O Papa: minha oração por Mattarella e pelo povo italiano

Benedetta Capelli – Vatican News

"Retribuo de coração e com gratidão a saudação do presidente da República Italiana, Sergio Mattarella, e asseguro minhas orações por ele e pelo povo italiano". Assim disse o Papa Francisco no final da oração mariana do Angelus de 1° de janeiro.  Em 31 de dezembro, à noite na televisão, em sua mensagem aos italianos, a última de seu mandato de sete anos, Matarella dirigiu palavras de afeto ao Pontífice, a quem agradeceu "pela força de seu magistério e pelo amor que sente pela Itália e pela Europa, enfatizando que este continente pode desempenhar um papel importante na paz, no equilíbrio e na defesa dos direitos humanos no mundo em transformação".

Na manhã de 1° de janeiro, comentando a Mensagem do Papa para o 55º Dia Mundial da Paz num texto enviado a Francisco, o presidente em fim de mandato insistiu no tema escolhido, "Diálogo entre gerações, educação e trabalho", instrumentos para construir uma paz duradoura", sublinhando que é "um chamado rigoroso e, ao mesmo tempo, uma reflexão forte sobre os instrumentos para enfrentar de forma eficaz os problemas que afligem um mundo multipolar e fragmentado, tais como a degradação ambiental, o recrudescimento de doenças, o agravamento da fome, a escassez crônica de água e a contínua recorrência aos conflitos".

Desenvolvimento integral

"Diante da pandemia que acentuou a distância entre as pessoas, a profunda crise educacional e a crescente precariedade do mundo do trabalho" é uma prioridade "empreender o caminho da paz que São Paulo VI definiu como desenvolvimento integral" para ouvir o grito dos pobres e da terra. "Um caminho que passa, como sublinhado na Mensagem, através do diálogo fecundo entre gerações, uma verdadeira aliança entre os idosos, guardiões da memória, e os jovens que levam a história adiante". Isto significa renunciar aos interesses imediatos que geram uma cultura do descarte e se engajar num debate produtivo para enfrentar a emergência climática, um tema muito sentido pelos jovens. "Valorizar o papel dos jovens", acrescentou o presidente, "é um dos objetivos básicos da política externa italiana.

A educação é o futuro

Outro item é o da educação. "Lamento notar que, nos últimos anos, os recursos dedicados a esta função essencial em nível global diminuíram". "Sobre esta questão", continuou Mattarella, "espero que os fundos para a educação sejam finalmente considerados como investimentos. Porque é a partir da educação e do crescimento pessoal que começamos a construir o futuro".

Trabalho e justiça social

Sobre o tema do trabalho, "veículo para a plena realização da dignidade humana e base para construir justiça e solidariedade dentro de cada comunidade", o Chefe de Estado lembrou que a pandemia piorou as dificuldades já persistentes, tornando os vulneráveis ainda mais frágeis. "Agradeço a Sua Santidade por ter voltado seu pensamento para o papel que a política é chamada a desempenhar nesta área, ou seja, o de promover e garantir em todas as circunstâncias o equilíbrio correto entre a liberdade econômica e a justiça social". "Todos juntos", conclui Mattarella, "podemos nos tornar "artesãos" da paz".

Em sua mensagem na TV em 31 de dezembro à noite, o presidente disse que está certo de que "a Itália crescerá". Depois, agradeceu aos italianos pela coesão mostrada em tempos sombrios, especialmente durante a pandemia. Em seguida, se dirigiu aos jovens, citando a carta enviada a seus alunos pelo professor Carmina, que morreu na tragédia de Ravanusa, exortando-os a não desanimarem e a perseguirem seus sonhos. Por fim, ele os convidou a não desperdiçar "a oportunidade de se vacinarem" porque "é uma ofensa a quem não teve esta oportunidade".