Covid-19 agrava fome na África Ocidental
Vatican News
As medidas de prevenção adotadas para diminuir o índice de contágios por Covid-19 na África Ocidental podem ter um sério impacto na segurança alimentar e nutricional das populações. As previsões feitas antes da propagação do coronavírus na região, estimavam que durante a estação seca (julho-agosto de 2020), 21 milhões de pessoas sofreriam de severa escassez de alimentos.
Essas previsões poderão ser amplamente superadas. De acordo com o Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (PAM), a pandemia de Covid-19 poderia dobrar ou até triplicar o número de pessoas em crises e emergências alimentares e nutricionais, elevando-as dos 21 milhões inicialmente previstos para quase 59 milhões entre junho e agosto de 2020 na África Ocidental e Central.
Cerca de 50% da população da África Ocidental e Central vive abaixo da linha de pobreza e é forçada a sobreviver graças à agricultura de subsistência e aos empregos informais. Assim, essas populações são gravemente afetadas pelas restrições de movimento e quarentenas que afetam o acesso de fornecedores e consumidores aos mercados, levando a interrupções na cadeia de suprimentos e até mesmo no trabalho agrícola sazonal.
O fechamento dos mercados criou excedentes de produtos agrícolas que não podiam ser absorvidos pelos consumidores locais e em alguns eram deixados apodrecer nos campos. Também as restrições ao comércio transfronteiriço criaram impedimentos à livre circulação de produtos alimentares entre um país e outro da região.
Por fim, os países da África Ocidental e Central têm um déficit de produção de alimentos e dependem da importação para alimentar suas populações. Essa situação diz respeito, em particular, aos cereais e, neste caso, do arroz, cuja produção local cobre pouco mais de 50% das necessidades regionais. As restrições de importação e exportação são, portanto, as principais preocupações, visto que já estão sendo observadas reduções de curto prazo nas exportações de arroz para a África Subsaariana.
A crise, entretanto, oferece aos países da região e às estruturas regionais a oportunidade para repensar as políticas agrícolas nacionais e regionais para a criação de um sistema alimentar mais resiliente, a fim de resolver os problemas endêmicos de fome e desnutrição de forma sustentável e melhor se preparar para crises futuras. (LM - Agência Fides)
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