Relação do Turismo de Experiência e Turismo Religioso na retomada do segmento
Sidnesio Moura é uma das principais referências do Turismo Religioso no Brasil e a principal no Nordeste. Especialista no Turismo Religioso, é consultor em turismo, onde atua prestando Assessoria em treinamentos voltados ao Turismo, principalmente no turismo religioso e cultural.
Coordenador do Roteiro Caminho dos Santos Mártires do Brasil, onde une o Turismo Religioso aos demais segmentos e atrativos do turismo de cada destino no roteiro. Atualmente está Secretário Adjunto de Turismo da cidade de Canguaretama, Terra dos Santos Mártires e de uma das mais belas praias do Rio Grande do Norte: Barra do Cunhaú – destino onde ocorreu no século XVII a invasão Holandesa, que ocasionou o primeiro massacre, que ocasionou o martírio de vários católicos que não negaram a sua fé, canonizados no ano de 2017 pelo Papa Francisco. Durante a pandemia resolveu realizar cursos online para preparar pessoas que buscavam uma direção sobre o TR. Destinos que possuem o atrativo, mas não conseguiam atrair a demanda, ou tinham a demanda e não conseguia manter. Realizou dois cursos intitulados: O Espaço Sagrado para o Desenvolvimento do Turismo Religioso e Planejando o Turismo Religioso. Dedicado e sempre antenado nas novidades através de pesquisas durante a pandemia, percebeu que vários especialistas, mestres e doutores comentavam sobre um novo perfil de turista que iria surgir mais forte pós-pandemia: O turista em busca do Turismo de Experiência.
"Percebi que este novo perfil de turista já havíamos conquistado através do Turismo Religioso e que a Igreja já falava dele, não de uma forma tão direta, mas nas entrelinhas", observa Sidnesio.
Em seu discurso, o arcebispo Brösel salientou que o "caminho para fora" que corre ao longo do peregrino é refletida e uma expressão de sua "viagem interior", e para isso o primeiro deve estar presente e promover o segundo. O caráter religioso da peregrinação é o seu elemento predominante, que deve ser respeitado e mantido, e dependendo do que deve ser considerado os outros componentes (tais como os de natureza cultural).- Revista Povos em Movimento, do Pontifício Conselho para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes nº 121 de 2014
Dependendo da motivação para fazer a viagem, o mesmo espaço sagrado convergem diferentes tipos de visitantes, incluindo turistas, peregrinos religiosos e turistas culturais. No entanto, nem sempre é fácil identificar as verdadeiras razões, e para a dificuldade de "verbalizar", tanto porque coexistem diferentes razões e compatíveis entre elas. Portanto, a diversidade de peregrinos e turistas acolher diversas demandas. (Cardeal Vegliò)
Para isso, pedimos uma sensibilidade especial por parte do mundo civilizado e de negócios, que reconhece e respeita a dimensão espiritual, a "viagem interior", mencionado acima. (idem)
Com estas orientações da Igreja vi outro ponto crucial, onde alguns profissionais de turismo estavam errando, e não obtendo sucesso no Turismo Religioso. Elaborei ainda durante a Pandemia no ano de 2020 o curso, Turismo de Experiência e Fé.
Era necessário que todos entendessem que o Turismo Religioso é exclusivamente uma experiência do homem com Deus, o encontro de si mesmo e mais, ter a experiência da cultura e história do povo e do destino que está visitando.
Turismo de Experiência e Fé
Iniciado em 2016 no Brasil, o turismo de experiência ganha a atenção e o interesse dos viajantes, que buscam por novas experiências ao conhecer outros destinos, dentro ou fora do país.
O que é turismo de experiência
Conhecer o que é turismo de experiência pode mudar, completamente, nossa maneira de viajar, uma vez que este nicho tem por objetivo proporcionar experiências diferenciadas aos viajantes.
Difere do turismo que costumamos realizar, o turismo de experiência foge do lugar-comum, que costuma se resumir em visitas a pontos famosos em determinada região, city tour e restaurantes renomados.
O viajante que escolhe o turismo de experiência terá a oportunidade de vivenciar mais de perto a cultura da população do local em questão. Conhecerá melhor o dia a dia dos nativos, a culinária raiz e os passeios que vão além dos pontos turísticos.
Essa ação faz com que o turista crie memórias únicas de sua viagem e que realmente tenha experiências que o permitam falar da região visitada com ainda mais propriedade. O turismo de experiência faz, ainda, que a viagem seja mais especial.
