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Galtung: Papa Francisco dá força ao jornalismo de paz

Entrevista com o professor Johan Galtung, “idealizador” nos anos 1960 do jornalismo de paz, sobre a Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, “A verdade vos tornará livres: fake news e jornalismo de paz”.

Cidade do Vaticano

Em 1960 “inventou” a fórmula do jornalismo de paz. Hoje, aos 87 anos, Johan Galtung, norueguês de nascimento, mas cidadão do mundo, é considerado um dos intelectuais mais significativos do nosso tempo e reconhecido mundialmente como o fundador dos modernos estudos sobre a paz. Lecionou em algumas das universidades mais importantes do mundo e é consultor de vários organismos das Nações Unidas. Em 1998 fundou a Transcend, uma organização de mediação de conflitos que tem como objetivo colocar a experiência e o conhecimento ao serviço das práticas de transformação de conflitos, construção da paz e desenvolvimento. Nesta entrevista ao Vatican News, o professor Galtung fala da atualidade do jornalismo de paz e do grande apoio oferecido pelo Papa Francisco a este compromisso com a sua última Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais.

Prof. Galtung, historicamente foi o senhor quem lançou o conceito de “jornalismo de paz”, nos anos Sessenta… Como nasceu esta ideia?

R. – Simplesmente estudando as notícias, e isso nos anos 60 quando se falava de Cuba e do Congo. Eu estudava, analisava os jornais noruegueses para entender como tratavam as notícias. E, sintetizando, posso dizer que na época cheguei a quatro conclusões: as notícias deviam ser negativas e ter alguma coisa relacionada a guerra e violência; serem dirigidas para o exterior e não serem estruturadas; ter alguém para dar a culpa – aspecto muito importante – e, enfim, devia se referir a outros países, países importantes e em particular a personagens importantes nos países importantes. Isso mesmo, peguemos qualquer exemplo e vejamos se corresponde a um destes quatro critérios: neste ponto é fácil que se torne notícia.

“A Mensagem do Papa Francisco dá um grande apoio ao jornalismo de paz”

Desde então se passaram 60 anos. Para o senhor, o que significa, hoje, “jornalismo de paz”?

R. – Desde então, trabalhei muito com o conceito de paz e portanto, para mim há uma distinção entre a paz “positiva” e a paz “negativa”. Com efeito, o jornalismo de paz divide-se em dois: o jornalismo de paz “negativo”, que busca soluções a conflitos com o objetivo de reduzir a violência; e o jornalismo de paz “positivo” que explora a possibilidade de uma maior cooperação positiva. Em outras palavras, o primeiro se concentra no aspecto negativo e o segundo no positivo.

Como o senhor sabe, o Papa Francisco dedicou a Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais 2018 ao “jornalismo de paz”. Para o senhor, qual é a importância para desta tomada de posição do Papa?

R. – Papa Francisco é uma das figuras positivas mais importantes do nosso tempo e obviamente estou profundamente gratificado pela sua tomada de posição com relação a um conceito como o “jornalismo de paz”: considero formidável o seu apoio! Sou um grande admirador do Papa Francisco e para mim esta Mensagem é uma grande motivação e um grande apoio.

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09 maio 2018, 08:34