Dom Gallagher: Francisco quer visitar o Vietnã
Salvatore Cernuzio – Vatican News
Foi um "encontro positivo" realizado, na manhã desta quinta-feira (18/01), entre o Papa Francisco e uma delegação de representantes do Partido Comunista do Vietnã. Um sinal de fortalecimento das relações com a Santa Sé e também de uma possível futura visita do Pontífice ao país. A audiência realizou-se na Residência Apostólica Vaticana. Depois, o grupo se dirigiu para a Secretaria de Estado para conversar com o secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, e com o secretário para as Relações com os Estados, dom Paul Richard Gallagher.
Passos adiante
Dom Gallagher relatou detalhes do encontro numa coletiva, na Sala de Imprensa da Santa Sé, sobre as iniciativas para o aniversário de 200 anos da morte do cardeal Ettore Consalvi. Em primeiro lugar, o arcebispo avaliou positivamente o encontro desta quinta-feira, expressando a esperança de que a comunidade católica possa se beneficiar dela, que é mais um passo adiante nas relações bilaterais, que se acrescenta a outros resultados importantes alcançados do ponto de vista diplomático. Em primeiro lugar, o acordo em dezembro para a nomeação de um representante pontifício residente no Vietnã, o núncio apostólico em Cingapura, o polonês dom Marek Zalewski. Esse acordo foi assinado em julho, por ocasião da visita do presidente Vo Van Thuong, ao Vaticano, com base na 10ª sessão do Grupo de Trabalho Conjunto Vietnã-Santa Sé, realizada em 31 de março passado, em Roma.
Esperanças de uma viagem papal
Dom Gallagher também anunciou que visitará o Vietnã "em abril" e que o secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, irá ao país este ano. "Faremos as coisas gradualmente", explicou o prelado, dizendo que também está otimista - em resposta a uma pergunta - sobre a possibilidade de uma futura visita do Papa Francisco: "Sim, acho que haverá. Mas há alguns passos a serem dados antes que isso seja apropriado. Acredito que o Papa tenha o desejo de ir. Certamente, a comunidade católica deseja muito que o Papa vá e acha que seria uma mensagem muito bonita para toda a região", explicou Gallagher. O Vietnã, acrescentou ele, é de fato um "país importante", "uma espécie de milagre econômico em muitos aspectos".
As palavras do Papa no avião vindo da Mongólia
O próprio Papa Francisco falou sobre a possibilidade de uma viagem ao país do sudeste asiático, em seu retorno da viagem de setembro passado à Mongólia. "Se eu não for, com certeza João XXIV irá", disse o Pontífice num tom de brincadeira. "É certo que ele irá, porque é uma terra que merece ir adiante, que tem a minha simpatia." Todo o Vietnã, acrescentou o Papa na mesma ocasião, "é uma das mais bonitas experiências de diálogo que a Igreja fez nos últimos tempos. Eu diria que é como uma simpatia no diálogo. As duas partes tiveram a boa vontade de se entenderem e buscar caminhos para seguir em frente. Houve problemas, mas no Vietnã vejo que, mais cedo ou mais tarde, os problemas são superados".
Francisco também relembrou sua audiência com o presidente ("Conversamos livremente") e disse que estava "muito otimista" sobre a continuação das relações: "Um bom trabalho vem sendo realizado há anos. Lembro-me de que, há quatro anos, um grupo de parlamentares vietnamitas veio nos visitar: tivemos um bom diálogo com eles, muito respeitoso. Quando uma cultura é aberta, há a possibilidade de diálogo; se há fechamento ou suspeita, o diálogo é muito difícil. Com o Vietnã, o diálogo é aberto, com seus prós e contras, mas é aberto e avançamos lentamente. Houve alguns problemas, mas foram resolvidos".
A carta do Pontífice à Igreja vietnamita
As relações entre Vietnã e Santa Sé tinham sido interrompidas, em 1975, mas tiveram desenvolvimentos encorajadores a partir de 1990. Em 2011, Bento XVI nomeou um representante pontifício não residente. No entanto, conforme referido, o estatuto do representante pontifício residente data de 2023. O Papa Francisco tinha enviado uma carta à Igreja da nação asiática em setembro passado, na qual convidava os fiéis católicos a viverem como "bons cristãos e bons cidadãos", dando testemunho do amor de Deus "sem distinção de religião, raça ou cultura". É preciso sempre seguir em frente "reconhecendo as convergências e respeitando as diferenças", escreveu o Papa. Isso também implica uma responsabilidade para os católicos vietnamitas que, observou Francisco, realizam "sua identidade como bons cristãos e bons cidadãos", animando sua Igreja e difundindo o Evangelho na vida cotidiana. Um testemunho que, graças ao desenvolvimento de "condições favoráveis para o exercício da liberdade religiosa", pode ajudar os fiéis católicos a "promover o diálogo e gerar esperança para o país".
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