Emergência humanitária na Síria, nova conferência de doadores
Vatican News
Apoiar o povo sírio e da região. Este é o objetivo que pretende mobilizar a Comunidade internacional na Conferência desta terça-feira (10/05), a sexta organizada em Bruxelas, que aborda questões críticas no campo humanitário, e que dizem respeito aos países da área que acolhem milhões de refugiados de Damasco.
Fome, preços, renúncias
Os compromissos serão divulgados numa coletiva de imprensa no final da manhã e depois nos encontros sucessivos, agendados entre 11h30 e 13h30, enquanto no fundo a realidade é muito dura, como confirmado pelos dados do Programa Mundial de Alimentos (PMA) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Além disso, o prolongar-se do conflito na Ucrânia deu um novo golpe na capacidade dos sírios de se alimentarem, quando os níveis de fome já tinham aumentado desde a metade desde 2019, segundo a ONU. "Em março, os preços dos alimentos subiram 24% em apenas um mês, após um aumento de 800% nos últimos dois anos. Os preços dos alimentos estão agora no nível mais alto desde 2013", afirma o Programa Mundial de Alimentos da ONU. "A realidade dolorosa para milhões de famílias sírias é que elas não sabem se vão comer amanhã", disse David Beasley, diretor executivo do PMA. "A Comunidade internacional deve reconhecer que não agir agora inevitavelmente levará a um futuro catastrófico." Segundo a Agência das Nações Unidas, mais da metade da população, cerca de 12 milhões de pessoas, estão atualmente enfrentando séria insegurança alimentar. Trata-se de 51% a mais do que em 2019, enquanto outros 1 milhão e 900 mil pessoas correm o risco de passar fome. As refeições básicas estão se tornando um luxo para milhões de pessoas, e a nutrição é um problema sério. Dados de 2021 mostram que uma criança a cada oito na Síria sofre de nanismo enquanto mães grávidas e lactantes apresentam níveis recordes de emagrecimento agudo".
Crianças sem assistência
Diante de tanto desespero, as pessoas estão tomando medidas extremas, como o trabalho infantil, casamentos precoces e forçados, e a retirada das crianças da escola. A esses dados se somam os do UNICEF que, com o foco na infância, denuncia como mais de 6,5 milhões de crianças na Síria precisam de ajuda, o maior número registrado desde o início da crise, há mais de 11 anos. Num comunicado, Adele Khodr, diretora regional do UNICEF para o Oriente Médio e Norte da África, disse estar certa de que a crise na Síria não terminaria tão cedo. Somente nos três primeiros meses deste ano, 213 crianças foram mortas ou feridas. Desde o início da crise, em 2011, foi confirmada a morte ou lesão de mais de 13 mil crianças.
Falta de financiamento
Mesma precariedade e fragilidade nos países vizinhos, onde cerca de 5,8 milhões de crianças dependem da assistência. Além dos dados, as ONGs denunciam uma queda de recursos mais do que nunca sob pressão e financiamento que não acompanha as fortes necessidades das pessoas. Com o tempo, diz o PMA, fomos obrigados a reduzir progressivamente o tamanho da ração alimentar mensal em todo o país. Um corte de 13% na ração se aproxima este mês no noroeste da Síria, onde as pessoas começarão a receber alimentos por 1.177 Kcal, pouco mais da metade da ingestão diária recomendada. É urgentemente necessário financiamento adicional para continuar ajudando milhões de pessoas em todo o país. Sem novas contribuições, o PMA pode ser obrigado a fazer novos cortes drásticos nos próximos meses. O mesmo alarme vem do UNICEF: em vista da Sexta Conferência em Bruxelas, o UNICEF - declara - recebeu apenas menos da metade do seu apelo por fundos para este ano. Entre as demandas para alcançar crianças e famílias afetadas pela crise na Síria, há uma necessidade urgente de quase 20 milhões de dólares "a única âncora de salvação para quase 1 milhão de crianças no noroeste da Síria". O UNICEF "reitera seu apelo às partes em conflito e a todos aqueles que podem exercer influência sobre eles para chegar a uma solução política para a crise para o bem e o futuro das crianças sírias".
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