EUA: os bispos elegem um novo presidente, é o ordinário militar dom Broglio
Salvatore Cernuzio – Vatican News
Com 138 votos, a Conferência Episcopal dos Estados Unidos elegeu o arcebispo Timothy Broglio, ordinário militar para os Estados Unidos desde 2007, como seu novo presidente. O prelado, ex-membro da Seção para as Relações com os Estados da Secretaria de Estado da Santa Sé e secretário especial do cardeal Angelo Sodano, secretário de Estado, foi eleito no terceiro turno de votação entre dez candidatos pelos 237 bispos reunidos na assembleia plenária de outono em Baltimore.
O novo presidente
Broglio, 70 anos, é ordinário Militar desde 2007, após sua nomeação por Bento XVI. Ele assumiu o cargo em 2008. Ele entrou para o serviço diplomático da Santa Sé em 1983, servindo como secretário nas Nunciaturas da Costa do Marfim e Paraguai nos anos 80. Foi então núncio na República Dominicana e delegado apostólico em Porto Rico de 2001 a 2008. Na USCCB, ele foi presidente do Comitê episcopal para a justiça internacional e a paz e do Comitê para Assuntos Canônicos e a Governança da Igreja, assim como membro da Força Tarefa para a Assembleia Especial de 2013. Também serviu nos Comitês para a Liberdade Religiosa e para a Justiça e a Paz internacionais, e nos Subcomitês para a Defesa do Matrimônio e assistência sanitária. Como ordinário militar, durante a recente pandemia de coronavírus, ele defendeu uma isenção da vacina para os membros das forças armadas por motivo de objeção de consciência.
Em um breve discurso após sua eleição como presidente da Usccb (um mandato de três anos) Broglio elogiou o presidente que deixa o cargo, arcebispo José Horacio Gomez de Los Angeles, que foi eleito em 2019. Este último proferiu seu último discurso na sessão plenária de 15 de novembro.
Lori vice-Presidente
Em votação separada, o arcebispo William Lori de Baltimore foi eleito vice-presidente, sucedendo o arcebispo Allen H. Vigneron de Detroit, de 71 anos. Anteriormente auxiliar em Washington e até agora Capelão Supremo dos Cavaleiros de Colombo, Lori foi também presidente do Comitê para a Doutrina da Conferência Episcopal e do Comitê Ad Hoc para a Liberdade Religiosa da Conferência Episcopal. Em 2002, ele foi nomeado membro do Comitê para a Crise dos abusos sexuais e ajudou a redigir a conhecida "Carta para a proteção das crianças e jovens", assinada em Dallas, como uma resposta para erradicar tal crime no clero, após os escândalos que surgiram naqueles anos. Em 2021, Lori recebeu um mandato de três anos como presidente da Comissão para a Vida. De 2005 até hoje, ele também foi capelão supremo dos Cavaleiros de Colombo, um organismo com cerca de 1,8 milhões de membros.
A intervenção do núncio
A sessão plenária de outono do episcopado americano durará até este dia 17 de novembro. Os trabalhos foram abertos com um discurso do núncio apostólico, Christophe Pierre, que lembrou aos prelados a necessidade de a Igreja refletir a imagem, cara ao Papa, de um "hospital de campo", ou seja, comprometida em cuidar dos mais fracos e dos feridos. Entre estes, o arcebispo recordou os imigrantes e as jovens mães. Pierre exortou a Igreja Católica nos EUA a ser "uma igreja missionária" e a cuidar da formação espiritual e litúrgica dos leigos, porque, disse ele, "se acompanharmos nosso povo mais de perto, poderemos mais facilmente confiar neles e encorajar seu crescimento espiritual".
No discurso o núncio também mencionou o caminho sinodal e o Documento para a etapa continental, que destaca a dificuldade para muitos jovens de aceitar alguns dos ensinamentos da Igreja. Pierre então convidou as novas gerações a "viverem sua fé de uma maneira que lhes ofereça paz ao coração, experimentando o verdadeiro, o bom e o belo". Ele também exortou os bispos a não ficarem "paralisados pelos desafios que enfrentamos", mas a seguirem os jovens através da escuta, paciência e diálogo respeitoso no meio de uma cultura que experimenta tantas divisões.
As questões no centro do plenário
Além de eleger os líderes e presidentes das diversas comissões, os bispos discutiram e votaram sobre uma série de questões importantes. Em primeiro lugar, a questão do aborto, após a decisão de 24 de junho da Suprema Corte dos EUA no caso Dobbs vs. Jackson Women's Health Organisation, que anulou a decisão Roe vs. Wade de 1973. O arcebispo Lori ofereceu uma visão geral da resposta da Igreja; sua apresentação seguiu uma carta recente que o próprio arcebispo e outros três presidentes de comitês da USCCB enviaram a todos os membros do Congresso, pedindo "solidariedade radical" com mães e filhos (nascidos e não nascidos) e promovendo uma agenda legislativa e política que priorize as famílias.
Também no centro das discussões dos bispos a dramática questão dos abusos, marcando também o 20º aniversário da adoção da já mencionada "Carta de Dallas". Em uma sessão, os bispos reservaram tempo para a oração e reflexão sobre a resposta da Igreja à crise de abuso.
Outros itens da agenda incluíram: a aprovação do orçamento para 2023; uma discussão sobre o documento orientador para ajudar os católicos a formar consciências na votação e outras áreas da vida pública; um relatório sobre o progresso feito na implementação do documento "O Mistério da Eucaristia na Vida da Igreja"; as atividades realizadas como parte da iniciativa de reavivamento eucarístico lançada no ano passado em nível nacional; e o Congresso Eucarístico Nacional planejado para 2024 em Indianápolis. Houve também uma atualização sobre o caminho sinodal e uma reflexão sobre a ação da Igreja na guerra em curso na Ucrânia.
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