São Luís Gonzaga, Francisco confia a ele os jovens do mundo
Alessandro De Carolis – Vatican News
A criança-soldado do mundo civilizado de hoje é um dos ícones da indignidade humana. Mãos pequenas seguram nervosamente um facão ou um fuzil, treinadas para matar em vez de brincar. No entanto, 450 anos atrás, existiu um menino que aos 5 anos andava alegremente vestindo uma mini-armadura e se divertia com arcabuzes e bombas, excitado pela sensação de poder que emanava de um uniforme e armas, imerso na atmosfera carregada de tensões do palácio onde estava crescendo, o de seu pai, o marquês Ferrante Gonzaga.
A alma e a espada
Nos anos seguintes aquele garotinho revela um cérebro brilhante e um caráter forte e impetuoso, qualidades que seu pai espera do herdeiro perfeito, um “clone” capaz de administrar os negócios do marquesado com a dureza e a habilidade política impostas pela função. No entanto, sua mãe, a condessa piemontesa Marta di Sàntena, mulher de grande fé, de maneira silenciosa e oposta, incide delicadamente naquela mente aberta, ensinando ao filho as coisas da alma, enquanto o marido tenta inculcar nele os códigos da nobreza militar.
Das cortes à batina
Aos 10 anos, Luís não tem mais nada de criança-soldado. Enquanto estava em Florença na corte dos Médici, decide se consagrar a Maria "como ela se consagrou a Deus". Com o tempo, ele mostra um interesse crescente pela oração em vez da prática da guerra, pela pobreza dos costumes em vez dos luxos de seu mundo. Aos 18 anos - depois que seu pai o mandou pelas cortes italianas com a esperança de que alguma princesa o distraísse daquelas "esquisitices" - Luís decidiu renunciar formalmente ao seu direito de primogenitura. O pai fica furioso, os parentes começam a caçoar dele, o tabelião que lavra a escritura fica incrédulo. O único que gostou da situação foi o segundo filho Rodolfo, a quem a escolha do irmão abriu-lhe o futuro comando da família. A todos o jovem Gonzaga responde com franqueza: “Procuro a salvação, a procurem vocês também! Não se pode servir a dois senhores... É muito difícil para um senhor de Estado salvar-se”. Ele partiu para Roma com a ideia de ingressar nos jesuítas.
"Deus, meu descanso"
No noviciado da Companhia de Jesus, os formadores logo percebem que Luís é um diamante. Reza e faz penitência com tal intensidade que, paradoxalmente, para moderar o seu ardor, lhe foi imposta a penitência de "não" fazer penitência. Para vencer as enxaquecas que o fazem sofrer, pedem-lhe por amor a Deus para não "pensar em Deus" - de modo que ele confidencia a um formador que não sabe bem o que fazer: "O padre reitor me proíbe de rezar, para que com atenção não faça violência à cabeça", mas isto, diz com simplicidade, "quase se tornou natural para mim, e ali encontro paz e descanso e não dor”.
No meio da peste "como os outros"
Naquela época, em Roma, após uma carestia, estoura uma violenta epidemia de peste. A cidade se torna um inferno, milhares de pessoas morrem em condições terríveis. Os jesuítas estão na linha da frente para levar ajuda aos infectados e Luís não é exceção: bate – ele, um nobre – às portas para pedir esmola tendo na cabeça e no coração o lema “Como os outros”. Um dia ele vê uma vítima da peste abandonada e a carrega no ombro para levá-la ao hospital. Luís já está doente e talvez aquele último gesto de coragem e generosidade piora a situação sem que haja mais esperança. Em pouco tempo, o antigo menino-soldado, o jovem rico que não deu as costas a Jesus, mas o seguiu, morre aos 23 anos, em 21 de junho de 1591. Bento XIII o canonizou em 1729.
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