Igreja e Islã, amizade é fortalecida
Alessandro De Carolis - Cidade do Vaticano
"A história não vai esquecer". O Xeique Abdallah Ben Zayed Al Nahyan, ministro das Relações Exteriores dos Emirados Árabes Unidos, acaba de receber do Papa de presente, 200 exemplares da Declaração sobre a Fraternidade Humana e comenta com estas palavras a importância do gesto que há vinte dias imprimiu um novo curso nas relações entre a Igreja e o Islã. As cópias trazem no frontispício a foto que retrata Francisco e o Grande Imame de Al-Ahzar, Ahmad al-Tayyib, no ato de assinar em conjunto o documento que escolhe como língua comum "a cultura do diálogo".
Primeiras decisões
E é precisamente na recordação daquele momento que a delegação oficial dos Emirados, liderada pelo Xeique Ben Zayed, foi recebida na residência de Santa Marta, no Vaticano, por volta das 12h30, hora local. O objetivo era comunicar pessoalmente a Francisco o primeiro feedback concreto produzido pelos princípios contidos na Declaração, alguns já implementados e outros em fase de realização. O Papa e o Xeique conversaram por 45 minutos antes de proceder à troca de presentes e depois continuar com o almoço na residência de Santa Marta. Além de cópias da Declaração sobre a Fraternidade Humana, Francisco quis dar de presente a cópia de uma gravura original datada do século XVII, que mostra as obras na Praça São Pedro, e quatro grandes álbuns de fotos destinados ao presidente e vice-presidente dos Emirados Árabes Unidos , com uma série de fotos recordação da visita papal aos Emirados.
As pedras da tolerância
Um dos presentes do Xeique ao Papa é singular e precioso, uma pequena caixa com algumas pedras cor ouro e bronze inteiramente cobertas de inscrições em árabe, mensagens inspiradas no amor e na tolerância. Um símbolo "sólido" para recordar o espírito da Declaração, de um catolicismo e de um islã que desejam prosseguir lado a lado em amizade, como a que há muito tempo liga seus dois maiores representantes. Certamente, um documento histórico que, enquanto isso, nos Emirados Árabes Unidos e no mundo islâmico está lentamente reescrevendo a história.
Gesto inimaginável
Falando na Cúpula Mundial de Governos realizada em Dubai há duas semanas, o próprio Xeique Ben Zayed enfatizou os passos dados pelo Papa e pelo Grande Imame. "Quem dentre nós - disse ele - poderia ter imaginado que dois símbolos dessa magnitude teriam superado todos os obstáculos para selar um documento de reconciliação, em um mundo marcado por oposições políticas, por incitação ao ódio, à violência e ao extremismo?".
A única maneira de "apertar as mãos"
A resposta está na força dos valores que as duas religiões escolheram compartilhar, na condenação de todas as formas de intolerância, especialmente se armada, o apelo aos governantes para garantir a liberdade e os direitos e impedir "o derramamento de sangue inocente", o respeito pelas mulheres, a vida, pela expressão da fé pessoal e pela casa do mundo em que todos vivemos. Uma declaração que será estudada, foi assegurado. Mas o ponto de partida e ponto crítico, foi indicado pelo Papa Francisco aos repórteres no voo de retorno de Abu Dhabi: "Se nós crentes não somos capazes de nos dar a mão, de nos abraçarmos, beijarmos e até rezarmos, a nossa fé será derrotada" .
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