O Papa: o amor ao próximo, indispensável para uma integração universal
Jane Nogara – Vatican News
O Papa Francisco enviou uma mensagem por ocasião do Evento de Solidariedade no 30º Aniversário do Sistema de Integração Centro-Americano que se realiza em Costa Rica. Recordando os objetivos da iniciativa o Papa escreveu que “visa mobilizar apoio para melhorar a situação das pessoas deslocadas à força e das comunidades que as acolhem na região da América Central e do México”. E destaca: “A palavra solidariedade, que está no centro deste evento, assume um significado ainda maior neste tempo de crise pandêmica, uma crise que colocou à prova o mundo inteiro, tanto os países ricos como os pobres”.
Família das nações
“A crise sanitária, econômica e social causada pela Covid-19 – continuou o Papa – recordou a todos que os seres humanos são como o pó. Mas pó valioso aos olhos de Deus, que nos constituiu como uma única família humana. E assim como a família natural educa para a fidelidade, sinceridade, cooperação e respeito, promovendo o planejamento de um mundo habitável e para acreditar em relações de confiança, mesmo em condições difíceis, também a família das nações é chamada a dirigir sua atenção comum a todos, especialmente aos membros menores e mais vulneráveis, sem ceder à lógica da concorrência e dos interesses particulares”.
Mobilidade dos povos
Francisco citou outro drama desencadeado pela pandemia e crise climática além de fatores econômicos que é “o fenômeno em massa da mobilidade humana forçada que assume o aspecto de um êxodo regional”.
Outro problema que se soma aos anteriores prossegue o Papa é “o número crescente de casos de tráfico humano, tráfico que ‘é uma ferida no corpo da humanidade contemporânea, uma ferida na carne de Cristo, um crime contra a humanidade’”, recorda.
Centralidade da pessoa humana
E seguida o Papa afirma: “Neste contexto, a Santa Sé, embora reafirmando o direito exclusivo dos Estados de administrar suas próprias fronteiras, espera um compromisso regional comum, sólido e coordenado com o objetivo de colocar a pessoa e sua dignidade no centro de todo exercício político”. De fato, continua:
As condições dos migrantes, requerentes de asilo e refugiados exigem que lhes seja garantida a segurança pessoal e o acesso aos serviços básicos”. Concluindo, "além dessas proteções, é necessário adotar mecanismos internacionais específicos que proporcionem proteção concreta e reconheçam o drama muitas vezes invisível das pessoas deslocadas internamente, relegadas à retaguarda das agendas políticas nacionais".
Crise climática
No parágrafo seguinte o Papa recorda a grave crise climática, solicitando aos participantes do evento que “estas medidas devem ser acompanhadas por políticas regionais para a proteção da nossa ‘Casa Comum’ destinadas a mitigar o impacto tanto dos fenômenos climáticos quanto das catástrofes ambientais causadas pela apropriação de terras pelo homem, desmatamento e apropriação da água. E conclui seu pensamento ponderando: “Estas violações comprometem seriamente as três áreas fundamentais do desenvolvimento humano integral: terra, moradia e trabalho”.
Mulheres e crianças
Francisco recorda também dos mais vulneráveis: “As crianças e as mulheres merecem atenção especial: ‘As mulheres são a fonte da vida. No entanto, elas são continuamente ofendidas, espancadas, violadas, induzidas à prostituição e à eliminação da vida que carregam no ventre.
“Todos somos chamados a apoiar uma educação que promova a igualdade fundamental, o respeito e a honra que merecem as mulheres".
Dimensão espiritual
“Em tempos de sofrimento incomensurável causado pela pandemia, violência e desastres ambientais, a dimensão espiritual não pode e não deve ser relegada a uma posição secundária”, afirma o Papa. “A condição para a construção de sociedades inclusivas está em uma compreensão integral da pessoa humana, que se sente verdadeiramente acolhida quando todas as dimensões que compõem sua identidade, incluindo a dimensão religiosa, são reconhecidas e aceitas".
Cooperação multilateral
Por fim o Papa faz um caloroso apelo aos participantes do evento: “A integração cultural, econômica e política com os povos vizinhos deve ser acompanhada por um processo educativo que promova o valor de amar o próximo, o primeiro exercício indispensável para alcançar uma integração universal saudável". E recorda: “A cooperação multilateral é uma ferramenta valiosa para promover o bem comum (...) de modo que as fronteiras não sejam zonas de tensão, mas braços abertos de reconciliação”. Concluindo sua carta escreve: “A Igreja caminha ao lado dos povos da América Central, que enfrentaram corajosamente as crises e estão acolhendo as comunidades, e os exorta a perseverar em solidariedade com a confiança mútua e a esperança ousada”.
Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui