As pessoas já carregando seus pertences na capital Cartum neste domingo (16) As pessoas já carregando seus pertences na capital Cartum neste domingo (16)

A proximidade do Papa à população do Sudão e o apelo a depor as armas

Ao final do Regina Caeli deste domingo (16), Francisco expressa preocupação com a situação vivida no Sudão, onde o número de mortos nos combates entre as forças armadas do país e o grupo paramilitar das Forças de Apoio Rápido subiu para mais de 50. O apelo do Pontífice é para rezar para que o diálogo prevaleça e para que juntos seja retomado o caminho da paz e da concórdia. Enquanto isso, a Liga Árabe vai realizar uma reunião de emergência no Cairo.
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Antonella Palermo - Vatican News

Enquanto se intensificam os confrontos na capital do Sudão, em Cartum, entre as forças armadas e as Forças de Apoio Rápido (RSF), o Papa Francisco lança um apelo para que as pessoas deponham as armas.

“Convido a rezar para que as armas sejam depostas e prevaleça o diálogo para retomar juntos o caminho da paz e da concórdia.”

Pelo segundo dia consecutivo, os tiros e o barulho da artilharia pesada continuam na capital, apesar dos apelos internacionais.

Espaço aéreo fechado

As Forças Armadas relataram que uma das torres do quartel general foi incendiada após os combates, em uma ação que não deixou vítimas, e negaram as reivindicações das FAR, que afirmavam ter assumido a estrutura. Fontes do aeroporto egípcio relataram o fechamento do espaço aéreo sudanês.

O comandante das Forças de Apoio Rápido, tenente-general Muhammad Hamdan Daglo, disse ao canal de TV Al-Hadath: "até agora não temos contato com 'Al-Burhan'; e Al-Burhan está sitiado. Ele só tem que se render". Al-Burhan é o presidente do Conselho Soberano de Transição, de fato, chefe de Estado do Sudão após o golpe de 25 de outubro de 2021 que derrubou o governo de Abdalla Hamdok.

Médicos sudaneses: mais de 50 mortos em confrontos

Por toda a capital Cartum, homens de uniforme e armas em punho, giram pelas ruas vazias de civis, enquanto colunas de fumaça sobem do centro da cidade, onde estão localizadas as principais instituições de poder. Tiros de artilharia também aconteceram em Kassala, na região costeira oriental do país. As Forças de Apoio Rápido declararam em canais sociais que foram atacadas por "aeronaves estrangeiras" em Porto Sudão. O exército sudanês afirma ter tomado o controle da maior base do Karari Rsfba. Enquanto os Rfs relatam que abateram um avião Sukhoi do exército. O Comitê Médico Sudanês declarou que o número de mortos devido aos pesados combates entre as forças armadas do país e o grupo paramilitar subiu para 56. Além disso, 595 pessoas ficaram feridas em todo o Sudão.

A Liga Árabe convoca uma reunião de emergência no Cairo

A Liga Árabe deve fazer uma reunião de emergência no Cairo, a pedido do Egito e da Arábia Saudita - dois atores influentes no Sudão. O conflito já estava em curso há semanas, impedindo qualquer solução política em um país que desde 2019 está tentando organizar as primeiras eleições livres após 30 anos de ditadura islâmico-militar.

Nesta fase, é impossível saber quem está no controle da situação. A China está seguindo de perto os acontecimentos no Sudão e convida que "os dois lados cessem os confrontos o mais rápido possível e evitem a escalada das tensões. Esperamos", escreve em comunicado o Ministério das Relações Exteriores da China, "que as partes no Sudão aumentem o diálogo e realizem conjuntamente o processo de transição política".

Padre Albanese: efeitos colaterais da guerra na Ucrânia

"O que está acontecendo no Sudão é também um efeito colateral da guerra russa na Ucrânia", foi o que afirmou ao QN, o padre comboniano Giulio Albanese, um especialista em assuntos africanos. Há muitos anos o país - explica ele - "anseia pela democracia. Mas isto nunca aconteceu. A situação é complexa. A posição do Ocidente com relação ao Sudão é clara: ele quer que a transição para a democracia seja bem sucedida. Mas há múltiplos interesses".

E o sacerdote continuou: "os mercenários Wagner se estabeleceram no país há algum tempo, enquanto antes, as relações militares se limitavam ao fornecimento de armas". Com relação ao papel de outras potências mundiais, "desde os anos 90 o Sudão tem sido praticamente colonizado pela China, que se interessa principalmente pelo petróleo. As coisas só mudaram um pouco após a independência do Sudão do Sul em 2011, pois o conflito havia danificado algumas instalações e depósitos naquela área".
 

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16 abril 2023, 12:18