Afeganistão: quase 14.000 recém-nascidos morreram por falta de alimento em 2022
O Afeganistão continua mergulhado na crise humanitária prevista por analistas e especialistas, após a retirada ocidental e a reconquista do país pelo Talibã. 95% da população, de fato, continua com um consumo alimentar inadequado; mais de 85% das famílias que anteriormente tinham renda disseram não receber salário desde fevereiro; pelo menos 23 milhões de pessoas (mais da metade da população) já estão em situação de insegurança alimentar. Para comer, há no máximo pão, até mesmo adoçar o chá é um luxo. Pelo menos 26 mães e 13.700 recém-nascidos morreram por falta de alimentos desde o início do ano, segundo dados do Ministério da Saúde.
Em um país onde o número de viúvas é superior a 900.000 de acordo com o site de ajuda reliefweb, mulheres e crianças são forçadas a pedir esmolas para tentar sustentar suas famílias: em Herat algumas centenas de crianças foram levadas por funcionários do Ministério do Trabalho e por organizações internacionais para aprenderam uma profissão, escreve ToloNews. Os meninos recuperados da rua receberão R$ 79 por mês e poderão continuar estudando por seis meses. Foram tomadas medidas para tentar amenizar a dramática situação, como a transferências de dinheiro do Unicef: as famílias mais vulneráveis recebem assistência financeira com a possibilidade de dispor livremente do dinheiro. De acordo com um relatório recente da agência da ONU, o dinheiro é usado principalmente para comprar alimentos, calçados e roupas para crianças, remédios, lenha ou outros combustíveis para aquecer a casa.
Paralelamente, graças à desatenção da mídia ocidental, focada no conflito na Ucrânia, o Talibã continua sua repressão da sociedade sem ser perturbado: as meninas foram proibidas de voltar à escola, as mulheres não poderão viajar para o exterior sem acompanhante; a BBC, a Deutsche Welle e outros meios de comunicação internacionais foram forçados a encerrar seus programas em urdu, pashto e persa e a sair do país; os parques foram segregados por sexo - as mulheres só poderão ir três dias por semana e os homens os outros quatro, inclusive nos finais de semana -, os homens também foram obrigados a usar roupas tradicionais e deixar a barba crescer. Funcionários do ministério para a promoção da virtude e a prevenção do vício ameaçaram demitir qualquer pessoa que se apresentasse para trabalhar em violação à nova regra.
O Talibã havia prometido que na reabertura das escolas na manhã de 23 de março, após mais de sete meses fechadas, as jovens poderiam estudar, o que não aconteceu. No ensino médio elas foram proibidas de entrar na sala de aula. Em protesto, os Estados Unidos não compareceram a uma reunião agendada em Doha, na qual discutiriam questões econômicas importantes com o Talibã para desbloquear a situação financeira e a falta de liquidez, a principal causa da desastrosa situação humanitária.
Os talibãs dirigiram-se então para o Leste: em 30 e 31 de março realizou-se na China uma cúpula dos ministros dos Negócios Estrangeiros da região. A reunião, a terceira do gênero, foi realizada em Tunxi, na província chinesa de Anhui, e contou com a presença de representantes do Paquistão, Rússia, Irã, Tadjiquistão, Turcomenistão e Uzbequistão. A China enfatizou que um Afeganistão próspero e estável é do interesse não apenas do povo afegão, mas de toda a região. À margem do encontro, foram discutidas as relações econômicas trilaterais entre Cabul, Islamabad e Pequim, enquanto o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse que os crescentes laços comerciais entre o Afeganistão e nações vizinhas estão contribuindo para o potencial reconhecimento internacional da administração talibã. Na quarta-feira, 31, foi acreditado em Moscou o primeiro diplomata afegão do novo governo do Emirado Islâmico do Afeganistão.
*Com Asianews
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