Itália: o telefonema do Papa ao pároco empenhado no combate à máfia
Michele Raviart, Andressa Collet - Vatican News
"Era um número desconhecido. Pronto, sou Papa Francisco." O telefonema do Pontífice veio de repente e surpreendeu o Padre Maurizio Patriciello, pároco do município italiano de Caivano, na província de Nápoles, sempre envolvido na luta contra a máfia na chamada Terra do Fogo. A região afetada pela poluição fica entre as cidades de Nápoles e Caserta, que a Camorra transformou num lixão a céu aberto, com queima ilegal de detritos e produtos tóxicos, considerados crimes ambientais cometidos pela chamada 'máfia do lixo'.
"O telefonema durou alguns minutos" na hora do almoço da última sexta-feira (7), disse ainda o pároco ao Vatican News, que complementou, entusiasta: "e ele me disse que conhecia a situação em que trabalhamos", "sobre os problemas que temos com a Camorra". O Papa, ainda segundo o relato do Pe. Maurizio, "disse que estava próximo e orava por mim e também pediu orações por ele". Enfim, "foi realmente uma surpresa também porque ele não deixou ninguém pré-anunciá-lo".
A bomba na Igreja no seu aniversário
Em 12 de março deste ano, no dia do aniversário do pároco, uma bomba explodiu em frente à igreja de São Paulo Apóstolo, no Parque Verde de Caivano. "Fiquei feliz que o Papa sabia tudo sobre o assunto", disse o padre, que vive sob escolta: "e ele queria que eu soubesse que ele estava próximo, rezava por mim e me encorajava a continuar fazendo o que estou fazendo". O Pe. Maurizio fez questão de lembrar que, "inclusive nos últimos anos, o Papa esteve próximo de nós na questão ambiental", especialmente "depois de Laudato si'".
Bairros nascidos com o "pecado original"
"A nossa atividade continua", enfatizou o pároco. "Estes são bairros problemáticos, que eu sempre digo que nasceram com o 'pecado original'", reitera. "Colocamos lá todas essas famílias pobres, muitas também honestas, que nos últimos anos foram embora e deixaram as suas casas para a Camorra, que tomou em posse. E assim, com o passar do tempo, se o Estado não faz sentir forte a sua mão, tudo se torna cada vez mais problemático".
A proximidade do Papa com a Terra do Fogo
O Papa Francisco deveria visitar Acerra, perto de Caivano, em 24 de maio de 2020, para falar com o povo da Terra do Fogo por ocasião do quinto aniversário da Encíclica Laudato si' sobre o cuidado da casa comum. Uma viagem que chegou a ser considerada histórica pela diocese local, mais tarde adiada por causa da pandemia. Naquele dia, o Pontífice chegou a recordar durante a oração do Regina Coeli. "Hoje eu deveria ir a Acerra, para apoiar a fé daquela população e o compromisso dos que trabalham para combater o drama da poluição na chamada Terra do Fogo", disse ele, saudando, abençoando e encorajando toda a comunidade.
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