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Foto mostra bandeira turca hasteada no lado ocupado pelos turcos, na área desmilitarizada da Zona Tampão das Nações Unidas em Chipre, em um trecho da antiga cidade murada da capital Nicósia. Foto mostra bandeira turca hasteada no lado ocupado pelos turcos, na área desmilitarizada da Zona Tampão das Nações Unidas em Chipre, em um trecho da antiga cidade murada da capital Nicósia. 

A República de Chipre

A Ilha de Chipre é a primeira etapa desta Viagem Apostólica do Papa Francisco.

Vatican News

A primeira etapa da 35ª Viagem Apostólica do Papa Francisco é a ilha de Chipre, país com 850 mil habitantes e uma história milenar. A pequena ilha de 9.251 km² está dividida em duas partes, foco de constantes tensões: a República de Chipre e a “República turca de Chipre do Norte”, reconhecida apenas pela Turquia.

República de Chipre

 

Ilha do Mediterrâneo Oriental, situada a 70km da costa turca e a 100km da costa síria. O território é formado por uma pequena planície central, a Mesória, delimitada por duas cadeias de montanhas: Kyrenia ao norte - com picos superiores a pouco mais de mil metros – e os Montes Troodos a sudoeste, onde alcançam as alturas máximas do país (Monte Olimpo tem 1.952 metros). O restante do território é em boa parte formado por colinas. Os maiores rios são o Pedieos (100km) e o Yialias (88km). Ambos nascem nos Montes Troodos e, depois de atravessarem a Mesória, deságuam no Mediterrâneo, na baía de Famagusta.

A população cipriota conta com cerca de 850 mil habitantes, dos quais pouco mais de 200 mil (23,5% do total) vivem na capital do país, Nicósia. A superfície de Chipre é de 9.251 km², como base de comparação, a Itália tem 302 mil km². A densidade demográfica é de 92 hab/km². Os principais grupos étnicos que compõem a população são: gregos (99%) e maronitas, armênios e turcos-cipriotas (1%). Cerca de 80% da comunidade local é cristã, 4,47% se dizem católicos e outros 2% são muçulmanos. Chipre é uma república presidencialista e as línguas oficiais são grego e turco, mas o inglês também é falado no país. A unidade monetária é o euro na área grega e a lira turca na área turca.  

Localizada na costa do Líbano, Síria e Turquia, a ilha de Chipre delimita a linha de fronteira entre a Europa e o Oriente Médio. A sua localização geográfica, tem feito do país, desde a antiguidade, uma base estratégica e um lugar de passagem de diversos povos e civilizações: hititas, gregos, assírios, fenícios, egípcios, persas, macedônios, romanos, bizantinos e também francos, venezianos, otomanos e, por fim os ingleses. Dominada por numerosos impérios, incluindo o macedônio de Alexandre o Grande, o romano e o otomano, desde a época da antiga Grécia, a ilha sempre manteve um forte vínculo com o mundo e a cultura helênica.

 

Em 1878, com o início da decadência do Império Otomano, tornou-se um protetorado Britânico, conquistando independência com o tratado anglo-grego-turco de 19 de fevereiro de 1959. O “Cyprus Act” (“Lei do Chipre”) previa uma colaboração entre as comunidades grega e turca, colocando junto de um presidente grego-cipriota, um vice-presidente turco-cipriota e sancionando uma composição mista do governo e do parlamento. Após uma disputa constitucional, a partir de 1963, o vice-presidente, os ministros e deputados turco-cipriotas, deixaram de participar da vida das instituições.

Em 1964, a Organização das Nações Unidas (ONU), teve que enviar uma missão para a ilha, que não foi capaz de impedir um golpe de Estado da junta militar então no poder na Grécia, em 17 de julho de 1974. Seguiu-se a intervenção militar da Turquia que assumiu o controle da parte norte de Chipre (pouco mais de um terço da área total), dando vida a um “Estado federado turco-cipriota”, que em 15 de novembro de 1983 tornou-se a “República turca de Chipre do Norte”, reconhecida apenas pelas Turquia e governada por um sistema presidencialista, como a República de Chipre.

Em abril de 2004, fracassou o plano da ONU de reunificar a ilha em uma confederação entre as comunidades grega e turca, com igual peso político e institucional. No referendo convocado naquele mesmo ano, foi rejeitada a proposta na parte da República de Chipre, embora tenha sido aprovada no lado turco-cipriota. Assim, somente a República de Chipre entrou efetivamente na União Europeia em 1º de maio de 2004, aderindo ao Euro em 2008.

Uma nova série de negociações foi realizada em 2015 e 2017, entre o presidente grego-cipriota Nicos Anastasiades e o líder turco-cipriota Mustafa Akıncı, mas também essas tratativas fracassaram por causa de um desacordo resultante da insistência turca do direito de intervir militarmente.

A solução da questão cipriota parece portanto ainda muito distante, sobretudo depois que se reacenderam as tensões com a Turquia por causa das reinvindicações de Ancara sobre campos de gás natural no Mediterrâneo oriental. Em 2019, o governo turco lançou uma nova missão exploratória no mesmo trecho marinho do qual Chipre já havia reconhecido as concessões minerais, fato que levou Nicósia a procurar o Tribunal Internacional de Justiça.

Novas tensões com Chipre do Norte aconteceram em 2020, após a decisão do governo do presidente grego-cipriota Nikos Anastasiades de fechar alguns postos de controle entre as duas metades da ilha, para limitar o contágio de Covid-19. Além disso, em outubro do mesmo ano, assumiu a Presidência da República turco-cipriota o candidato nacionalista Ersin Tatar, aliado do presidente truco Recip Erdoğan, que é claramente contrário da hipótese de uma reunificação federalista apoiada pelo antecessor, Mustafa Akıncı.

Em 2013, a República de Chipre teve que enfrentar uma grave crise financeira relacionada à crise grega, que colocou o sistema bancário local de joelhos. Foi necessária ajuda da União Europeia, que em 16 de março de 2013, aprovou um plano de salvação no valor de 10 bilhões de euros, condicionado a um programa de ajuste fiscal de 5,8 bilhões.

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02 dezembro 2021, 07:00