Papa: todos são admitidos no caminho do Senhor, ninguém deve sentir-se um intruso
Cidade do Vaticano
Dois milagres, em duas histórias interligadas que tem um único centro, a fé, mostram Jesus como fonte de vida, “como aquele que devolve a vida àqueles que confiam n'Ele plenamente”.
Inspirando-se nas curas da filha de Jairo e da hemorroísa, narradas no Evangelho de Marcos proposto pela liturgia do dia, o Papa Francisco falou aos 20 mil fiéis e turistas reunidos na Praça São Pedro sobre a fé e a vida nova trazidas por Jesus, ressaltando que a única morte que devemos temer é a do coração endurecido pelo mal, mumificado.
“O Evangelho deste domingo apresenta dois prodígios realizados por Jesus, descrevendo-os quase como uma espécie de marcha triunfal para a vida”, disse Francisco ao começar sua alocução, para então descrever o que aconteceu na casa de Jairo naquele dia.
Ao saber da notícia de que a filha dele havia morrido, Jesus lhe disse apenas: "Não tenha medo, apenas tenha fé!" E ao chegar na casa, mandou sair a multidão que lamentava e dirigiu-se ao quarto da menina, dizendo: “Levanta-te”. “E imediatamente a menina levantou-se, como se despertasse de um sono profundo”.
Francisco passa então ao segundo milagre narrado por Marcos, a cura da hemorroísa, destacando o fato de que “a fé dessa mulher atrai, e me vem o desejo de dizer “rouba”, precisou Francisco - o poder salvador divino que existe em Cristo, que, sentindo que uma força que "saiu dele", tenta entender quem tenha sido. E quando a mulher, com tanta vergonha, se aproxima e confessa tudo, Ele diz a ela: "Filha, a tua fé te salvou":
O pai da menina e a mulher doente – explicou o Papa - não são discípulos de Jesus e ainda assim ficam tocados pela sua fé. Têm fé naquele homem:
“A partir disso entendemos que todos são admitidos no caminho do Senhor: ninguém deve se sentir como um intruso, uma pessoa abusiva ou alguém que não tem direito. Para ter acesso ao seu coração, ao coração de Jesus, há apenas um requisito: sentir necessidade de cura e confiar n’Ele”.
E o Santo Padre questiona os presentes:
“Eu pergunto a vocês: cada um de nós se sente necessitado de alguma cura? De qualquer coisa, de qualquer pecado, de qualquer problema? E se sente isto, tem fé em Jesus? São dois os requisitos para ser curado, para ter acesso ao seu coração: sentir-se necessitado de cura e confiar n’Ele”.
O Papa sabiamente observa que Jesus descobre essas pessoas em meio à multidão, “e as tira do anonimato, libertando-as do medo de viver e ousar”, e explica como Ele faz isto:
“Ele faz isso com um olhar e com uma palavra que as coloca em caminho depois de tantos sofrimentos e humilhações".
Nesta página do Evangelho – explicou - os temas da fé e da nova vida que Jesus veio oferecer a todos se entrelaçam. “Jesus é o Senhor e, diante dele, a morte física é como um sono: não há motivo para desesperar-se. Outra é a morte da qual devemos ter medo: a do coração endurecido pelo mal!”:
“Ah, dela sim devemos ter medo! Quando nós sentimos ter o coração endurecido, o coração que se endurece e me permito a palavra: o coração mumificado. Devemos ter medo disto. Esta é a morte do coração. Mas mesmo o pecado, mesmo o coração mumificado, para Jesus nunca é a última palavra, porque Ele nos trouxe a infinita misericórdia do Pai. E mesmo que caíssemos, a sua voz suave e forte nos alcança: "Eu te digo: levanta-te!"”
“É belo ouvir aquela palavra de Jesus dirigida a cada um de nós: “Eu te digo: levanta-te. Vai. Levanta-te, coragem. Levanta-te”. E Jesus restitui a vida à menina e restitui a vida à mulher curada: vida e fé às duas”.
Ao concluir o Papa pede para invocarmos a intercessão materna da Virgem Maria, “por nossos irmãos que sofrem no corpo e espírito”.
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