Em Gaza, mais de 50 mil crianças sofrem de desnutrição aguda
“A desnutrição aguda é a forma de desnutrição que mais ameaça a vida. Continua a ser muito elevada entre as crianças que vivem em países que enfrentam crises alimentare", comenta o diretor de Nutrição e Desenvolvimento Infantil do Unicef, Victor Aguayo, explicando que isso deve-se "à incapacidade das famílias de terem acesso ou de comprarem alimentos nutritivos para os seus filhos, bem como à falta de acesso a serviços de saúde, nutrição, água e saneamento. Estas ameaças aumentam rapidamente durante situações de conflito, o que também reduz o acesso humanitário às crianças e às comunidades mais vulneráveis."
O relatório global sobre a insegurança alimentar e nutrição no mundo destaca um aumento preocupante da desnutrição aguda entre as crianças, com níveis críticos em oito países: Camarões, Chade, Djibuti, Haiti, Sudão, Síria, Uganda e Iêmen.
Mas funcionários da FAO e do PMA alertaram que a situação em Gaza é uma das mais graves crises alimentares e nutricionais da história, e quase metade da população de Gaza que sofre esta devastação é constituída por crianças.
Victor Aguayo esteve em Gaza na última semana, constando in loco como meses de guerra contra civis e as severas restrições à resposta humanitária levaram ao colapso dos sistemas alimentares, de saúde e de proteção, com consequências catastróficas para a nutrição das crianças.
Ele conta que "a dieta das crianças pequenas – as mais vulneráveis à desnutrição grave – é extremamente pobre, com mais de 90% delas comendo no máximo dois tipos de alimentos por dia – dia após dia – durante semanas e meses, em um contexto de stress tóxico e de falta de acesso à água potável e saneamento básico. "Estimamos que mais de 50.000 crianças sofrem de desnutrição aguda e necessitam agora de cuidados vitais".
Em Gaza do diretor disse ter conhecido médicos, enfermeiros e profissionais de nutrição que implementam os programas apoiados pelo UNICEF. "Caminhei por mercados e bairros – ou pelo que resta deles. Ouvi as lutas de mães e pais para alimentar seus filhos. Não tenho dúvidas do fato de que o risco de fome e de uma grande crise alimentar em larga escala em Gaza é real."
E a única forma de evitar isso, a ser veu, é um cessar-fogo imediato e um acesso humanitário sustentado e em grande escala a toda a Faixa de Gaza. "Somente isso permitirá às famílias ter acesso a alimentos, incluindo nutrição especializada para crianças pequenas, suplementos nutricionais para mulheres grávidas e serviços de saúde, água e saneamento para toda a população."
No Sudão, mais de 25 milhões de pessoas sofrem de insegurança alimentar, incluindo quase 3,7 milhões de crianças que sofrem de desnutrição aguda. Estes números continuam a aumentar devido aos deslocamentos em massa, ao acesso humanitário limitado, à interrupção dos serviços de saúde e nutrição e ao início da época de escassez.
O UNICEF apela a uma resposta humanitária irrestrita e em grande escala para a prevenção, detecção e tratamento precoce da desnutrição aguda entre as crianças mais vulneráveis, especialmente aquelas com menos de 5 anos de idade, e as suas mães, cuja vida está ameaçada por estas crises múltiplas e crescentes.
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