O início do Turismo de experiência no Brasil, foi a visita às regiões da uva e do vinho no RS. (Fonte: https://www.rioquente.com.br/blog/voce-conhece-o-turismo-de-experiencia)
...o turismo de experiência é um nicho de mercado que apresenta uma nova forma de fazer turismo, onde existe interação real com o espaço visitado, mesmo que não seja o ideal, é o real e é o que o turista está em busca. Esta prática turística está relacionada com as aspirações do homem moderno, cada vez mais conectado e em busca de experiências que façam sentido. É uma maneira de atingir o consumidor de forma mais emocional, por meio de experiências que são geralmente organizadas para aquele fim. A ideia é estimular vivências e o engajamento em comunidades locais que geram aprendizados significativos e memoráveis. (Fonte: SEBRAE, Turismo de Experiência pag. 8, CCS Gráfica e Editora, 2015)
Desta forma, quando estamos visitando vários espaços sagrados, independente da Religião ou da crença do indivíduo, o homo viator mencionado pelo Cardeal Vegliò, é aquele que busca a experiência. Desta forma não se pode ter o Turismo Religioso, sem o Turismo de Experiência, os dois tem uma forte ligação, precisam de tempo para viver o destino ou o espaço sagrado. O Amadeu Castanho da Revista Viagens de Fé diz que não se deve cronometrar o tempo do Turista que tem o perfil do Religioso, como se ele estivesse ali apenas para tirar uma foto.
Concordo com ele, porque o Turista do TR precisa vivenciar aquele momento e sua história. Ter o seu encontro consigo e com Deus, buscar viver a outra cultura e o outro olhar da fé para poder ter um verdadeiro relacionamento Interpessoal.
Segundo Wernet (2000), “não é o homem que escolhe os lugares sagrados e os caminhos que a ele conduze. Ele apenas o descobre”. O ato de peregrinar, sob a perspectiva externa, envolve o encontro com o outro e, sob o ponto de vista interno, envolve o encontro consigo mesmo.
Para esta experiência de fé, vejo como importante elaboração de Roteiros, a exemplo de Santiago de Compostela, que possam fazer o Peregrino/Turista Religioso, poder vivenciar a fé e poder obter o conhecimento da cultura local e demais atrativos turísticos.
Roteiros importantes no Brasil:
Caminho Religioso da Estrada Real-CRER, é o maior Roteiro Religioso de todo o Brasil que abrange 38 municípios, sendo 32 mineiros e 6 paulista.
https://www.caminhoreligiosodaestradareal.com/
Rota da Fé Campo Mourão/PR: A Rota da Fé é um movimento inter-religioso caracterizado como uma romaria, com objetivo de visitar lugares sagrados, diferentes culturas, costumes locais, gastronomia das comunidades por onde passa e ter contato direto com a natureza. https://rotasdafe.com.br/a-rota.html
O Caminho da Fé: O Caminho é composto por mais de 2000 km, dos quais 400km atravessam montanhas da Mantiqueira por estradas vicinais, trilhas, bosques e asfalto. Com belas paisagens e comunidades acolhedoras, o Caminho proporciona momentos de reflexão e fé, saúde física, psicológica e integração do homem com a natureza.
https://caminhodafe.com.br/ptbr/
Caminho dos Santos Mártires do Brasil: Um roteiro histórico, cultural e religioso. Um caminho, para vivenciar a fé de homens, mulheres, jovens e crianças, que derramaram o seu sangue por não negarem a fé católica e a Jesus Cristo. O roteiro une o Turismo Religioso aos demais atrativos e segmentos turísticos de cada destino. O percurso total possui cerca de 140 km, repleto de belezas naturais.
https://caminhosantosmartires.com.br/
Caminho das Missões: A primeira caminhada aconteceu em 17 de agosto de 2001. Seu traçado foi idealizado para percorrer parte do espaço territorial ocupado pela sociedade jesuítico-guarani nos séculos XVII e XVIII, com total aproveitamento de visitação dos patrimônios remanescentes do período de desenvolvimento das Reduções Jesuíticas dos Guaranis, de pontos de interesse da cultura regional atual e locais com representatividade mística. https://www.caminhodasmissoes.com.br/historia.html
Neste momento da retomada do turismo, precisamos cada vez mais planejar e organizar o Turismo Religioso. Os destinos que possuem esta demanda devem realizar melhorias em sua infraestrutura turística, como também cada espaço Sagrado, Templos, Santuários, Igrejas precisam organizar sua infraestrutura e seus colaboradores para acolher o Peregrino e Turista Religioso. Estes espaços devem estar abertos, seja em sua estrutura física, e na pessoa de suas lideranças e sacerdotes para a acolhida.
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