Papa Francisco durante confissões na Praça São Pedro Papa Francisco durante confissões na Praça São Pedro 

“Francisco vai conseguir?”, pergunta feita por católicos e leigos que virou livro

“As palavras precisam se transformar em carinho. Pode-se dizer coisas duras e difíceis, inclusive mais sérias, mas não temos nenhuma autoridade para atingir os outros porque Deus é misericórdia, também quando critica, Ele é bom."

Cidade do Vaticano

“O Papa vai conseguir fazer a reforma?”, é a pergunta que muitos se fazem e que expressa o título do livro de Pe. Rocco Ambrosio, professor italiano que se ocupa de análise institucional e aborda o caso da Igreja católica no Pontificado de Francisco, baseando-se nos seus estudos.

É dessa forma que o autor introduz a obra, disponível em português, ao examinar os movimentos atuais do Papa para tentar entender se essa reforma terá ou não sucesso.

O que deve fazer um bispo se não aquilo que o Papa está fazendo?

Segundo Pe. Rocco, Francisco trata muito de corrupção, por exemplo, – e com muita liberdade em falar e lutar contra ela, antes mesmo de ser eleito Sucessor de Pedro. O Papa usa de dinâmicas antropológicas da corrupção que acabam valendo tanto para a Igreja, como para o mundo político, social e econômico.

Mas é importante perceber que a figura de Francisco, porém, é vista com diferentes olhos em diversas partes do mundo.

Padre Rocco: “É óbvio que o Papa é Papa com toda a sua força, é um bispo da América Latina e vem de uma história da América Latina. Aquela história, pra nós ocidentais, talvez europeus (porque não quero falar dos outros), causa surpresa. Porém, para um da América Latina, é normal. O que deve fazer um bispo se não aquilo que o Papa está fazendo?

Mas está aqui o problema da reforma, isto é, existem dois modelos de Igreja. Dou um exemplo europeu: as Igrejas com maior dificuldade para compreender o modelo de Francisco são da Itália e da Espanha, porque são Igrejas que trabalharam em temáticas muito distantes da sensibilidade da América Latina.”  

A reforma do Pontificado do Papa Francisco, segundo Pe. Rocco, é direcionada em dois importantes pontos: a referência ao Concílio Vaticano II (novo estilo de presença da Igreja no mundo, a missão, a opção preferencial pelos pobres, novo movimento ecumênico e a reforma da Cúria) e o problema dos escândalos (desde aquele pior para a Igreja, como a pedofilia, àquele da administração econômica da Santa Sé – mas também das dioceses e das Ordens Religiosas; e do “carreirismo”, a relação com o poder).

“A verdade é um carinho.”

O Papa busca, assim, “a beleza da verdade”. E se diversos autores descrevem o conceito de verdade como um tapa, um soco, indepedente do contexto inserido, Pe. Rocco enxerga diversamente quando conduzida por Francisco: neste Pontificado, a verdade é um carinho.

Padre Rocco: “As palavras precisam se transformar em carinho. Pode-se dizer coisas duras e difíceis, inclusive mais sérias, mas não temos nenhuma autoridade para atingir os outros porque Deus é misericórdia, também quando critica, Ele é bom. E também quando age na justiça sã, inclusive dessa forma, é um modelo de Igreja. Aqui, misericórdia e justiça não são opostas, mas uma completa a outra. A misericórdia de Deus é justa, e a justiça de Deus é misericordiosa.”

O livro “Francisco vai conseguir? O desafio da reforma da Igreja”, de Rocco d’Ambrosio, pode ser adquirido através da Editora católica das Livrarias Paulinas (www.paulinas.org.br).

 

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07 novembro 2017, 14:37