Aos jovens, Papa pede criatividade e adverte para "psicologia da indiferença"
Vatican News
A tarde de quinta-feira do Papa Francisco foi dedicada aos jovens. No Colégio Internacional Maria Mater Ecclesiae, o Pontífice se reuniu com um grupo de 50 pessoas que, a convite de Scholas Occurrentes, partilham as diferentes experiências que tiveram durante a pandemia e as lições aprendidas nas suas comunidades.
Eles iniciam um ano de formação humana e política inspirada na encíclica “Fratelli tutti”, com o objetivo de criar uma resposta que esteja em sintonia com os tempos e inclua as periferias geográficas e sociais.
Portanto, os interlocutores do Papa eram jovens refugiados, estudantes de universidades prestigiosas ou em situação de vulnerabilidade. Com idades compreendidas entre os 16 e os 27 anos, eles cantaram, relataram suas experiências e encenaram uma peça usando máscaras brancas com vários desenhos e escritas, para simbolizar "a dor" que aflige a juventude de hoje.
De modo especial, a história de Austen impressionou o Papa: um jovem refugiado ruandês que fugiu com a sua família do genocídio de 1994 – um testemunho que o levou a denunciar mais uma vez o drama que vivem, em meio a uma “psicologia da indiferença” .
Mulheres tratadas como mercadoria
No Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, Francisco não deixou de pensar nas muitas jovens, mães, esposas e irmãs, que são tratadas como mercadorias.
E por falar em costas líbicas, o Pontífice definiu muitos dos centros para migrantes como "campos de concentração".
O Papa revelou que leu recentemente um livro chamado "Hermanito", que fala de um rapaz que segue o seu irmão mais novo rumo à Europa. "Conheci muitos refugiados que me dizem quanto tempo levaram para chegar à Europa, anos, dois ou três anos", observou o Pontífice. "A vida de um refugiado é viver na rua, mas não na sua rua, não na rua da sua cidade, na rua da vida onde é ignorado, pisoteado, tratado como se nada fosse."
Gratidão e criatividade
O convite aos jovens então é para "serem gratos pela vida" que têm, por não serem forçados a fugir da sua pátria. "Tenham cuidado", advertiu, "para não se tornarem prisioneiros na sua própria pátria, prisioneiros culturais."
"Aprendam a fugir das prisões que lhe são apresentadas pelos costumes sociais já determinados, os socialmente corretos."
Mas há também espaço para experiências positivas e o Papa exortou os jovens à criatividade:
" A criatividade é o que o impulsiona. É um risco a criatividade, é um risco, porém uma comunidade sem criatividade é uma máscara como esta, todos tem uniformizado não somente o rosto, mas também o coração.”
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