Francisco: coronavírus e risco de “genocídio viral”
Mariangela Jaguraba - Cidade do Vaticano
O Papa Francisco enviou uma carta, no último sábado (28/03), ao presidente da Comissão Pan-Americana de Juízes para os Direitos Sociais, dr. Roberto Andrés Gallardo, alertando os governos que não adotam medidas para defender a população do Covid-19 e com uma reflexão sobre as consequências sociais a serem enfrentadas.
“Estamos todos preocupados com o crescimento, em progressão geométrica, da pandemia. Estou feliz com a reação de tantas pessoas, médicos, enfermeiros, enfermeiras, voluntários, religiosos, sacerdotes que arriscam suas vidas para curar e defender as pessoas saudáveis do contágio”, ressalta Francisco na missiva.
O Papa destaca que “alguns governos adotaram medidas exemplares com prioridades bem definidas para defender a população”.
“É verdade que essas medidas “incomodam” aqueles que são obrigados a cumpri-las, mas é sempre para o bem comum e, a longo prazo, a maioria das pessoas as aceita e se move com uma atitude positiva. Os governos que enfrentam a crise mostram a prioridade de suas decisões: primeiro as pessoas. E isso é importante, pois sabemos que defender as pessoas supõe um prejuízo econômico”, destaca Francisco.
Segundo o Papa, “seria triste se o oposto fosse escolhido, o que levaria à morte de muitas pessoas, algo como um genocídio viral”.
A seguir, o Pontífice refere ao juiz que na última sexta-feira (27/03), fez uma reunião com o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral a fim de refletir sobre o agora e o depois. “Preparar-nos para o depois é importante”, ressalta o Papa na carta.
Segundo Francisco, já se notam algumas consequências da pandemia do Covid-19 que devem ser enfrentadas, como por exemplo a fome, especialmente pelas pessoas sem trabalho fixo, violência, surgimento de agiotas, e tantos outros efeitos.
Em relação “ao futuro econômico”, o Papa recorda a visão interessante da economista Mariana Mazzucato, professora da University College London contida no livro “O valor de tudo. Quem produz e quem subtrai na economia global”, publicado em 2018, ressaltando que tal pensamento “ajuda a pensar o futuro”.
O livro conta como especuladores e rentistas fingem ser criadores de valores na economia global e lança um apelo a fim de repensar o valor como a chave para criar um mundo diferente e melhor.
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