O Papa: a mais alta dignidade da pessoa humana consiste em testemunhar a verdade
Raimundo de Lima – Vatican News
O Papa recebeu em audiência no final da manhã desta segunda-feira, na Sala Clementina, no Vaticano, os membros do Conselho Nacional da União Italiana de Cegos e Deficientes Visuais, um grupo de 300 pessoas.
Francisco agradeceu aos presentes o fato de terem vindo partilhar suas preocupações e projetos desta fase de seu caminho e de o terem feito por ocasião da memoria litúrgica de Santa Luzia - padroeira das pessoas com deficiência ou doença da vista -, que a Igreja celebra esta terça-feira, 13 de dezembro. O Papa lembrou que também nesta data celebra o aniversário de sua ordenação sacerdotal.
Luzia, uma mártir de Siracusa, nos lembra por seu exemplo que a mais alta dignidade da pessoa humana consiste em testemunhar a verdade, seguindo a própria consciência a qualquer custo, sem duplicidade ou compactuar. Isto significa estar ao lado da luz, servindo a luz, como o próprio nome “Luzia” evoca. Ser pessoas claras, transparentes, sinceras; comunicar-se com os outros de forma aberta, clara, respeitosa. É assim que se contribui para espalhar a luz nos ambientes em que se vive, para torná-los mais humanos, mais vivíveis.
Uma força construtiva na sociedade
Partindo daí, o Santo Padre quis ressaltar em que modo vê a Associação, em que modo vê os membros do Conselho Nacional da União Italiana de Cegos e Deficientes Visuais:
Eu vos vejo como uma força construtiva na sociedade, particularmente na sociedade italiana, que está passando por um momento difícil. Esta perspectiva pode parecer estranha, porque geralmente associamos com a deficiência a ideia de necessidade, de assistência e, às vezes - graças a Deus cada vez menos - de um certo pietismo. Não, o Papa não vos olha assim; a Igreja não vos olha assim. O ponto de vista dos cristãos sobre a deficiência não é mais e não deve mais ser o pietismo e o assistencialismo, mas a consciência de que a fragilidade, assumida com responsabilidade e solidariedade, é um recurso para todo o corpo social e para a comunidade eclesial.
Francisco continuou evidenciando que as pessoas cegas e deficientes visuais, bem formadas em princípios éticos e consciência cívica, estão na linha de frente para construir comunidades inclusivas, onde todos podem participar sem se envergonhar de suas limitações e fragilidades, cooperando com outros para se complementarem e apoiarem uns aos outros. “E todos nós precisamos uns dos outros, não apenas as pessoas com fragilidades físicas: todos nós precisamos da ajuda de outros para seguir em frente na vida, porque somos todos fracos no coração, todos nós”, acrescentou.
Cem anos de Associação
O Pontífice lembrou que se trata de uma Associação que acaba de superar cem anos; é uma realidade que já pertence à história nacional: protegendo os direitos das pessoas com deficiência visual, tendes cooperado no crescimento civil do país. “Encorajo-vos a seguir em frente com um estilo cada vez mais construtivo e proativo, como uma força que transmite confiança e esperança”, foi a exortação do Papa, que concluiu:
A sociedade italiana precisa de esperança, e isto vem sobretudo do testemunho de pessoas que, em sua condição de fragilidade, não se fecham, não choram por si mesmas, mas trabalham em conjunto com outros para melhorar as coisas.
Por fim, o Santo Padre abençoou os presentes e demais membros da Associação, desejando a todos eles e seus familiares um bom Natal!
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