correta com a situação, tanto do ponto de vista moral como material. Citando o exemplo de muitos bispos que, especialmente na região amazônica, onde o desenvolvimento não chegou, mas a doença sim, foram os primeiros a fazer campanhas de solidariedade para encontrar respiradores.
O desafio da educação on-line
Como professor, Ibanez lamenta que as escolas não estavam prontas para usar as plataformas on-line: "Foi um grande desafio para nós. O governo disse que o próximo ano será inteiramente virtual. Ainda estamos aprendendo, não estávamos acostumados com a tecnologia. Depois há o fato de que mais da metade das famílias não tem um computador em casa. Usar um telefone celular ou uma TV não é a mesma coisa. O governo fará algumas doações, mas não serão suficientes. Portanto, haverá desigualdades sociais que não são negligenciáveis".
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