Papa: que o testemunho de ter um coração que sabe perdoar sem fazer sofrer chegue a todos os padres
Jackson Erpen – Cidade do Vaticano
Os sem-teto não foram esquecidos pelo Papa na sua viagem à Irlanda. Após rezar pelas vítimas de abusos na Catedral Santa Maria, Francisco dirigiu-se de papamóvel ao Centro de Acolhida dos Padres Capuchinhos, distante 3 km, sendo saudado ao longo do trajeto por milhares de irlandeses que abanavam bandeiras com as cores branco e amarelo do Vaticano.
O Santo Padre foi acolhido na entrada lateral do refeitório pelos dez religiosos que administram o Centro. No pátio também estavam presentes funcionários e voluntários que trabalham no local. No refeitório estavam reunidos as cerca de 100 pessoas assistidas no Centro.
Após a saudação do Irmão Diretor do Centro, Francisco disse algumas palavras de forma improvisada:
“Você disse que os Capuchinhos são conhecidos como os frades do povo, próximos ao povo, e isto é verdade. E se às vezes alguma comunidade capuchinha se distancia do povo de Deus, cai. Vocês têm uma especial sintonia com o povo de Deus, antes ainda, com os pobres. Vocês têm a graça de contemplar as chagas de Jesus nas pessoas que têm necessidade, que sofrem, que não são felizes ou que não têm nada ou são cheias de vícios ou de defeitos. Para vocês, é a carne de Cristo, e este é o testemunho de vocês e a Igreja tem necessidade deste testemunho. Obrigado!”.
Depois de agradecer, Francisco retomou a palavra, dizendo-se tocado no coração de que ali “vocês não pedem nada”. “É Jesus que vem. Não pedem nada. Aceitem a vida como vem, consolem e quando houver necessidade, perdoem. Isto é uma repreensão, mas me faz pensar em tantos padres que vivem pedindo sobre a vida dos outros e que na confissão cavam, cavam, cavam nas consciências”.
“O testemunho de vocês – disse Francisco – ensina os sacerdotes a escutar, a serem próximos, a perdoar e não perguntar muito; ser simples, como Jesus disse que fez aquele pai, que quando o filho retornou cheio de pecados e vícios, o pai não se sentou no confessionário, começando a perguntar, perguntar, perguntar; assumiu a penitência, o arrependimento do filho e o abraçou. Que o testemunho de vocês ao povo de Deus e este coração de saber perdoar sem fazer sofrer, chegue a todos os padres. Obrigado”.
Às pessoas assistidas no Centro, o Papa agradeceu “pelo amor e confiança que têm pelos padres capuchinhos (...). Vocês são a Igreja, são o povo de Deus, Jesus está com vocês. Eles darão a vocês as coisas de que têm necessidade, mas ouçam os conselhos que eles dão a vocês. Sempre aconselham bem vocês. E se tiverem alguma coisa, alguma dúvida, alguma dor, falem com eles que darão bons conselhos. Vocês sabem que eles lhes querem bem, caso contrário esta obra aqui não existiria”.
Ao concluir, Francisco pediu para rezarem: “Rezem pela Igreja, rezem pelos sacerdotes. Rezem pelos capuchinhos. Rezem pelos bispos, rezem pelo bispo de vocês. E também, rezem por mim”.
O Papa saiu pela porta lateral, sendo saudados por fiéis que o aguardavam, dirigindo-se então para a Nunciatura Apostólica, para um breve repouso em preparação à Festa das Famílias no Croke Park Stadium durante a noite.
O Centro de Acolhida
A Casa de Acolhida foi fundada há 48 anos pelo padre Kevin Crowley ofm cap, seu atual delegado e co-diretor.
Com o aumento da crise econômica na Irlanda, em 2017 o Centro prestou 398 mil serviços a pessoas sem moradia fixa e famílias indigentes, o que incluiu distribuição diária de refeições, mesmo em feriados, também para famílias em dificuldades (cerca de 250 a 300 pessoas a cada dia).
Também foram distribuídas cestas de alimentos (chegando a 1.400 num único dia), vestuário e sacos de dormir e oferecidas duchas e uma vez ao mês serviços gratuitos de cabeleireiros e barbeiros, além de consultas médicas.
Todos os serviços são prestados por voluntários, num total de 15 mil horas de trabalho doadas a cada ano.
Ademais, com o centro colabora gratuitamente o Safetynet Primary Care Service, que coloca à disposição 4 médicos de base a cada semana, diversos consultórios de dentistas, podólogos e o Hospital Mater Misericordiae de Dublin.
O Centro é totalmente mantido por doações privadas, mas também por diversas organizações, escolas, grupos paroquiais e associações.
O Centro é totalmente mantido por doações privadas, mas também por diversas organizações, escolas, grupos paroquiais e associações.
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