O Papa a católicos e ortodoxos: combater a falta de paz, trabalhar pela comunhão
Mariangela Jaguraba – Vatican News
O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta sexta-feira (26/01), na Sala do Consistório, no Vaticano, os membros da Comissão Mista Internacional para o Diálogo Teológico entre a Igreja Católica e as Igrejas Ortodoxas Orientais.
«Que a graça e a paz sejam abundantes para vocês». Com estas palavras da Primeira Carta de São Pedro, o Santo Padre "agradeceu-lhes pela presença e pelo compromisso de caminhar juntos nos caminhos da unidade, que também são caminhos de paz".
"Apoiados pelos santos e mártires que nos acompanham unidos do céu, rezamos e trabalhamos incansavelmente pela comunhão e para combater a falta de paz em muitas partes da Terra, incluindo várias regiões de onde vocês vêm", disse Francisco.
A presença dos jovens alimenta a esperança
A seguir, o Papa recordou as visitas, ao Vaticano, no ano passado, de Sua Santidade Tawadros, Sua Santidade Baselios Marthoma Mathews III e Sua Santidade Aphrem. Visitas que horaram o Pontífice.
Para Francisco, "essas visitas são preciosas, pois permitem que o 'diálogo da caridade' ande de mãos dadas com o 'diálogo da verdade' que esta Comissão conduz. Desde os primeiros tempos da Igreja, essas visitas, bem como a troca de cartas, delegações e presentes, têm sido sinais e meios de comunhão; essa Comissão observou isso no documento intitulado «O exercício da comunhão na vida da Igreja primitiva e suas repercussões em nossa busca de comunhão hoje»".
"Teologia em ação"
Segundo o Papa, "esses gestos, arraigados no reconhecimento do único Batismo, não são meros atos de cortesia ou diplomacia, mas têm um significado eclesial e podem ser considerados verdadeiros lugares teológicos. Como afirmou São João Paulo II na Encíclica Ut unum sint: «O reconhecimento da fraternidade [...] vai muito além de um simples ato de cortesia ecumênica e constitui uma afirmação básica de eclesiologia»".
A seguir, o Papa recordou que a Comissão Mista Internacional para o Diálogo Teológico entre a Igreja Católica e as Igrejas Ortodoxas Orientais realizou sua primeira reunião no Cairo em janeiro de 2004. Desde então, tem se reunido quase todos os anos e adotou três importantes documentos de natureza eclesiológica, que refletem a riqueza das tradições cristãs copta, siríaca, armênia, malankara, etíope, eritreia e latina.
Esse "diálogo, que reúne tantas riquezas, foi enriquecido pelo pensamento da unidade na diversidade, como atesta o primeiro documento que vocês redigiram: ele diz que, «arraigada na diversidade dos contextos culturais, sociais e humanos, a Igreja assume diferentes expressões teológicas da mesma fé e diferentes formas de disciplinas eclesiásticas, ritos litúrgicos e patrimônios espirituais em todas as partes do mundo. Essa riqueza mostra de maneira ainda mais esplêndida a catolicidade da única Igreja»".
Outra característica do diálogo da Comissão Mista "é a constante preocupação pastoral, ilustrada pelo último documento sobre «Os Sacramentos na Vida da Igreja». "Nesse sentido, a recente iniciativa de organizar visitas anuais e recíprocas de estudo para jovens sacerdotes e monges merece ser continuada", disse ainda Francisco, recordando que "quatro delegações de jovens sacerdotes e monges ortodoxos orientais já vieram a Roma para conhecer melhor a Igreja Católica, a convite do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos, e uma delegação de jovens sacerdotes católicos foi a Etchmiadzin, no ano passado, a convite da Igreja Apostólica Armênia". "Envolver os jovens na aproximação de nossas Igrejas é um sinal do Espírito, que rejuvenesce a Igreja na harmonia, inspirando caminhos de comunhão, doando sabedoria às novas gerações e profecia aos idosos. Que esse "diálogo da vida" continue sob o sinal do Espírito! E não nos esqueçamos de que a harmonia é criada pelo Espírito Santo", sublinhou.
Que este aniversário seja, portanto, uma oportunidade para louvar a Deus pelo caminho percorrido, recordando com gratidão aqueles que contribuíram para ele com a competência teológica e a oração, e que renove também a convicção de que a plena comunhão entre as nossas Igrejas não é apenas possível, mas urgente e necessária "para que o mundo creia".
Entrega a Maria, Mãe de Deus e nossa
"Como a fase atual de seu diálogo diz respeito à Virgem Maria no ensinamento e na vida da Igreja, proponho que confie seu trabalho a ela, a Santa Mãe de Deus e nossa Mãe", concluiu o Papa.
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