Francisco: "A Palavra de Deus é a carta de amor escrita para nós"
Jane Nogara - Vatican News
A Solenidade deste 2º Domingo da Palavra de Deus, 24 de janeiro, não foi presidida pelo Papa Francisco por causa de uma dolorosa ciatalgia. A homilia preparada pelo Santo Padre foi lida por Dom Rino Fisichella.
Na sua homilia Francisco destaca que neste Domingo da Palavra, ouvimos Jesus anunciar o Reino de Deus e o texto se desenvolve em dois tópicos: Vejamos o que diz e a quem o diz.
“O que diz. Jesus começa a pregar assim: ‘Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo’. Deus está perto: é a primeira mensagem”. “O tempo da distância acabou, quando Se fez homem em Jesus. Desde então, Deus está muito perto, nunca Se separará nem Se cansará da nossa humanidade”. “Antes de qualquer palavra nossa sobre Deus, está a sua Palavra para nós, que continua a dizer-nos: ‘Não tenhas medo, estou contigo. Estou perto de ti e continuarei a estar’.
Palavra de conversão
“Com efeito o Senhor, através da sua Palavra, con-sola, isto é, permanece com quem está só. Falando conosco, lembra-nos que estamos no seu coração, somos preciosos a seus olhos, estamos guardados na palma das suas mãos. A Palavra de Deus infunde esta paz, mas não deixa em paz. É Palavra de consolação, mas também de conversão.
Isto não é cristão, porque a pessoa que experimenta a proximidade de Deus não pode colocar à distância o próximo, não pode deixá-lo distante na indiferença”.
“Assim a Palavra, semeada no terreno do nosso coração, leva-nos a semear esperança através da proximidade. Precisamente como Deus faz conosco”.
A quem fala Jesus
Na segunda parte da homilia do Papa Francisco, dom Rino Fisichella lê a quem fala Jesus.
“Dirige-Se, em primeiro lugar, a pescadores da Galileia. Eram pessoas simples, que viviam do trabalho das suas mãos labutando duramente noite e dia. Não eram especialistas na Sagrada Escritura, nem se salientavam certamente por ciência e cultura”. (…) Mas Jesus começa de lá: não do centro, mas da periferia. E fá-lo também para nos dizer que ninguém fica marginalizado no coração de Deus. Todos podem receber a sua Palavra e encontrá-Lo pessoalmente”.
“Mas a Palavra também tem uma força individual, isto é, incide sobre cada um de maneira direta, pessoal”.
Jesus “não os atrai com discursos elevados e inacessíveis, mas fala às suas vidas: a pescadores de peixes diz que serão pescadores de homens”. “Jesus chama-os partindo da sua vida: ‘Sois pescadores, tornar-vos-eis pescadores de homens’”.
Concluindo a sua homilia Francisco escreveu:
“Por isso, queridos irmãos e irmãs, não renunciamos à Palavra de Deus. É a carta de amor escrita para nós por Aquele que nos conhece como ninguém: lendo-a, voltamos a ouvir a sua voz, vislumbramos o seu rosto, recebemos o seu Espírito”.
E aconselhou:
“Coloquemos o Evangelho num lugar onde nos lembremos de o abrir diariamente, talvez no começo e no fim do dia, de tal modo que, no meio de tantas palavras que chegam aos nossos ouvidos, qualquer versículo da Palavra de Deus chegue ao coração”.
“Neste Ano Litúrgico, estamos lendo o Evangelho de Marcos, o mais simples e curto. Por que não fazê-lo também em privado, meditando uma pequena passagem cada dia? Far-nos-á sentir próximo o Senhor e infundirá coragem no caminho da vida”.
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