Na Casa Santa Marta, a oração pelas vítimas de Brumadinho
Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano
O Papa Francisco celebrou na manhã desta sexta-feira (28/02) a missa na capela da Casa Santa Marta e ao final, como de costume, saudou os participantes.
Entre eles, havia brasileiros: o bispo auxiliar de Belo Horizonte, Dom Vicente de Paula Ferreira, e o Fr. Rodrigo Peret. Eles estavam acompanhados do Padre Dario Bossi, missionário italiano provincial dos combonianos no Brasil.
Para nós é uma alegria e pedir também a benção para o nosso povo no Brasil, para o nosso trabalho, nosso ministério, nossa missão. Porque nós estamos aqui com uma série de agendas que está bastante ligada a esse tema da ecologia integral. Este ano faz 5 anos da Laudato Si, então essa união, essa comunhão com o Santo Padre foi expressada na celebração da Eucaristia, que é a nossa mesa comum, o nosso Sacramento maior, fonte e cume da Igreja. Então celebrar com ele neste tempo quaresmal, também de conversão, para nós foi uma grande experiência.
Luta por justiça
Dom Vicente é responsável por Brumadinho e está na Europa seguindo uma agenda de encontros sobre a questão ambiental. Até 11 de março, há etapas previstas em Viena, Bruxelas, Essen, Berlim e Genebra, para a 43a Sessão de Direitos Humanos. Dom Vicente e o Fr. Peret integram a Comissão Episcopal de Ecologia Integral e Mineração da CNNB.
De fato, a Igreja vem lutando ao lado das vítimas das tragédias de Brumadinho e de outros crimes, como o de Mariana, em busca não só de justiça, mas de uma verdadeira conversão do sistema para que esses episódios não ocorram mais.
Passado um ano do rompimento da barragem em Brumadinho, depois de inúmeras lágrimas, missas e de tantas caminhadas, Dom Vicente compara este momento com o de Maria ao pé da Cruz, afirmando que “o amor existe, é Deus, mas o amor que resiste até o fim é feminino, é de mulher, é de Maria”. “A resistência de um amor que não desiste é mariano.”
Brumadinho nunca mais
Ao comentar a Exortação apostólica pós-sinodal “Querida Amazonia”, Dom Vicente se inspirou nos quatros sonhos de Francisco expressos no documento (cultural, social, ecológico e eclesial) para revelar seu sonho em relação a Brumadinho:
"O meu sonho é que Brumadinho pudesse ser para humanidade um caso especial, que a gente tem que se debruçar sobre isso para aprender alguma coisa, porque o meu medo é que Brumadinho seja mais um caso e passe. Eu sei que pode ser uma coisa meio utópica, mas eu peço a Deus que seja assim, que a gente aprende e diga: nunca mais queremos isso para a humanidade. Nós honraríamos pelo menos o sangue dessas 272 pessoas que, inocentemente, morreram em frações de segundo por esse mar de lamas. Inclusive é por isso que nós estamos aqui."
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