Papa em apelo de paz ao Líbano: basta de usar o país para interesses e lucros alheios
Andressa Collet - Vatican News
A jornada de reflexão e oração pela paz no Líbano foi nesta quinta-feira (1), a partir do Vaticano e com os líderes das comunidades cristãs presentes no País dos Cedros, mas com a esperança - antecipada pelo próprio Papa Francisco - de que seja um dia “seguido de iniciativas concretas sob o signo do diálogo, do empenho educativo e da solidariedade”. Na mensagem do Pontífice, proferida na Basílica de São Pedro após a oração ecumênica que concluiu o evento “Juntos em prol do Líbano”, a exortação para que todos, libaneses na pátria e no mundo inteiro, permaneçam unidos para promover “projetos de paz e não de desgraça”. Essa frase foi repetida quatro vezes pelo Papa na mensagem, “em resposta ao grito de nossa oração” e fazendo referência às palavras de Deus nas Escrituras (Jr 29,11).
A oração pela paz que acompanha o grito de misericórdia
Francisco, junto aos pastores e sustentados pela oração dos fiéis, rezaram e refletiram, impelidos pela grande preocupação pelo Líbano que se vê mergulhado numa grave crise. Em meio a esse “momento escuro” e orientados “à luz de Deus”, através de invocações e cantos de diferentes tradições presentes naquele país, com textos em árabe, siríaco, armênio e caldeu, o Papa recordou a necessidade de pedir perdão pelas “nossas sombras”, como “os erros cometidos quando não testemunhamos o Evangelho com toda a coerência". Um pedido de misericórdia que é quase “o grito de um povo inteiro”, aquele libanês, “desiludido e exausto, carecido de certezas, de esperança, de paz”.
Projetos de paz e não de desgraça
O Papa procura enaltecer que a oração em comum desta quinta-feira (1) busca “projetos de paz e não de desgraça”, afirmando “com todas as forças que o Líbano é e deve continuar sendo um projeto de paz”. Uma terra com a vocação da fraternidade, onde diferentes religiões e confissões se encontram e convivem. Daí o apelo do Pontífice para que “os detentores do poder” estejam a serviço do bem comum e não dos próprios interesses.
Para realizar “projetos de paz e não de desgraça”, Francisco convida ainda os libaneses a se inspirarem nas “raízes profundas” de uma “história única” do país, através de exemplos – como dos próprios idosos – que usaram da diversidade como possibilidade, não como obstáculo. Uma exortação que é dirigida a todos os cidadãos, mas também aos dirigentes políticos, para que encontrem “soluções urgentes e perduráveis para a crise econômica, social e política atual”; aos migrantes, para que se coloquem a serviço da pátria; e à comunidade internacional, para que, com esforço conjunto, sejam criadas condições para começar um caminho de recuperação.
Enfim, um compromisso renovado a todos os cristãos para se “construir um futuro juntos, porque o futuro só será pacífico se for comum”, enaltece o Papa, sendo “semeadores de paz e artesãos de fraternidade”, sem fugir das responsabilidades do presente.
Unidos, por uma aurora de esperança
Ao final da mensagem, o Papa recorda a participação dos jovens no momento conclusivo da jornada pelo Líbano no Vaticano, daqueles que são a esperança e “o renascimento do país”, como “lâmpadas que ardem nesta hora escura”. E feito luz que brota das palavras do poeta libanês, Khalil Gibran, citadas pelo próprio Pontífice: “mais além da cortina negra da noite, há uma aurora que nos espera”.
Francisco pede escuta e atenção a essa geração, mas também às crianças: que os seus “olhos luminosos, mas banhados por muitas lágrimas, sacudam as consciências e orientem as opções”. Outras luzes a serem “respeitadas, valorizadas e envolvidas nos processos decisórios do Líbano” são aquelas das mulheres, lembra Francisco, ao finalizar a mensagem parafraseando novamente o poeta sobre a importância da união diante da escuridão: “para chegar à aurora, não há outra estrada senão a noite. E na noite da crise, é preciso permanecer unidos”.
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