Missa em Marselha: "Ser cristãos que encontram Deus com a oração, e os irmãos com o amor”
Bianca Fraccalvieri – Vatican News
O último evento da visita do Papa a Marselha foi a Celebração Eucarística no Estádio da cidade, Vélodrome. Segundo autoridades locais, os presentes eram cerca de 50 mil, entre eles o presidente francês Emmanuel Macron.
A liturgia escolhida foi a Missa votiva da Bem-aventurada Virgem Maria da Guarda. Com efeito, a homilia do Papa foi inspirada na cena narrada pelo evangelista Lucas, da visita de Maria à prima Isabel.
“Nestas duas mulheres, Maria e Isabel, desvenda-se a visita de Deus à humanidade: uma é jovem e a outra idosa, uma é virgem e a outra estéril; e, contudo, ambas estão grávidas de modo «impossível». Esta é a obra de Deus na nossa vida: torna possível mesmo aquilo que parece impossível”, afirmou o Pontífice.
Salto de alegria da fé
Francisco então convidou os fiéis a se questionarem se acreditamos que Deus está agindo na nossa vida. Um modo para discernir se temos ou não esta confiança no Senhor é o “salto de alegria da fé”, o mesmo que deu o menino “quando Isabel ouviu a saudação de Maria”.
“Quem crê, quem reza, quem acolhe o Senhor salta de alegria no Espírito”, acrescentou o Papa. Saltar de alegria significa ser “tocado por dentro”, sentir que algo se move no nosso coração.
Salto de alegria perante o próximo
Ao contrário, quem é gerado para a fé, reconhece a presença do Senhor e dá um salto de alegria não só perante a vida, mas também perante o próximo.
De fato, no mistério da Visitação, a visita de Deus não se realiza através de eventos celestes extraordinários, mas na simplicidade de um encontro, no abraço terno entre duas mulheres, no cruzamento de duas gravidezes cheias de maravilha e esperança.
“Recordemo-lo sempre, mesmo na Igreja: Deus é relação e visita-nos muitas vezes através dos encontros humanos, quando sabemos abrir-nos ao outro, quando há um salto de alegria pela vida de quem passa diariamente por nós e quando o nosso coração não fica impassível e insensível perante as feridas de quem é mais frágil.”
Neste sentido, prosseguiu o Papa, as cidades metropolitanas e muitos países europeus como a França são um grande desafio contra as exasperações do individualismo, contra os egoísmos e os fechamentos que produzem solidões e sofrimentos.
“Aprendamos de Jesus a sentir frémitos por quem vive ao nosso lado, aprendamos Dele, que experimenta saltos de misericórdia diante da carne ferida daqueles que encontra”, exortou.
Precisamos de um novo salto de fé
O Papa ainda mencionou os muitos “saltos de alegria” que a França proporcionou ao mundo, com sua rica história de santidade, de cultura, de artistas e de pensadores.
É disto de que precisamos hoje, de um novo salto de fé, de caridade e de esperança, de redescobrir o gosto do compromisso pela fraternidade: “Queremos ser cristãos que encontram Deus com a oração, e os irmãos com o amor”.
“Peço a Notre Dame de la Garde que vele pela vossa vida, guarde a França e a Europa inteira e nos faça saltar de alegria no Espírito”, concluiu Francisco.
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