O Papa: migrantes, difundir uma mentalidade de proximidade e acolhimento
Manoel Tavares/Raimundo de Lima - Vatican News
O Santo Padre recebeu, na manhã deste sábado, 14, no Vaticano, os participantes da Congregação dos Missionários de São Carlos, que acabam de tomar parte da Conferência sobre a “Espiritualidade Scalabriniana”, que teve como tema: “Virei para reunir os homens de todas as nações” (Isaías 66,18).
Referindo-se a este tema, Francisco disse que “se trata de um assunto de grande importância para o carisma dos Scalabrinianos”, também conhecidos como Carlistas. De fato, acrescentou o Papa, São João Batista Scalabrini, fundador desta Congregação de “missionários para os migrantes”, ensinou-os a cuidar deles e a considerá-los irmãos e irmãs em caminho rumo à unidade, segundo as palavras da oração sacerdotal de Jesus “Que todos sejam um”. Aqui, Francisco fez uma reflexão sobre a atualidade do tema da migração:
“Migrar não é fazer uma agradável peregrinação em comunhão, mas, muitas vezes, é um drama. Assim como todos têm o direito de migrar, têm ainda um maior direito de poder permanecer em sua própria terra, onde viver de forma pacífica e digna. Contudo, a tragédia das migrações, causadas pelas guerras, fome, pobreza e problemas ambientais, está diante dos olhos de todos. E aqui entra em jogo a espiritualidade de vocês: como dispor seus corações diante da situação desses irmãos e irmãs? Qual o caminho espiritual que deverão seguir?”
E o Papa respondeu, recordando os ensinamentos do fundador São João Scalabrini, que nos ajudam a olhar os missionários dos migrantes como cooperadores do Espírito Santo rumo à unidade. A sua visão sobre o fenômeno migratório é iluminada e original, vista como um apelo para “criar comunhão na caridade”.
Neste sentido, o Santo Padre recordou uma passagem da vida de João Scalabrini, que, “ainda jovem pároco, viu, na Estação Central de Milão, uma massa de migrantes italianos que partiam para o continente americano. Aqueles emigrantes, com grande sofrimento, eram obrigados a abandonar sua pátria, em 1888”.
Estas imagens, explicou o Papa, infelizmente, são comuns também em nossos dias. Impressionado com aquela grande miséria, João Scalabrini entendeu que era um sinal de Deus para si, ou seja, era uma chamada para ajudar, de modo material e espiritual, aquelas pessoas desorientadas, para que não perdessem a fé. Para o Santo, aquela era a Jerusalém celeste, a Igreja Católica, uma cidade aberta para quem busca um lar e um porto seguro. Diante desta realidade, o Papa fez dois apelos:
“Eis aqui um primeiro apelo para nós: cultivar corações ricos de catolicidade, desejosos de universalidade e unidade, de encontro e comunhão. Trata-se de um convite a difundir uma mentalidade de proximidade, zelo e acolhimento, para que possa aumentar no mundo ‘a civilização do amor’ (São Paulo VI, 1975). Tudo isso não pode ser alcançado com forças meramente humanas, mas mediante a colaboração com a ação e a orientação do Espírito”.
Depois deste primeiro apelo, Francisco fez um segundo, partindo dos ensinamentos do santo fundador dos Scalabrinianos, que insistia na “necessidade de um missionário manter uma relação íntima de amor com Jesus, cultivando-a, sobretudo, através da Eucaristia”, celebrada e adorada.
Sabemos, explicou o Papa, quanto São João Scalabrini amava a Adoração eucarística, durante o dia e à noite, apesar do cansaço de seu extenuante trabalho diário. E ele não se enganava, pelo contrário, convidava todos a não se enganar: “Sem oração não há missão! Vocês são Anjos do Senhor, aqui na terra, ao lado dos últimos”. Assim, o Santo Padre concluiu seu discurso aos Scalabrinianos:
“Eis aqui um convite para renovar seu compromisso com os migrantes, reforçando-o, cada vez mais, com uma vida espiritual intensa, segundo o exemplo do seu Fundador. Além disso, quero agradecer-lhes pelo imenso trabalho que vocês realizam pelo mundo! Continuem assim, com a bênção de Deus”.
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