Arcebispo de Los Angeles e presidente dos bispos estadunidenses, dom José Horacio Gómez Arcebispo de Los Angeles e presidente dos bispos estadunidenses, dom José Horacio Gómez

Dom Gómez: sociedade esqueceu que Deus é Amor, que somos todos filhos de Deus

O que está ficando cada vez mais claro é que ao perder "esta ideia judaico-cristã - de um Deus que cria a pessoa humana à sua imagem -, perdemos a base de todos os princípios e objetivos nobres que temos em nossa sociedade", afirma o arcebispo de Los angeles e presidente da Conferência episcopal estadunidense, dom José Horacio Gómez. "Se não acreditamos que temos um Pai no céu, não há motivo necessário para nos tratar como irmãos e irmãs na terra", ressalta ele

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O arcebispo de Los Angeles e presidente da Conferência episcopal estadunidense, dom José Horacio Gómez,  na terça-feira, 12 de janeiro, em seu discurso de abertura da Conferência anual do Centro de Ética e Cultura de Nicola da Universidade de Notre Dame (12-14 de janeiro), em Indiana, sobre o tema "Nós pertencemos um ao outro", enfatizando como o homem vive hoje em dia numa sociedade secular que esqueceu a verdade sobre Deus e a pessoa humana, exortou os cristãos a cumprir um dever urgente de dar testemunho da verdade "sobretudo à luz da violência da semana passada no Capitólio, e da profunda polarização e divisão do país".

O presidente dos bispos dos EUA lembrou aos cristãos que eles têm o dever de dizer ao próximo que Deus é Amor, "que somos todos filhos de Deus" e "que há grandeza na vida humana". Esta verdade "é a chave para a cura e a reconciliação"; é o caminho para "nos reunir como uma única nação sob Deus".

Madre Teresa de Calcutá e o respeito pela dignidade humana

O prelado iniciou seu discurso contando uma história da vida de Madre Teresa, que ensina uma lição sobre a compaixão e o respeito pela dignidade humana, na qual a Santa, dirigindo-se a uma mulher anciã e doente coberta de feridas abertas e infectadas que ela havia recolhido da rua em Calcutá e tratado, explicou que ela a havia ajudado porque seu Deus a havia ensinado a fazê-lo.

"Você conhece meu Deus. Meu Deus se chama Amor", disse-lhe. Esta história, comentou o arcebispo de Los Angeles, "nos diz quem é Deus e nos diz quem somos como seres humanos".

Sem um Pai no céu não nos reconhecemos como irmãos

"Como cristãos, adoramos um Deus que se revelou como Amor. E como cristãos, sabemos que os seres humanos são feitos à imagem deste Deus, à imagem do Amor". Sem estas verdades, precisou dom Gómez, "não podemos compreender nossos compromissos cristãos - com os imigrantes e os refugiados, com os pobres, os nascituros, os não nascidos, os presos, os doentes, o meio ambiente". Se não conhecemos estas verdades, não podemos entender como criar uma sociedade que seja boa para os seres humanos".

Hoje, infelizmente, existe uma convicção no Ocidente de que não precisamos confiar em Deus ou nos valores e princípios religiosos tradicionais para construir uma ordem econômica e política global. Mas o que está ficando cada vez mais claro é que ao perder "esta ideia judaico-cristã - de um Deus que cria a pessoa humana à sua imagem -, perdemos a base de todos os princípios e objetivos nobres que temos em nossa sociedade", afirmou o prelado. De fato, "se não acreditamos que temos um Pai no céu, não há motivo necessário para nos tratar como irmãos e irmãs na terra".

"Fratelli tutti": reafirmar que Deus é Amor

E esta é também uma das preocupações subjacentes à Encíclica do Papa Francisco "Fratelli tutti": reafirmar que Deus é Amor; chamar-nos "a formar uma só família humana e a viver juntos no amor como irmãos e irmãs".

Todavia, a condição dos migrantes e dos refugiados, de cerca de 80 milhões de pessoas fugindo da guerra, da perseguição, do caos social e dificuldades econômicas, que tem sido uma das principais preocupações morais deste Pontificado", continuou o prelado, que trabalha há pelo menos 20 anos na reforma da imigração, mostra ao invés disso "o fracasso da fraternidade e solidariedade humana", mostra o "fracasso do amor" em nossa sociedade.

Devemos nosso amor aos migrantes e refugiados

Nesta situação, "não há dúvida sobre o que Deus espera de cada um de nós, como seguidores de Jesus Cristo", disse o arcebispo. O que devemos aos migrantes e refugiados é nosso amor; lembrar que são almas, não estatísticas; que são homens, mulheres e crianças com sonhos e esperanças, não diferentes de nós, cujos direitos e dignidade jamais poderão ser negados.

Portanto, concluiu o presidente da Conferência episcopal estadunidense, somente "com nosso amor - com a maneira como servimos nosso próximo, com a maneira como cuidamos uns dos outros, especialmente dos fracos e vulneráveis - podemos mudar nosso país e podemos mudar o mundo. Podemos ajudar nosso próximo a conhecer este Deus e a conhecer seu amor".

Vatican News – AP/RL

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15 janeiro 2021, 10:51