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Crianças palestinas carregam sopa distribuída no campo de refugiados de Jaballa, norte da Faixa de Gaza. Crianças palestinas carregam sopa distribuída no campo de refugiados de Jaballa, norte da Faixa de Gaza.  (AFP or licensors)

Em Gaza, mais de 50 mil crianças sofrem de desnutrição aguda

O diretor de Nutrição e Desenvolvimento Infantil do Unicef, Victor Aguayo, comenta o Relatório "O Estado da Insegurança Alimentar e Nutrição no Mundo" 2024.

“A desnutrição aguda é a forma de desnutrição que mais ameaça a vida. Continua a ser muito elevada entre as crianças que vivem em países que enfrentam crises alimentare", comenta o diretor de Nutrição e Desenvolvimento Infantil do Unicef, Victor Aguayo, explicando que isso deve-se "à incapacidade das famílias de terem acesso ou de comprarem alimentos nutritivos para os seus filhos, bem como à falta de acesso a serviços de saúde, nutrição, água e saneamento. Estas ameaças aumentam rapidamente durante situações de conflito, o que também reduz o acesso humanitário às crianças e às comunidades mais vulneráveis."

O relatório global sobre a insegurança alimentar e nutrição no mundo destaca um aumento preocupante da desnutrição aguda entre as crianças, com níveis críticos em oito países: Camarões, Chade, Djibuti, Haiti, Sudão, Síria, Uganda e Iêmen.

Mas funcionários da FAO e do PMA alertaram que a situação em Gaza é uma das mais graves crises alimentares e nutricionais da história, e quase metade da população de Gaza que sofre esta devastação é constituída por crianças.

Victor Aguayo esteve em Gaza na última semana, constando in loco como meses de guerra contra civis e as severas restrições à resposta humanitária levaram ao colapso dos sistemas alimentares, de saúde e de proteção, com consequências catastróficas para a nutrição das crianças.

Ele conta que "a dieta das crianças pequenas – as mais vulneráveis ​​à desnutrição grave – é extremamente pobre, com mais de 90% delas comendo no máximo dois tipos de alimentos por dia – dia após dia – durante semanas e meses, em um contexto de stress tóxico e de falta de acesso à água potável e saneamento básico. "Estimamos que mais de 50.000 crianças sofrem de desnutrição aguda e necessitam agora de cuidados vitais".

Em Gaza do diretor disse ter conhecido médicos, enfermeiros e profissionais de nutrição que implementam os programas apoiados pelo UNICEF. "Caminhei por mercados e bairros – ou pelo que resta deles. Ouvi as lutas de mães e pais para alimentar seus filhos. Não tenho dúvidas do fato de que o risco de fome e de uma grande crise alimentar em larga escala em Gaza é real."

E a única forma de evitar isso, a ser veu, é um cessar-fogo imediato e um acesso humanitário sustentado e em grande escala a toda a Faixa de Gaza. "Somente isso permitirá às famílias ter acesso a alimentos, incluindo nutrição especializada para crianças pequenas, suplementos nutricionais para mulheres grávidas e serviços de saúde, água e saneamento para toda a população."

No Sudão, mais de 25 milhões de pessoas sofrem de insegurança alimentar, incluindo quase 3,7 milhões de crianças que sofrem de desnutrição aguda. Estes números continuam a aumentar devido aos deslocamentos em massa, ao acesso humanitário limitado, à interrupção dos serviços de saúde e nutrição e ao início da época de escassez.

O UNICEF apela a uma resposta humanitária irrestrita e em grande escala para a prevenção, detecção e tratamento precoce da desnutrição aguda entre as crianças mais vulneráveis, especialmente aquelas com menos de 5 anos de idade, e as suas mães, cuja vida está ameaçada por estas crises múltiplas e crescentes.

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06 setembro 2024, 10:15