Dom Oriolo: Podcast, um jeito novo de evangelizar
Dom Edson Oriolo - bispo da Igreja Particular de Leopoldina MG
O rádio sempre foi um meio de evangelização. A Igreja nunca deixou de evangelizar pelas ondas do rádio. Um exímio exemplo foi o do saudoso redentorista pe. Victor Coelho, da rádio Aparecida, que faz parte da memória do rádio na vida do povo brasileiro. “Para 75% das pessoas, os meios de comunicação estabelecidos oferecem notícias que eles podem confiar. O rádio se destaca com 78%. Vale lembrar que 83% da população é ouvinte de rádio. Três em cada cinco pessoas escutam o rádio todos os dias”, de acordo com a Kantar IBOPE Media.
O Inside Audio 2023 ainda detalhou o comportamento dos ouvintes sobre diferentes contextos em que o meio é ouvido. Segundo a pesquisa, 58% dos entrevistados afirmaram escutar rádio em casa durante atividades cotidianas; 27% em carro ou moto particular; 12% no trabalho presencial; 7% em home office; 5% no transporte público; 4% na rua ou ao ar livre, em deslocamento; 4% no carro ou moto do tipo táxi ou transporte de aplicativo; e 4% em outros contextos.
Com esse cenário, somos chamados a repensar a evangelização de forma mais criativa, ousada, proativa e inovadora. A Igreja vem trabalhando, há muitos e muitos anos, com tais meios de comunicação, mas sem tanta expertise, muitas vezes na dinâmica da manutenção. Com efeito, a mudança de mentalidade impõe-se com muito vigor. Necessitamos adentrar nesses meios, com verdadeiro ardor missionário e criar planejamentos de atuação com objetivos, estratégias e metas para suscitar multiplicadores do testemunho e anúncio do evangelho. É preciso fazer com que as pessoas cresçam na fé. Esse crescimento supõe um conhecimento de Jesus Cristo e que leve a uma participação litúrgico-eclesial que sustente na prática da caridade.
Nesse sentido, a conjunção entre rádio e internet abre um evangelizar da interação (feedback) entre dois termos da comunicação: o locutor e o ouvinte. Interação que pode ser em tempo real, mas principalmente virtualmente. Como pode-se perceber é preciso evoluir, para potencializar o que chamamos de evangelização. Mas para que esses recursos potencializem a mensagem evangelizadora, há de se contar com um time de evangelização. Isto é, não só técnicos que conhecem os recursos do mundo digital (em todas as suas variáveis) como ser pessoas que acreditam e se engajam nessa proposta de uma evangelização virtual. O caminho está em aberto, mas é um pouco espinhoso.
Renato Bontempo, na obra “Podcast descomplicado”, afirma que, atualmente, de acordo com pesquisas, 55% da população dos Estados Unidos ouvem podcasts, isso equivale a 155 milhões de norte-americanos familiarizados com esse tipo de mídia. Aqui no Brasil, 13% da população já se habilitou a ouvir podcasts, o que equivale hoje a 22 milhões de brasileiros.
No entanto, para sermos criativos e ousados na evangelização, podemos falar de podcast, que nada mais é do que um programa de rádio na internet. Porém, com uma vantagem enorme: o conteúdo é totalmente sobre demanda. A pessoa pode escutar o que quiser, na hora em que quiser, basta entrar nos aplicativos e atender os seus interesses. São aplicativos para escutar podcast no celular: 1) Spotify (Android/Apple/Site); 2) Google Podcasts (Android/Apple/Site); 3) Apple Podcasts (Apple/Site); 4) Pocket Casts (Android/Apple/Site); 5) Overcast (Apple/Site) e 6) Deezer (Iphone/Android/Site).
Podcasts são as junções de Ipod mais broadcasting. O Ipod é um dispositivo de áudio ou aparelho multimídia muito conhecido no passado, que servia para quem gosta de escutar música em qualquer hora e lugar. O broadcasting é um processo de informação, transmissão de áudios e vídeos para diversos receptores diferentes. Esse sistema surgiu em 2004 e os créditos foram dados por Adam Curry que criou o primeiro agregador de podcasts e disponibilizou o código na internet para todos os programadores.
Destarte, podcast é um conteúdo de mídia que pode ser de áudio ou de vídeo,transmitido pela internet em forma de episódios; é o rádio, em áudio e vídeo, na internet. Esses programas podem ser escutados ou assistidos a qualquer hora pela tecnologia RSS (formato de distribuição de informações em tempo real pela internet).
Temos consciência do smartphone, celular que serve para distrair nas redes sociais e através deles assistimos vídeos, lemos textos, escutamos áudios. São materiais criativos de entrevistas, notícias, histórias, documentários, conhecimento, religião, astronomia, políticas, entretimentos, músicas, ciência, produtividade, gestão, Igrejas.
Necessitamos pensar em mídias de áudio e vídeo para produzir conteúdos de evangelização para blogs, postagens para redes sociais, vídeos para youtube, instragram, tiktok, e-books etc. O melhor caminho são os podcasts. Assim, as pessoas, em seus momentos de ociosidade, no trânsito, na caminhada, na viagem, descansando com seu smarphone ou tablete, abaixando um aplicativo sobre “mensagens reveladas”, vão poder conhecer as maravilhas do evangelho através de áudios e vídeos ou vídeos e áudios e se comprometerem com a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo.
“Jesus subiu num dos barcos, o de Simão, e pediu que se afastasse um pouco da terra. Então sentou-se e, do barco, ensinava as multidões” (Lc 5,3). “Evangelizar constitui, de fato, a graça e vocação própria da Igreja e sua mais profunda identidade” (EN,14). Hoje, a exemplo de Jesus, a Igreja pode, através das redes sociais, produzir conteúdos que levam as pessoas mais perto de Deus e Deus mais perto das pessoas com podcasts de alta qualidade. Temos um conteúdo de extrema importância que é o evangelho.
Concluindo, quero apresentar uma releitura do pensamento de Renato Bontempo. O podcast é atraente por dois motivos: a variedade dos temas que podemos elaborar e, assim, cada um pode escolher o que lhe atrai pela riqueza do evangelho e o uso do fone de ouvido gera um grau muito grande de intimidade com o podcast. Ele serve como o capuz do monge: usado, sinaliza que está desligado do mundo. Hoje, quem usa fone de ouvido sinaliza sua forma de se desligar do mundo para interiorizar: estão concentrados, mas alheio ao que acontece a sua volta.
Vamos aproveitar o bem que os podcasts podem nos oferecer: enriquecermo-nos com a Boa-Nova de Nosso Senhor Jesus Cristo.
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