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Covid-19: Missa com o Papa, vínculo global de esperança

A transmissão em direto da Missa na Casa de Santa Marta presidida pelo Papa Francisco é exemplo de um notável esforço de comunicação global. Para dar esperança em tempo de pandemia.

Rui Saraiva - Portugal

O coronavírus continua a semear morte e desespero em todo o mundo. Itália e Espanha estão em sofrimento com números muito altos de infetados e de mortos. Os profissionais de saúde estão cada vez mais cansados e exaustos e lançam um apelo incessante a todos nós: fiquem em casa.

Em direto, um vínculo de esperança

Neste período de pandemia e de confinamento dos católicos nas suas casas, o tempo é da igreja doméstica. A Eucaristia é vivida em casa onde se faz comunhão espiritual. O Papa Francisco, num esforço notável de comunicação global propõe em direto a Missa a partir da Casa de Santa Marta no Vaticano.

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As igrejas estão fechadas. A assembleia dos fiéis não se pode reunir. Multiplicam-se as celebrações na internet. Nesta necessidade de comunicação e de relação e juntando aos habituais momentos da Audiência Geral e do Angelus, que agora têm lugar na Biblioteca do Palácio Apostólico, a Missa que Francisco celebra em Santa Marta surge como um momento único de união com o Papa. E com a Igreja.

Desde o início do pontificado que esta Eucaristia era só para pequenos grupos e sobre a qual conhecíamos apenas o essencial da homilia em competentes resumos que os jornalistas da Rádio Vaticano produziam.

No entanto, neste momento de sofrimento mundial, a presença do Papa em direto, celebrando a Eucaristia, tornou-se num vínculo global de esperança que anima o quotidiano dos fiéis.

Em cada dia uma mensagem

Em cada Eucaristia quotidiana o Papa Francisco deixa uma mensagem concreta. Curiosamente, nesta quarta-feira, dia 1 de abril a atenção do Santo Padre foi para os órgãos de comunicação social, pedindo-lhes que ajudem as pessoas a suportar este período de isolamento.

Agora com a transmissão em direto da Missa na Casa de Santa Marta estas mensagens do Papa assumem uma amiga proximidade nos dias tristes que vivemos, plenos de incerteza e com muitas lágrimas.

Foi, precisamente, de lágrimas que falou o Papa Francisco na Missa que celebrou a 29 de março. Era o V Domingo da Quaresma e no Evangelho, Jesus comove-se com a morte do seu amigo Lázaro e chora. E o Papa sublinhou este facto:

“E Jesus desatou a chorar. Jesus, Deus, mas homem, chorou. Uma outra vez no Evangelho diz que Jesus chorou: quando chorou sobre Jerusalém. E com que ternura chorou Jesus! Chorou do coração, chorou com amor, chorou com os seus que choram. O choro de Jesus. Talvez tenha chorado outras vezes na vida – não sabemos – seguramente no Jardim das Oliveiras. Mas Jesus chora por amor, sempre” – disse o Papa.

O choro de Jesus. Um choro de compaixão – recordou o Santo Padre propondo pistas de reflexão:

“Hoje, perante este mundo que sofre tanto, a tanta gente que sofre as consequências desta pandemia, eu pergunto-me: sou capaz de chorar, como seguramente o teria feito Jesus e fá-lo agora Jesus? O meu coração é parecido com aquele de Jesus?”

Na segunda-feira, dia 30 de março, o Santo Padre deixou uma palavra para as pessoas que estão com medo. A pandemia assusta. E o Papa pediu orações por aqueles que não conseguem reagir e vivem amedrontados.

Na Missa de terça-feira, 31 de março, Francisco teve um pensamento especial para as pessoas sem abrigo pedindo que a sociedade “se dê conta” e os acolha.

Ninguém se salva sozinho

A crise provocada pela pandemia do coronavírus está a paralisar a atividade regular das empresas e das instituições e também das comunidades cristãs. Por isso, este é um tempo no qual a comunicação adquire uma importância essencial. Na conceção, produção e difusão. Um verdadeiro valor estratégico.

No Vaticano teve lugar na passada sexta-feira, 27 de março, um momento de grande intensidade e profundidade espiritual com transmissão em direto. Foi a Oração pelo Mundo numa Praça de S. Pedro vazia. O Santo Padre encheu-a das preces da humanidade. Através da Palavra de Deus e a Adoração Eucarística.

Com o Santíssimo Sacramento nas mãos, Francisco deu a Benção Urbi et Orbi. Recordou o esforço daqueles que estão a trabalhar e a ajudar em plena pandemia de coronavírus e afirmou que ninguém se salva sozinho:

“…médicos, enfermeiros e enfermeiras, trabalhadores dos supermercados, pessoal da limpeza, cuidadores, transportadores, forças policiais, voluntários, sacerdotes, religiosas e muitos – mas muitos – outros que compreenderam que ninguém se salva sozinho”.

São “densas” as trevas que cobriram as praças, ruas e cidades do mundo nas últimas semanas. Francisco disse que a humanidade julgava que continuaria sempre saudável “num mundo doente”. Um mundo que esqueceu os “pobres”. O Papa pediu que “convidemos Jesus a subir para o barco da nossa vida” para ativarmos “a solidariedade e a esperança”, ancorados na cruz de Cristo pela qual “fomos salvos”.  E confiou todos ao Senhor:

“Queridos irmãos e irmãs, deste lugar que atesta a fé rochosa de Pedro, gostaria nesta tarde de vos confiar a todos ao Senhor, pela intercessão de Nossa Senhora, saúde do seu povo, estrela do mar em tempestade. Desta colunata que abraça Roma e o mundo, desça sobre vós, como um abraço consolador, a bênção de Deus. Senhor, abençoa o mundo, dá saúde aos corpos e conforto aos corações! Pedes-nos para não ter medo; a nossa fé, porém, é fraca e sentimo-nos temerosos. Mas Tu, Senhor, não nos deixes à mercê da tempestade.”

Em tempo de pandemia, que está a provocar tantas vítimas em todo o mundo, a presença mediática do Papa Francisco, nomeadamente com a missa diária em Santa Marta, é um importante vínculo global de fé e esperança. Continuemos a rezar e a confiar no Senhor.

Laudetur Iesus Christus

 

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02 abril 2020, 11:17