Bispos do México encontram o Papa Francisco no Vaticano
Renato Martinez - Vatican News
"O Papa nos recebeu com alegria, com ânimo, com prazer, com esperança e colocou em evidênica a total dedicação do pastor pelo rebanho e o afeto pelos bispos", disse dom Ramón Castro Castro, bispo de Cuernavaca e secretário geral da Conferência Episcopal Mexicana (CEM). Na manhã desta sexta-feira (23), o Papa Francisco recebeu no Palácio Apostólico do Vaticano o terceiro grupo de bispos mexicanos em visita ad Limina Apostolorum: desta vez foram os prelados da região centro-sul e sudeste, além da presença do arcebispo de Tijuana, que não pôde vir no primeiro grupo. O bispo de Cuernavaca disse que o encontro com o Pontífice foi muito edificante:
"Observamos o esforço que o Papa fez para nos receber, todos sabemos que ele passou por uma cirurgia considerável. No entanto, ele não quis suspender nossa reunião e nos recebeu com alegria, encorajamento, prazer e esperança, e colocou em evidência a total dedicação do pastor ao seu rebanho e seu afeto pelos bispos. Como normalmente faz, dividiu as perguntas, ou seja, nos recebeu e nos disse para nomear um coordenador, que lhe diria quais bispos queriam falar e assim fizemos e tratamos de questões muito importantes sobre as quais ele nos deu seu ensinamento, sua opinião e também nos pediu, como pastores, que as levássemos em consideração."
O México vive situação delicada de violência
Poucos dias depois de comemorar o primeiro aniversário do assassinato de dois padres jesuítas no México, dom Ramón Castro disse que a questão da violência esteve presente no diálogo com o Papa. Os bispos mexicanos apresentaram a Francisco as iniciativas que estão realizando para responder à situação muito delicada de violência vivida no país:
"Foi falado com ele sobre o Projeto Pastoral Global (PGP), que tem a paz como eixo transversal número um, e como desde o assassinato dos dois sacerdotes jesuítas, em comunhão com os religiosos, a província jesuíta e a Conferência Episcopal estão trabalhando nos diálogos pela paz, nas conversas pela paz, nos fóruns pela paz e lhe dissemos que em setembro teremos o Congresso Nacional pela Paz. É uma das ações e processos mais fortes que já tivemos."
Um convite ao nosso povo para orar pela paz
Da mesma forma, o secretário geral da Conferência Episcopal do México lembrou que, no último domingo (18), em todas as paróquias, foram realizadas missas especiais, oportunidade em que foram apresentados os familiares de todos os desaparecidos e assassinados.
"Exatamente no dia 20, um ano após o assassinato de dois padres jesuítas, às 3 horas da tarde, a hora da paixão, os sinos tocaram na maioria das paróquias do país. Posso dizer da diocese de Cuernavaca, onde sou bispo, que foi algo impressionante, muito bonito, ouvir os sinos e rezar. Foi um convite ao nosso povo para orar pela paz."
A situação dramática dos migrantes
Outro dos temas discutidos com o Papa Francisco, disse o bispo de Cuernavaca, foi o da migração. Nesse grupo estava dom Jaime Calderón Calderón, bispo de Tapachula, que é o que mais de perto vive a dramática situação dos migrantes:
"O prelado destacou que cerca de 3 mil migrantes chegam a Tapachula todos os dias, isso é algo realmente preocupante, sobretudo, porque não os tratamos como deveríamos tratá-los. Ele nos disse que não há abrigos suficientes para recebê-los e que vivemos diariamente esse profundo problema. Já o Papa nos contou como ele mesmo, seu pai, foi migrante na Argentina e como eles também tiveram que lutar. Ele nos convidou, como pastores, a ter consideração precisamente pela atenção que todos nós devemos dar aos nossos irmãos e irmãs migrantes."
PGP, um projeto inspirador para o trabalho pastoral
Por fim, dom Ramón Castro fez referência ao PGP, especificando que esse documento é um projeto, ou seja, não é um plano propriamente dito, mas algo que se projeta no futuro para nos preparar para o aniversário de 500 anos da aparição da Virgem de Guadalupe e aos 2000 anos da redenção.
"Este PGP é uma base para inspirar os planos pastorais diocesanos e tem eixos transversais. Esses eixos devem, de alguma forma, ser incluídos em todo o nosso trabalho pastoral. O primeiro deles, dadas as circunstâncias de tamanha violência em que vivemos, é a paz. Alcançar, construir e ser verdadeiros artesãos e arquitetos da paz. Depois, os jovens, a migração, também fazem parte desses eixos transversais e estão inspirando a criação ou o enriquecimento de planos pastorais diocesanos, o que está sendo muito frutífero e, sem dúvida, fortalecerá o reino de Deus e a Igreja em peregrinação no México."
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