Sudão do Sul: a violência sexual como principal arma de guerra
Rosa Martins – Vatican News
Os horrores do estrupo de guerra no Sudão do Sul estão publicados no Relatório intitulado “Conflict-related sexual violence against women and girls in South Sudan” (Violência sexual relacionada a conflitos contra mulheres e meninas no Sudão do Sul).
O Documento produzido pela Comissão de Direitos Humanos da ONU daquele país, revela que as pessoas que sofreram violência sexual são as vítimas invisíveis da guerra civil que eclodiu há 10 anos no Sudão do Sul, em dezembro de 2013.
O Relatório denuncia que a violência sexual é perpetrada por todos os grupos armados em todo o país. Muitas vezes como parte de táticas militares das quais o governo e os líderes militares são responsáveis.
Baseado em entrevistas realizadas com vítimas e testemunhas durante vários anos, o Relatório traz o testemunho de sobreviventes que descrevem, em detalhes, estupros coletivos brutais e prolongados.
Mulheres de todas as idades relataram terem sido estupradas várias vezes enquanto outras mulheres também eram estupradas ao seu redor. Enquanto vários homens violentavam as vítimas, seus maridos, pais ou filhos eram forçados a assistir, sem poder intervir. De acordo com o médico e coordenador da Comissão de Saúde Católica do Sudão do Sul, Thomas Tongun Leone, “a violência sexual é uma verdadeira arma de guerra, cometida de forma deliberada para punir e humilhar as pessoas e suas comunidades”.
As formas de violência sexual incluem estupro, escravidão sexual, prostituição forçada, gravidez forçada, aborto forçado, esterilização forçada, casamento forçado e muitas outras formas. “Violência que causa lesões físicas imediatas e consequências psicológicas que podem durar a vida inteira para as vítimas, que também correm o risco de contrair doenças sexualmente transmissíveis”, acrescenta Leone.
Os conflitos no Sudão do Sul
O conflito no Sudão do Sul é caracterizado por uma série altamente fragmentada de grupos armados, que entram em um jogo de alianças políticas centradas em questões étnicas e regionais.
A guerra envolve a expulsão deliberada de populações locais de seu território. Muitas vezes, a intenção é mudar a composição étnica e o controle político. As populações locais são aterrorizadas por meio de massacres, saques e incêndios de vilarejos, perdendo o controle dos recursos locais, além de serem estuprados e violentados sexualmente.
“Não sei o que aconteceu com minha irmã, diz Amne, 33 anos, que atravessou a fronteira com seus quatros filhos e a única coisa que conseguiu levar foi o vestido que usava”. Destuir o tecido que úne as comunidades, também por meio deslocamentos constantes, é um dos principais objetivos destes atos violentos em série.
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