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Sudão: dez meses de guerra devastaram o país, que corre o risco de implodir

O conflito deflagrado em 15 de abril de 2023 não parece que possa cessar facilmente. Pelo contrário, desencadeou uma dinâmica que ameaça fragmentar o Sudão, depois que outros grupos armados presentes há algum tempo em diferentes áreas do país tomaram parte de um lado ou de outro, ou aproveitaram o caos para assumir o controle das áreas onde estão presentes. O drama vivido pelo país africano foi recordado pelo Papa Francisco após o Angelus de domingo passado, 18 de fevereiro

Vatican News

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A guerra que eclodiu há dez meses no Sudão criou uma crise humanitária devastadora. Em janeiro de 2024, havia mais de 10,7 milhões de pessoas deslocadas, a maior crise de deslocamento do mundo. O conflito resultou na morte de 12.000 a 15.000 pessoas.

Um drama recordado pelo Papa Francisco após o Angelus no domingo, 18 de fevereiro: "Já passaram dez meses desde a eclosão do conflito armado no Sudão, que causou uma situação humanitária muito grave. Peço novamente às partes em conflito que parem com esta guerra, que provoca tanto mal às pessoas e ao futuro do país. Rezemos para que em breve sejam encontrados caminhos de paz para construir o futuro do querido Sudão".

Conflito ameaça fragmentar o Sudão

O conflito que eclodiu em 15 de abril de 2023 entre o exército regular (Forças Armadas do Sudão, SAF), liderado por Abdelfattah Al-Burhan, e as Forças de Apoio Rápido (RSF), lideradas por Mohammed Hamdan Dagalo, conhecido como Hemeti, não parece que possa cessar facilmente. Pelo contrário, desencadeou uma dinâmica que ameaça fragmentar o Sudão, depois que outros grupos armados presentes há algum tempo em diferentes áreas do país tomaram parte de um lado ou de outro, ou aproveitaram o caos para assumir o controle das áreas onde estão presentes.

No momento, as Forças de Apoio Rápido parecem ter uma vantagem sobre o exército regular depois de assumir o controle, em meados de dezembro, de Wad Madani, no estado de Al-Gezira, considerado o celeiro do Sudão.

Extensão da guerra na Ucrânia para o solo sudanês

As RSF também podem contar com o fornecimento de armas, munição, combustível e outros suprimentos dos países vizinhos: República Centro-Africana, Chade, Líbia (Cirenaica) e o apoio de mercenários russos da companhia Wagner e dos Emirados Árabes Unidos. As Forças Armadas do Sudão perderam a importante fábrica de armas de Yarmouk, na área de Cartum, que foi destruída pela RSF, mas ainda contam com algum apoio externo, como o do Egito. Vídeos de ataques das forças especiais ucranianas contra as RSF e os mercenários russos da Wagner também circularam na rede, quase simbolizando uma extensão da guerra na Ucrânia para o solo sudanês.

Para complicar o conflito, há divisões dentro das próprias forças de campo. O exército regular tem divisões internas entre tribos, etnias e denominações religiosas porque recruta pessoas de diferentes estratificações da sociedade sudanesa. Por outro lado, a estrutura de comando ágil da RSF torna seus combatentes menos controláveis pela liderança superior da organização, facilitando as violações dos direitos humanos. Essas violações, por sua vez, podem desencadear espirais de vingança e mais violência. Por fim, os diferentes grupos que se alinharam com um ou outro lado estão, por sua vez, divididos em formações opostas.

(com Fides)

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22 fevereiro 2024, 15:07