Papa: missionários da misericórdia são embaixadores do amor de Deus
Bianca Fraccalvieri - Cidade do Vaticano
A manhã do Papa Francisco foi em companhia dos missionários da misericórdia, que concluem na quarta-feira uma jornada de reflexões e catequeses passados dois anos da experiência do Jubileu da Misericórdia.
Os missionários da misericórdia são sacerdotes indicados pelas várias dioceses do mundo, para que com suas capacidades pastorais e espirituais, especialmente a escuta, sejam anunciadores da Misericórdia de Deus.
Isaías e Paulo
O discurso do Pontífice foi longo, estruturado sobretudo a partir do texto do profeta Isaías e da experiência do Apóstolo Paulo.
De fato, a primeira indicação oferecida pelo Apóstolo é que os sacerdotes são colaboradores de Deus. A mensagem que levamos como embaixadores em nome de Cristo é a de fazer as pazes com Deus. O nosso apostolado é um a buscar e receber o perdão do Pai. Como se vêm Deus necessita de homens que levem ao mundo o seu perdão e a sua misericórdia.”
Esta responsabilidade, acrescentou o Papa, requer um estilo de vida coerente com a missão recebida. Ser colaboradores da misericórdia pressupõe, portanto, reconhecer a misericórdia de Deus primeiramente na própria existência pessoal.
Os ministros, portanto, não devem se colocar acima dos outros como se fossem juízes dos irmãos pecadores. Um verdadeiro missionário da misericórdia se espelha na experiência de Paulo: Deus escolheu a mim; depositou a sua confiança em mim não obstante eu seja um pecador para ser um seu colaborador.
Primeirar
Francisco prosseguiu usando um de seus neologismos: a palavra primeirar, que expressa a dinâmica do primeiro ato com o qual Deus vem ao nosso encontro. “A reconciliação não é, como se pensa frequentemente, uma nossa iniciativa privada ou o fruto do nosso empenho”, recordou. A primeira iniciativa é do Senhor; é Ele que nos precede no amor.
Portanto, diante de um penitente, os ministros devem reconhecer alguém que já realizou o primeiro fruto do encontro com o amor de Deus. E a tarefa dos confessores consiste em não tornar vã a ação da graça de Deus, mas ampará-la e permitir que chegue à sua realização.
Mas infelizmente, admitiu o Papa, pode acontecer que o sacerdote, com o seu comportamento, afaste ao invés de aproximar o penitente.
“Não é preciso que faça sentir vergonha a quem já reconheceu o seu pecado e sabe que errou, não é preciso investigar lá onde a graça do Pai já interveio; não é permitido violar o espaço sagrado de uma pessoa no seu relacionar-se com Deus.”
Pelo contrário, quando se acolhe o penitente, é preciso olhar em seus olhos e ouvi-lo para permitir que perceba o amor de Deus que perdoa apesar de tudo. O sacerdote não o culpa pelo mal do qual se arrependeu, mas o encoraja a olhar para o futuro com novos olhos, de olhar novamente para a vida com confiança e empenho.
Afinal, o Deus que amou o mundo a ponto de dar o seu Filho jamais poderá abandonar ninguém: o Seu amor estará sempre ali, próximo, maior e mais fiel do que qualquer abandono. E os missionários da misericórdia são chamados a ser intérpretes e testemunhas deste Amor.
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