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Papa aos missionários: a missão se faz com a alegria do Evangelho

"Com Cristo não existem tédio, cansaço e tristeza, porque Ele é a novidade contínua do nosso viver", disse o Papa Francisco ao receber membros dos Institutos de missão de origem italiana.

Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano

Na véspera da abertura do Mês Missionário Extraordinário, o Papa Francisco recebeu em audiência, no Vaticano, os Institutos de missão de origem italiana.

Combonianos, cabrinianos, scalabrinianos estavam entre o grupo recebido pelo Pontífice, que iniciou seu discurso manifestando seu reconhecimento aos santos fundadores, que entre a metade de 1800 e a metade de 1900, se abriram generosamente ao mundo com coragem e confiança no Senhor.

Ouça a reportagem completa com a voz do Papa Francisco

“O missionário vive a coragem do Evangelho sem demasiados cálculos, às vezes indo inclusive além do bom senso comum, porque impulsionado pela confiança depositada exclusivamente em Jesus”, disse o Papa, destacando que há uma “mística” da missão que precisa ser redescoberta.

“Não existe outra razão senão Cristo Ressuscitado para decidir partir, deixar os afetos mais caros, o próprio país, os próprios amigos, a própria cultura.”

Ad gentes, ad extra e ad vitam

O Pontífice destacou as três “características” do missionário: ad gentes (para as nações), ad extra (para fora), ad vitam (para sempre). A missão, ressaltou, não é em sentido único, isto é, da Europa para o restante do mundo. Pelo contrário, observou, a maior parte das vocações sacerdotais e religiosas hoje surge em territórios que, precedentemente, somente recebiam missionários.

A este ponto, o Papa recordou a assembleia-geral da Companhia de Jesus de 1974, a de número 32. Naquele período, era “estranho” pensar num prepósito que não fosse europeu, sendo que hoje é um latino-americano [Arturo Sosa]. “A situação se inverteu: o que em 74 era uma utopia, hoje é a realidade.”

“Este fato, de um lado, aumente em nós o sentido de gratidão pelos santos evangelizadores que semearam com grandes sacrifícios naquelas terras e, de outro, constitui um desafio para as Igrejas e para os Institutos: um desafio para a comunhão e para a formação.”

Sem alegria, não há missão

Partir para outro país, prosseguiu, é transmitir uma mensagem de coragem e força para quem fica. Pois partir é continuar a dizer:

“Com Cristo não existem tédio, cansaço e tristeza, porque Ele é a novidade contínua do nosso viver. Ao missionário, é necessária a alegria do Evangelho: sem esta, não se faz missão, se anuncia um Evangelho que não atrai.”

Cardeal Hummes

“Não tenham medo de testemunhar Jesus também lá onde resulta incômodo ou pouco conveniente”, encorajou por fim o Papa. Ele saberá encontrar o modo para fazer crescer aquela pequena semente que é o seu nome pronunciado por um missionário ou uma missionária.

Francisco citou o Cardeal brasileiro Cláudio Hummes e suas visitas pastorais pela Amazônia, que começam no cemitério para ver os túmulos dos missionários. “Ele me contou isso e depois acrescentou: ‘Todos eles merecem ser canonizados pela semente enterrada ali’. Um belo pensamento.”

O último pensamento do Papa foi dirigido aos migrantes: “As gentes distantes, agora vieram a habitar nos nossos países, são os desconhecidos da porta ao lado. É preciso redescobrir a aventura fascinante de fazer-se próximos, de acolher e de se ajudar”. O tema escolhido para este mês extraordinário é justamente “batizados e enviados”, para recordar que a natureza intrínseca da Igreja é missionária.

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30 setembro 2019, 12:15