Fiéis católicos esperam a chegada do Papa Francisco em Díli. (Foto de Yasuyoshi CHIBA / AFP) Fiéis católicos esperam a chegada do Papa Francisco em Díli. (Foto de Yasuyoshi CHIBA / AFP)  (AFP or licensors)

O Timor-Leste que acolhe o Papa Francisco

Colônia portuguesa do século XVI até 28 de novembro de 1975, com o breve parênteses da ocupação japonesa durante a Segunda Guerra Mundial, o Timor-Leste foi invadido pelo exército indonésio nove dias após a sua declaração de independência e então anexada pelo Governo de Jacarta em 1976, como 27ª Província da Indonésia. Após lutas e sangrenta repressão, o país declarou a independência em 20 de maio de 2002, tendo o líder da guerrilha da independência, Xanana Gusmão, como seu primeiro presidente.

Vatican News

Localizada no sudeste da Ásia, a República do Timor-Leste encontra-se a 400 km a norte da Austrália, no Mar de Timor. Faz parte das Pequenas Ilhas da Sonda, no extremo leste do arquipélago indonésio. Inclui a metade oriental da ilha Timor, o enclave separado de Oecusse, localizado em Timor Ocidental, e as pequenas ilhas de de Ataúro e Jaco.

O território é atravessado por montanhas escarpadas, das quais o pico mais alto é o Monte Ramelau (2.960 m). A planície costeira do sul consiste em pântanos e deltas de rios. O solo rochoso e os períodos de escarsa precipitação criam dificuldades para a agricultura, o que muitas vezes leva à escassez de alimentos e de água.

A maior parte dos rios, dos quais os mais longos são o Laclo do Norte e o Laleia, desaparecem completamente na estação seca. No entanto, após chuvas torrenciais, podem transformar-se em torrentes violentas e, por vezes, causar inundações repentinas. Durante a estação das chuvas é possível ver cachoeiras nas encostas das montanhas. O Lago Ira Laloro é o único lago com dimensões consideráveis. O clima é tropical com uma estação seca, de maio a novembro, e uma estação úmida, de dezembro a abril.

Capital: Díli (277.488 habitantes)
Superfície: 14.874 km² (Itália: 302.073 km2)
População: 1.499.000 habitantes.
Densidade: 101 habitantes/km²
Idioma: português, tétum (oficiais), inglês
Principais grupos étnicos: malésios-polinésios (tétum, mambai e tukudede, entre os principais grupos étnicos), papuásios (bunak, fataluku e outros), chineses
Religião: católicos (98%), protestantes (2%), muçulmanos (0,2%)
Forma de governo: República semipresidencial
Moeda: dólar americano (1 EUR = 1,11 USD)

A República Democrática de Timor-Leste está localizada na parte oriental da ilha de Timor, a leste da Indonésia. Colônia portuguesa do século XVI até 28 de novembro de 1975, com o breve parênteses da ocupação japonesa durante a Segunda Guerra Mundial, foi invadida pelo exército indonésio nove dias após a sua declaração de independência e então anexada pelo Governo de Jacarta em 1976, como 27ª Província da Indonésia.

Após 24 anos de guerrilha liderada pelas Falintil, o braço armado da Fretilin (Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente) e de repressão sangrenta, em 30 de agosto de 1999 foi convocado um referendo sob a supervisão da ONU, vencido pelos apoiadores da independência. Seguiram-se violências, que foram interrompidas pela intervenção de uma força multinacional de manutenção da paz da ONU, que permitiu a Timor-Leste declarar a independência em 20 de maio de 2002, tendo o líder da guerrilha da independência, Xanana Gusmão, como seu primeiro presidente.

Um papel decisivo neste processo foi desempenhado pela Igreja Católica local. A história de Timor-Leste após a independência foi marcada por tensões políticas. Em particular, entre 2006 e 2008 o país viveu uma fase de forte instabilidade que culminou em 2008 em uma tentativa de golpe militar contra o então presidente Ramos-Horta (2007-2012), gravemente ferido, e o primeiro-Ministro Gusmão, que escapou ileso.

Ramos-Horta foi sucedido em 2012 por José Maria Vasconcelos (conhecido pelo seu nome de guerra, Taur Matan Ruak), apoiado por Xanana Gusmão, que permaneceu no cargo até 2017 e depois foi nomeado primeiro-ministro em 2018.

Ainda que a eleição presidencial de março de 2017 - a primeira sem a supervisão da ONU, e que viu a vitória de Francisco "Lu'Olo" Guterres da Fretlin, e as legislativas de julho seguinte - , tenha decorrido de forma pacífica, esta não levou a uma maioria clara no governo. Desde então, o país vive à beira de uma crise política.

Em 26 de janeiro de 2018, o presidente Francisco Guterres dissolveu o Parlamento depois que os partidos da oposição rejeitaram o plano orçamental e convocaram novas eleições parlamentares para 12 de maio. Estas produziram um novo governo de minoria liderado pelo Partido de Libertação Popular (PLP), que caiu em 17 de janeiro de 2020, novamente devido à incapacidade do primeiro-ministro Taur Matan Ruak de aprovar o orçamento estatal, abrindo caminho para novas eleições legislativas.

