Seca e desnutrição colocam em risco a vida de milhares de crianças no Chifre da África
Vatican News
Por ocasião da Semana Mundial da Água, o UNICEF alerta que, se não for prestado apoio urgente, as crianças do Chifre de África e do Sahel podem morrer em grande número devido à desnutrição grave e ao risco de doenças transmitidas pela água.
O número de pessoas afetadas pela seca na Etiópia, Quênia e Somália que não têm acesso confiável à água potável subiu de 9,5 milhões em fevereiro para 16,2 milhões em julho, colocando as crianças e suas famílias em maior risco de contrair doenças como cólera e diarreia.
Em Burkina Faso, Chade, Mali, Níger e Nigéria, seca, conflitos e insegurança estão na raiz da insegurança hídrica, com 40 milhões de crianças que devem se deparar com níveis altos a muito altos de vulnerabilidade hídrica. De acordo com os dados mais recentes da OMS, morrem no Sahel mais crianças por causa de água e saneamento inadequados do que em qualquer outro lugar do mundo.
A maioria das pessoas no Chifre da África depende da água fornecida por vendedores em caminhões ou carroças puxadas por burros. Nas áreas mais afetadas pela seca, a água não está mais ao alcance de muitas famílias.
- No Quênia, 23 condados experimentaram aumentos significativos de preços, com Mandera chegando a 400% e Garissa 260% em relação a janeiro de 2021.
- Na Etiópia, em junho deste ano, o custo da água dobrou em Oromia e aumentou 50% na região da Somália em relação ao início da seca em outubro de 2021.
- Na Somália, os preços médios da água aumentaram 85% em South-Mudug e 55 e 75% em Buurhakaba e Ceel Berde, respectivamente, em comparação com os preços de janeiro de 2022.
Mais de 2,8 milhões de crianças em ambas as regiões já sofrem de desnutrição aguda grave, o que significa que o risco de morrer por doenças transmitidas pela água é até 11 vezes maior do que para crianças bem alimentadas.
Na Somália, surtos de diarreia aquosa aguda e cólera foram relatados em quase todos os distritos afetados pela seca, com 8.200 casos relatados entre janeiro e junho, mais que o dobro do mesmo período do ano passado.
Quase dois terços dos afetados são crianças com menos de cinco anos. Entre junho de 2021 e junho de 2022, o UNICEF e seus parceiros trataram mais de 1,2 milhão de casos de diarreia em crianças menores de cinco anos nas regiões etíopes mais afetadas pela seca: Afar, Somália, SNNP e Oromia. No Quênia, mais de 90% das fontes de água abertas - como lagoas e poços abertos - em áreas afetadas pela seca estão esgotadas ou secas, com sério risco de epidemias.
Em todo o Sahel, a disponibilidade de água diminuiu mais de 40% nos últimos 20 anos devido às mudanças climáticas e fatores complexos como conflitos, colocando milhões de crianças e famílias em risco de doenças transmitidas pela água. Apenas no ano passado, a África Ocidental e Central teve seu pior surto de cólera em seis anos, com 5.610 casos e 170 mortes no Sahel central.
"As famílias das regiões atingidas pela seca são forçadas a fazer escolhas impossíveis. A única maneira de parar esta crise é que os governos, doadores e a comunidade internacional aumentem o financiamento para atender às necessidades mais agudas das crianças e forneçam apoio flexível a longo prazo para quebrar o ciclo de crises", afirmou a diretora-geral do UNICEF, Catherine Russell.
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