Do Maranhão ao Vaticano: Papa recebe cartas de jovens infratores
Bianca Fraccalvieri - Vatican News
Infratores de São Luís do Maranhão e o Papa Francisco: um sacerdote brasileiro foi a ponte que uniu Brasil e Vaticano hoje na Audiência Geral.
Finalizando a sua missão na paróquia São Maximiliano Kolbe, o Padre Hernanni Pereira entregou quinze cartas escritas à mão por internos do Centro Socioeducativo de Internação Provisória Canaã, na capital maranhense.
Sensibilizado com a situação dos adolescentes, Pe. Hernanni propôs a eles que escrevessem ao Papa Francisco como forma de incentivá-los a buscar o perdão e o propósito de uma vida com mais dignidade, longe da criminalidade. Nas cartas, os jovens puderam falar de suas dificuldades e expressar seus sonhos.
Na oportunidade, o padre entregou também cartas de duas mães, uma que perdeu seu filho envolvido com o tráfico de drogas e a outra que encontrava-se com seu filho preso. Uma das mães pede perdão ao Papa por não ter sabido criar seu filho e se pergunta: "Onde é que errei?".
Depois da Audiência, Pe. Hernanni e seu irmão, o também sacerdote Pe. Claudemar Silva, visitam o Vatican News.
"Toda vez que eu vou a um presídio, eu tenho dois sentimentos. O primeiro é como se Jesus falasse assim: 'Se você tivesse evangelizado antes, eles não estariam aqui". E depois Jesus me consola: 'Ainda bem que você veio, ainda bem que você me trouxe aqui'."
O sacerdote reza, leva o Santíssimo, a imagem de Nossa Senhora e conversa com os detentos. Na maioria das vezes, emerge a figura materna como ponto de referência: "Lembro das mães, porque os presos, quando você fala da mãe, eles choram muito. E eles têm uma motivação para melhorar: não decepcionar a mãe. E mãe sempre espera". Uma das cartas entregues ao Papa revela justamente a vontade de um jovem de se redimir "porque não aguenta ver a mãe chorando".
Na entrevista, o Padre Hernanni Pereira conta que também viveu a experiência de ser vítima da violência das pessoas que hoje ele ajuda, ao ter um sobrinho assassinado. Por isso reflete que não é preciso estar condenado para padecer de outro tipo de prisão, a prisão dos nossos egoísmos e ressentimentos.
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