As últimas eleições presidenciais viram o regresso à cena do ex-presidente José Ramos-Horta, que obteve 62,10% dos votos no segundo turno. A forte disputa entre partidos e facções políticas é um dos fatores que continua a dificultar o desenvolvimento de Timor-Leste que, apesar de ter registado uma melhoria nos parâmetros econômicos após a independência, continua a ser um país pobre. Isto, não obstante a riqueza dos campos de petróleo e gás offshore, até agora inexplorados devido à falta de planejamento e de recursos financeiros para construir as infra-estruturas necessárias.

Cerca de metade da população timorense ainda vive hoje abaixo do limiar da pobreza. A isto soma-se o elevado desemprego que, nas áreas urbanas, atinge valores muito elevados e afeta especialmente os jovens. Esta situação é o argumento utilizado por alguns membros da ASEAN, a Associação das Nações do Sudeste Asiático, para se oporem à adesão de Timor-Leste à organização. No entanto, Timor-Leste está determinado a ingressar na associação econômica regional em 2025, com o apoio do seu antigo inimigo, a Indonésia.

A capital Dili

 

Com seus 277.488 habitantes, Dilié a capital e maior cidade da República Democrática de Timor-Leste, a mais oriental das Pequenas Ilhas da Sonda no Sudeste Asiático. A cidade está localizada no litoral norte, no Estreito de Ombai, e é o principal porto e centro comercial do país. Em 1520 foi colonizada pelos portugueses, depois disputada por espanhóis, holandeses, britânicos e, durante a Segunda Guerra Mundial, ocupada pelos japoneses até 26 de setembro de 1945, quando o território foi devolvido aos portugueses.

Tendo obtido a independência de Portugal em 1975, Timor-Leste foi invadido pelas forças indonésias em 1976, que designaram Díli como capital do país. Seguiu-se um conflito entre as forças indonésias e os defensores da independência, durante o qual milhares de civis foram mortos, entre 60.000 e 100.000 pessoas.

A este propósito, recorda-se o dia 12 de novembro de 1991, que entrou para a história como “massacre de Díli” e também conhecido como “massacre de Santa Cruz”, dia da violenta repressão às manifestações independentistas que tiveram lugar no cemitério de Santa Cruz.

Em 1999, Timor-Leste ficou sob a supervisão das forças de manutenção da paz das Nações Unidas e em 20 de maio de 2002 declarou a independência da Indonésia, elegendo Díli como capital do novo Estado soberano.

Na cidade, as décadas de resistência contra a ocupação, são recordadas em uma série de museus, como o Museu da Resistência Timorense; o National Chega Centre, uma antiga prisão indonésia; ou o Dare War Memorial Museum, que comemora o sacrifício de soldados australianos e timorenses durante a Segunda Guerra Mundial.

Em Díli, cidade predominantemente católica, os dois principais locais de culto são a Igreja de Motael, a mais antiga igreja católica do país, construída em 1955 sob a ocupação portuguesa, e a Igreja da Imaculada Conceição, a maior catedral católica romana do sudeste  asiático. No centro histórico encontramos, além de Catedral de Díli, também da época colonial portuguesa, a Praça dos Heróis Timorenses, dominada por um grande monumento que comemora a luta e os sacrifícios feitos pela independência do país.

O monumento representa três timorenses que se protegem uns aos outros com as seus fuzis. A praça oferece uma bela vista do mar e dos arredores da cidade. Localizada no coração da capital também a Colina da Fatuhada, famosa pela sua vista panorâmica sobre a Baía de Díli e arredores, que alberga as antigas residências coloniais e o Palácio do Governo.

Localizado no centro, também o Mercado Tais, um mercado tradicional, onde pode-se comprar objetos de arte e produtos locais. O mercado é especialmente famoso pela sua tecidos artesanais coloridos, chamados de "tais", importante símbolo da cultura local.

A imponente estátua do Cristo Rei, monumento simbólico situado nos arredores da cidade, num promontório, foi doada pelo governo indonésio durante a sua ocupação. A estátua, de 27 m de altura, representa Jesus de braços abertos, tendo sob os pés o globo terrestre. Para chegar desde a praia é preciso subir 600 degraus e seguir um caminho marcado pelas 14 Estações da Via Sacra. Ao chegar ao topo, pode-se contemplar um belo panorama de toda a capital.

A Fortaleza de São João Batista, construída pelos portugueses no século XVI, além da sua história oferece também uma esplêndida vista sobre o mar e o porto de Díli. No seu interior funciona o museu militar, onde estão expostos objetos históricos e fotografias que contam a história da nação.

A capital também oferece belas praias, como a Areia Branca, com areias brancas e águas cristalinas, e a de Cristo Rei, dominada pela imponente estátua de Cristo.

O Parque Nacional de Nino Konis Santana oferece rica flora e fauna e maravilhosas paisagens montanhosas. O parque abriga o maior lago de Timor-Leste, o Lago Modo. A cerca de 10 km a oeste de Díli fica o Tasitolu Peace Park, um símbolo de paz e reconciliação para os timorenses, dentro do qual existem três lagos salgados.

Uma referência de arte na cidade é a Arte Moris, um espaço cultural e artístico único, onde é possível admirar obras de arte contemporânea de artistas locais e internacionais, visitar exposições e participar de eventos ou de cursos de pintura, escultura e fotografia.

O clima de Díli é tipicamente equatorial, com temperaturas elevadas durante todo o ano e chuvas abundantes em todos os meses.

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09 setembro 2024, 04:44