Dia da Terra: não cuidar da Amazônia é não cuidar da humanidade, alerta frade capuchinho
Andressa Collet e Giancarlo La Vella - Vatican News
Frei Paolo Braghini participou da Aldeia pela Terra, evento de caráter anual na Villa Borghese em Roma para conscientizar sobre o 54° Dia da Terra comemorado nesta segunda-feira, 22 de abril. Ele trouxe para a Itália a sua experiência junto aos povos amazônicos que a cada dia veem a sua extensão de terra diminuir devido à exploração indiscriminada da madeira e dos recursos naturais do subsolo. Através de um debate público, o missionário italiano destacou como o progressivo empobrecimento da região está causando danos gravíssimos, em primeiro lugar, às pessoas que ali vivem, mas também a todo o planeta.
"Nós, frades capuchinhos, vivemos há anos junto com 4 povos indígenas, num território muito grande, no coração da Amazônia. Os problemas que enfrentamos diariamente são a diminuição dos peixes - principal alimento para eles; a diminuição da água - o rio está secando e no ano passado vivemos uma seca impressionante diminuindo inclusive as espécies de peixes e de animais, alterando o equilíbrio natural pela falta de água todos os dias; e a diminuição da madeira, não estamos em uma área de grande desmatamento, mas eles já invadem para extrair madeira ou até mesmo minerais, o que tem consequências muito sérias, pois a madeira preciosa para eles é a vida com a qual constroem a casa, a canoa para pescar enquanto eles estão extraindo clandestinamente a madeira para vendê-la."
A Aldeia pela Terra em preparação ao Jubileu
A Aldeia pela Terra teminou no domingo (21) após 4 dias de festa e testemunhos pela proteção do planeta, reunindo mais de 300 associações que promoveram cerca de 600 iniciativas. A manifestação, organizada pelo Earth Day Italia e pelo Movimento dos Focolares, em mais uma edição enalteceu a urgência de um trabalho conjunto pelo bem da casa comum. "A cada ano é um crescendo de emoções. Também estamos nos preparando para viver juntos o Jubileu. 2025 será o ano do Jubileu, e o que gostaríamos é que esta Aldeia se tornasse, acima de tudo, acolhedora e inclusiva em nossa cidade, para aqueles que querem vir e experimentar o que fazemos aqui", explicou Antonia Testa, responsável dos Focolares em Roma.
No evento de 2016, inclusive o Papa Francisco fez uma visita surpresa à Aldeia pela Terra, e suas palavras continuaram sendo um marco para as edições sucessivas. "Ainda me lembro daquele momento com grande emoção", enfatizou Antonia, "o Papa queria falar com suas próprias palavras, havia tantas pessoas ao seu redor que queriam ouvi-lo e ele queria fazer uma leitura do que estava à sua frente. Desde então nós também estamos tentando fazer isso, ou seja, ler os sinais dos tempos e fazer do Evangelho um desafio a ser abraçado hoje. O Papa Francisco nos falou sobre perdão e gratuidade, e ainda hoje percebo o milagre de todas essas pessoas da Aldeia, que doam livremente o seu tempo e profissionalismo para um bem maior. Isso deve se tornar nossa rotina diária, não apenas durante esses dias do evento".
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