Entre Missionárias da Caridade e pobres de Bratislava, Papa terá uma acolhida calorosa
Gabriella Ceraso - Cidade do Vaticano
Uma visita privada entre por entre quartos e o pátio. Assim, na tarde desta segunda-feira, 13, por volta das 16h (horário local), o Papa Francisco visitará o Centro Belém em um dos maiores bairros da Eslováquia e da Europa Central.
E é justamente ali que as Irmãs da Congregação de Madre Teresa acolhem e ajudam os sem-teto e as pessoas com maiores dificuldades da cidade e de suas periferias. Assim, o rosto da caridade concreta dos eslovacos é mostrado ao Pontífice que, para a ocasião, poderá saudar também um grupo de pessoas da Paróquia da Sagrada Família Oratório São Filipe Neri, à qual o Centro está ligado. A guiá-lo, o padre Juraj Vittek, o pároco que falou ao Vatican News sobre a realidade social, o trabalho das irmãs e o espírito com que, como sacerdote, está vivendo esta visita de Francisco. De fato, pela manhã, o sacerdote também participa do encontro do Papa na Catedral com religiosos e bispos:
Padre Vittek, qual é a realidade do Centro Belém e o que o Papa encontrará?
O Centro acolhe os mais pobres dos pobres, como disse Madre Teresa. As freiras costumam sair de casa e vão procurá-los no bosque, na rua, embaixo das pontes e trazê-los para cá. No entanto, seu apostolado diz respeito também a todos os pobres, que estão espalhados por toda parte. Nas tardes de domingo são cerca de 170 pessoas que povoam o Centro para comer uma refeição que as irmãs preparam e todos são convidados a participar da Missa da tarde, na capela que é o lugar sagrado e festivo da casa. O Papa, que quis visitar a casa, encontrar os pobres e aprender sobre o apostolado das irmãs, verá também outras pessoas aqui reunidas: colaboradores leigos que ajudam as irmãs, sacerdotes que vêm regularmente e outras famílias pobres de fora. Eles estarão no jardim comigo. Uma vez que esta realidade faz parte da minha paróquia - aquela que João Paulo II visitou em 2003, a Paróquia da Sagrada Família - fomos convidados, e com as crianças e as famílias preparamos um acolhimento festivo, um acolhimento alegre com as nossas canções.
Podemos considerar este Centro um espelho da realidade social da cidade e do país?
O bairro onde está localizado o Centro é o maior da Europa Central, com seus 120.000 habitantes. Construído pelos comunistas nos anos 70-80, nos 90 era chamado de Bronx Eslovaco, porque havia drogas e violência. Mas hoje a situação mudou muito, é um bom lugar para morar, fica perto do centro, mas como tantos conglomerados urbanos muito grandes vê as dificuldades de tantas pessoas. Mas eu não diria que é um bairro pobre. São as periferias aquelas que têm os mais marginalizados: alcoólatras, toxicodependentes e muitos que vivem na rua. Existem várias causas para essa dificuldade. Por exemplo, acompanho uma pessoa que mora na rua porque ainda não conseguiu superar o assassinato de sua família pela máfia e por 20 anos ainda não conseguiu superar sua solidão. Assim, aqui as histórias são muito diferentes, também há muitos que estão bem integrados e ajudam. Mas o maior problema continua sendo a perda do sentido da vida. Infelizmente não podemos ajudar a todos como gostaríamos e muitos acabam nas ruas novamente.
O senhor também participa do encontro com o Papa na Catedral na manhã de hoje, com bispos e religiosos. O que esperas desta ocasião e como o senhor se preparou?
Eu leio a visita do Papa por meio das muitas congruências entre a nossa Igreja e a latino-americana. Conheci muitos sacerdotes latino-americanos e vi que existem muitas semelhanças com a nossa Igreja, porque existe muita espiritualidade, existe uma devoção popular que é uma força natural, segundo o Papa, da nova evangelização. O povo simples é o portador do Espírito Santo que renova a Igreja. Como diz o Papa: “O povo se evangeliza por si mesmo”. Acho que o Papa percebe isso na Igreja eslovaca. Certamente também aqui não faltam perigos, individualismo e crescimento de populismos como no resto da Europa, aspectos que o Papa não considera bons, na minha opinião. E por isso acredito e espero que o Papa encoraje as boas forças da Igreja eslovaca para que possamos retomar o nosso caminho marcado por uma certa confusão que antes não existia. Os nossos fiéis estão sujeitos a contradições e acredito que ele queira encorajar a devoção popular saudável.
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