Covid e desigualdades. Nos países pobres 9 entre 10 pessoas sem vacina
Francesca Sabatinelli – Vatican News
A corrida está começando, mas já sabemos quem vai cruzar a reta de chegada por primeiro. Os países mais ricos têm vantagem também na luta contra a Covid-19. Segundo a denúncia da People's Vaccine Alliance conseguiram, "acumular doses suficientes para vacinar toda sua população quase três vezes até o final de 2021, se as vacinas atualmente em testes clínicos forem todas aprovadas para uso". Nas nações mais pobres, apenas uma em cada dez pessoas poderá ser vacinada, a menos que sejam produzidas "as doses necessárias para atender às reais necessidades do mundo".
A cura deve ser um bem público e global
A Oxfam e as outras organizações da People's Vaccine Alliance, uma coalizão engajada em uma campanha para obter vacina para todos, em todos os lugares do mundo, fornecem exemplos claros: um país como o Canadá garantiu doses suficientes para vacinar sua população quase 5 vezes, a União Europeia 2 a 3 vezes. Isto marca sem dúvida "uma enorme desigualdade no acesso à vacina, que é a principal ferramenta para erradicar a pandemia". O apelo é urgente e é dirigido aos diretamente interessados: governos e indústrias farmacêuticas para que "a vacina seja um bem público global". No mundo, 14% da população, a fatia mais rica, já teria comprado 53% "de todas as vacinas mais promissoras até agora". Diante disso, "67 países de baixa e média renda correm o risco de ficar para trás", independentemente do número de infectados, se considerarmos que no Quênia, Mianmar, Nigéria, Paquistão e Ucrânia, houve "quase 1,5 milhões de casos". "Sem uma mudança de direção - é a denúncia da Oxfam - bilhões de pessoas no mundo inteiro não receberão uma vacina segura e eficaz contra a Covid-19 nos próximos anos”.
Colocar de lado todos os interesses econômicos
É daqui que parte o pedido às indústrias farmacêuticas para que compartilhem as tecnologias e direitos de propriedade intelectual, "aderindo à iniciativa Covid-19 Technology Access Pool, promovida pela Organização Mundial da Saúde". Enquanto que é solicitado aos governos para que façam "tudo o que tiverem ao seu alcance para garantir que as vacinas Covid-19 se tornem um bem público global, distribuído de forma justa, de acordo com as necessidades e dado gratuitamente à população". A Aliança assinala também que com a compra da grande maioria da oferta mundial de vacinas, "os países ricos estão violando suas obrigações em matéria de direitos humanos”. Sem uma mudança de tendência, é o aviso: "bilhões de pessoas em países de baixa e média renda serão excluídas nos próximos anos", portanto "esta pandemia exige soluções globais que deixem de lado os interesses da indústria farmacêutica".
O Papa: vacina anti-covid para todos, medicamentos sem discriminações
Um chamado para agir e mudar o mundo "injusto para os pobres e os mais vulneráveis", foi o apelo lançado pelo Papa Francisco em 19 de agosto passado durante a audiência geral. Francisco pedia a vacina anti-covid para todos, destacando o risco de que pudéssemos dar "prioridade aos mais ricos". Um mês mais tarde, em 19 de setembro o Papa voltou a falar sobre a necessidade de não discriminar os medicamentos e de dar acesso à vacina para todos, lançando a proposta de globalizar o tratamento.
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