Francisco: o Direito Canônico é essencial para o diálogo ecumênico
Mariangela Jaguraba - Cidade do Vaticano
O Papa Francisco recebeu em audiência nesta quinta-feira (19/09), na Sala Clementina, no Vaticano, oitenta participantes do encontro promovido pela Sociedade de Direito das Igrejas Orientais.
A entidade, que completa cinquenta anos de fundação, este ano, foi fundada pelo pe. Ivan Žužek, em Roma, em 1969, pouco depois do Concílio Vaticano II. Tem como membros professores e especialistas em Direito Canônico. Pe. Ivan trabalhou muito no Código dos Cânones das Igrejas Orientais.
O Papa agradeceu a visita da sociedade, ao Vaticano, ressaltando que o jubileu da corporação ofereceu-lhe a alegria de rever o seu querido irmão o patriarca Bartolomeu, primeiro vice-presidente da Sociedade de Direito das Igrejas Orientais.
Direito Canônico e diálogo ecumênico
“A atividade de estudo da Sociedade, que integra especialistas de várias Igrejas, Orientais católicas, Ortodoxas e Ortodoxas orientais, é de fundamental ajuda ao diálogo ecumênico. Quantas coisas aprendemos uns dos outros! Em todos os âmbitos da vida eclesial: na Teologia, na vida espiritual e litúrgica, na atividade pastoral e, obviamente, também no Direito Canônico”, sublinhou Francisco.
“O Direito Canônico é essencial para o diálogo ecumênico. Muitos dos diálogos teológicos que Igreja Católica conduz, em particular com a Igreja Ortodoxa e as Igrejas Ortodoxas Orientais, são de natureza eclesiológica. Possuem também uma dimensão canônica, uma vez que a eclesiologia se expressa nas instituições e no direito das Igrejas. Portanto, é claro que o Direito Canônico não é somente uma ajuda ao diálogo ecumênico, mas é uma dimensão essencial. O diálogo ecumênico também é um enriquecimento para o Direito Canônico.”
Encontrar caminhos rumo à unidade plena
A seguir, o Papa citou como exemplo a sinodalidade.
“A sinodalidade, traduzida em certas instituições e procedimentos da Igreja, mostra bem a dimensão ecumênica do Direito Canônico. Por um lado, temos a possibilidade de aprender da experiência sinodal de outras tradições, especialmente das Igrejas Orientais. Por outro, é claro que a maneira como a Igreja católica vive a sinodalidade é importante para as suas relações com os outros cristãos. É um desafio ecumênico. De fato, «o compromisso de edificar uma Igreja sinodal, missão à qual todos somos chamados, cada um na função que o Senhor lhe confiou, está repleto de implicações ecumênicas».”
Francisco concluiu o seu discurso, afirmando que “baseando-se no patrimônio canônico comum do primeiro milênio, o diálogo teológico atual entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa busca uma compreensão comum do primado e da sinodalidade, e de suas inter-relações, a serviço da unidade da Igreja. O seu estudo também tem uma dimensão sinodal. Vocês caminham juntos, e na escuta recíproca, confrontam suas tradições e experiências a fim de encontrar caminhos rumo à unidade plena”.
Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui