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Papa Francisco: entrevista à TV espanhola

Na entrevista, Francisco classifica de "injustiça" que os países fechem a porta a todos aqueles que migram por causa da guerra, da fome ou da exploração, e apela à "atitude cristã" para receber, acompanhar, promover e integrar.

Madri

O Papa Francisco defende que no Vaticano "é necessário ir limpando" porque é um Estado que não se salva dos pecados e vergonhas presentes em outras sociedades: "Temos os mesmos limites e às vezes caímos nas mesmas coisas (...) O trabalho é ir limpando, limpando, limpando".

O Papa reconhece que no Vaticano há também "mercadores" como os que Jesus Cristo expulsou do templo, em uma entrevista que foi transmitida neste domingo no canal de televisão espanhol La Sexta.

Na entrevista, Francisco classifica de "injustiça" que os países fechem a porta a todos aqueles que migram por causa da guerra, da fome ou da exploração, e apela à "atitude cristã" para receber, acompanhar, promover e integrar.

O Papa condena a retenção em Barcelona (leste da Espanha) do navio da ONG Proactiva Open Arms, conhecido por suas tarefas de ajuda aos migrantes no Mediterrâneo, e pede aos católicos que rejeitam a imigração que leiam o Evangelho e sejam coerentes com ele. E considera que, "em geral", a causa das migrações é um sistema econômico capitalista "concebido como selvagem" que provoca desigualdades e guerras: "defendo que já estamos em uma terceira guerra mundial, em pedaços".

Francisco também condena propostas como a construção de um muro de fronteira com o México, defendida pelo presidente dos EUA, Donald Trump: "Quem constrói um muro acaba prisioneiro do muro que construiu. E isso é lei universal.

Bergoglio declara-se entristecido com a venda de armas à Arábia Saudita provenientes de países como a Espanha: "Tenho pena. Mas eu diria que não é o único governo", disse ao jornalista Jordi Évole.

Francisco defende o direito à verdade, a uma sepultura digna e a encontrar os corpos dos familiares das vítimas da Guerra Civil Espanhola, um caso que se compara com os mais de 30.000 desaparecidos durante a ditadura argentina.

"Na Argentina isto ainda está sendo feito, lentamente... É um direito. Não é apenas um direito da família, da sociedade. Uma sociedade não pode sorrir para o futuro tendo seus mortos escondidos", argumenta.

O Santo Padre defende que o encontro sobre a proteção dos menores recentemente realizado no Vaticano permitiu "iniciar processos" para "curar"  as vítimas  e recomenda que as vítimas de abusos por parte dos religiosos chamem a polícia.

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01 abril 2019, 11:26