Papa: ir às periferias, que estão repletas de solidão e feridas
Vatican News
O Papa Francisco encerrou suas atividades neste sábado recebendo, no Vaticano, os membros da Associação Lázaro, que está completando 10 anos de existência.
O projeto nasceu na França com a finalidade de dar um lar às pessoas em situação de rua. Mais do oferecer um abrigo, a experiência dos membros da Associação é morar com essas pessoas nas casas e compartilhar o seu cotidiano. Hoje, 10 anos depois, o projeto cresceu e está presente na Bélgica, na Espanha e no México.
“Agradeço a Deus pela bela experiência que estão tendo na coabitação e fraternidade que vivem no dia a dia”, escreve o Papa no discurso que foi entregue, definindo o projeto como “uma vitrine da amizade social que todos somos chamados a viver”.
“Num ambiente cheio de indiferença, individualismo e egoísmo, faz-nos compreender que os valores da vida autêntica se encontram em acolher as diferenças, respeitar a dignidade humana, escutar, cuidar e servir os mais humildes.”
A coragem de abrir portas
Depois de ouvir alguns testemunhos, o Papa deixou de lado o texto escrito e entregue, e refletiu sobre o que ouviu. O discurso de Francisco baseou-se numa imagem, a da "porta", uma metáfora de muitas experiências relatadas durante o encontro: "A experiência da porta aberta, da porta fechada, o medo de não me abrirem a porta, o medo de me fecharem a porta na cara. Esta experiência que acabamos de ouvir de alguns de vocês é a experiência de cada um de nós se olharmos para dentro de nós mesmos".
Tantas situações que suscitam uma pergunta: "Qual é a minha relação com a porta?". "A porta é Deus", diz o Papa. Qual é a minha relação com a porta? Será que me aproprio dela e não deixo ninguém entrar? Ou será que tenho medo de bater à porta? Ou será que espero sem bater que alguém a abra para mim? Cada um de nós tem atitudes diferentes em relação a Deus que é a porta.
Lázaro, uma pequena gota no mar da necessidade
Por vezes, na vida, é preciso ter "a humildade de bater à porta", outras vezes é preciso ter "a coragem de não ter medo daquele que me vai abrir a porta, que é Deus". E uma vez dentro, deve-se ter "a grandeza de não fechar a porta atrás de mim", mas sim "de a abrir para que outros possam entrar". É o que a instituição tem feito há anos: "Abrir portas". Não como "porteiros", mas como "homens e mulheres que, porque uma vez abriram a porta a cada um de vocês, sentem a necessidade de a abrir aos outros".
O Papa expressou assim a sua mais profunda gratidão por esta gota no mar das necessidades. Uma gota, no entanto, preciosa: "Vão em frente!”. Sem, porém, a soberba de acharem são grandes.
Não desistam
O mesmo encorajamento está contido no discurso entregue. Na sociedade, pode-se sentir isolado, rejeitado e sofrer de exclusão. “Mas não desistam, não se desencorajem”, foram as palavras do Pontífice.
Francisco os animou a permanecerem firmes em suas convicções e fé. “Vocês são a face amorosa de Cristo. Então espalhem à sua volta este fogo de amor que aquece corações frios e secos.”
A exortação do Papa prosseguiu pedindo que os membros da Associação possam ir para as periferias, “que estão frequentemente cheias de solidão, tristeza, feridas interiores e perda do gosto pela vida”.
“Com as suas palavras e ações, derramem o óleo de consolação e cura sobre os corações feridos. Quero repetir: Deus os ama.”
O Santo Padre concluiu concedendo a sua bênção apostólica.
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